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OS 5% QUE PODEM RESPONDER

Me avisaram que quando eu fizesse o roteiro de palestras e eventos que gostaria de acompanhar aqui no South By eu não deveria me apegar a ele. Porque ele muda. Ao seu gosto ou a contragosto.

Às 16h, desci com pressa as escadas do Austin City Limits em direção a saída. A sessão em que eu estava não tinha me convencido e uma outra interessante rolava ao mesmo tempo no Convention Center. Corri, quase que literalmente, as quatro ou cinco quadras que separam um lugar do outro.

Maxine Williams (foto que abre o post), Diretora Global de Diversidade (eis um cargo legal) do Facebook contava as ações da empresa para garantir pluralidade de origens e perfis no quadro de funcionários. Além de promover uma óbvia inclusão, o Facebook ainda se beneficia de uma inteligência coletiva advinda dessa mistura de backgrounds e formações para construir produtos e serviços ainda mais globais.

Enquanto a ouvia contar as histórias, reparava em nós mesmos ali sentados no Ballroom EFG. Éramos talvez 300 pessoas ali e a diversidade que nos cativava no palco não se via na plateia. Nem se vê no evento, é claro.

Acredito que não haja números oficiais de participantes do evento como um todo, mas podemos tirar uma amostra pelo SXSW Social. Lá na plataforma, badge holders criam perfis com suas nacionalidades. Dos 28.819 perfis lá existentes, 2.173 não são americamos, canadenses ou europeus. Se tirarmos ainda dessa lista australianos e neo-zelandeses, sobram 1.630 perfis lá para toda a América do Sul, Central, África e Ásia. Isso é, 5,6% do público total. E isso porque eu ainda estou contando os 910 brasileiros ou japoneses.

O Interactive Keynote com o Presidente Obama (mais aqui no post do Piangers) também me fez pensar. Evan Smith, editor-chefe do Texas Tribune, perguntou:

“Não deveria o governo, antes de estimular mais tecnologia, melhorar o acesso de internet para grupos hispânicos e negros?”

Entre as 9AM e as 18PM de ontem, a equipe de B.I. da Ideal H+K coletou mais de 20 mil tweets sobre a sessão com o Presidente. 79% dos que tuitaram eram americanos, 3% ingleses, 2% canadenses e outros 2% indianos. É possível entender o engajamento maior de americanos nesse caso, óbvio, mas estamos mesmo globalizando a mensagem de inclusão?

A questão aqui pode não estar em uma palestra ou uma empresa, mas me instigou no contexto geral: como fazer conhecimento ser compartilhado de uma maneira mais integralista e, portanto, inclusivo?

Talvez a resposta esteja em uma das palestras que eu ainda vou ver aqui em Austin. Ou talvez esteja com alguém que está bem longe daqui.

O projeto especial do UoD, no SXSW, tem o apoio cultural do Santander, Twitter Brasil, Levi’s Brasil, Rede Atlântida (RBS), GoPro Brasil e Trip Editora. 

Autor: Vitor Vieira