Em 2012, a Associação Brasileira das Agências de Comunicação (Abracom) reuniu seus associados para traçar o planejamento estratégico da entidade que iria nortear o quadriênio que,então, se iniciava. Nosso mercado, já consolidado com faturamento na casa dos bilhões, mais de 15 mil profissionais empregados e alinhamento com as
melhores práticas internacionais de comunicação, ainda enfrentava alguns desafios. Entre os problemas identificados estavam a falta de uma regulação setorial, a fragilidade ética da atividade e, tanto no campo empresarial como no profissional, a ausência de uma identidade própria. Perguntávamos, então: quais os fundamentos éticos de nossa atuação na sociedade? Quem somos?
Para responder a essas questões,desenhamos a figura de uma casa, que foi a base do planejamento para esse período de trabalho, cujo ciclo agora se conclui, deixando
algumas respostas e lançando novas questões para os próximos anos.
Desenhamos as estratégias de trabalho da entidade a partir da necessidade de uma estrutura sólida para sustentar nossa casa. Assim, o alicerce escolhido só poderia
ser a ética. Lançamo-nos, então, à tarefa de fazer uma profunda revisão do Código de Ética das Agências de Comunicação, lançado em 2003 pela Abracom. Primeiro passo: montar um Conselho de Ética que reunisse diversos olhares relacionados com o nosso setor.Tendo à frente a empresária Cristina Panella, presidente do Conselho
de Ética da Abracom, e com as participações fundamentais dos conselheiros Eugênio Bucci, professor e pesquisador da Comunicação; Paulo Nassar, professor, pesquisador e presidente da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje); Mariangela Haswani, pesquisadora na Universidade de São Paulo (USP) dos temas da Comunicação Pública; Vera Brandimarte, diretora de Redação do jornal Valor Econômico, e Marcio Cardial, publisher da revista Negócios da Comunicação, o grupo realizou uma profunda reflexão, que ainda contou com a valiosa colaboração da filósofa Terezinha de Azeredo Rios.
A opção adotada pelo Conselho foi a de não fazer uma revisão do antigo Código, repleto de artigos datados, desatualizado em relação ao que o mercado é hoje e baseado em regulamentos morais. O que o nosso Conselho de Ética fez, ao longo demais de dois anos de trabalho, foi a sedimentação de um novo alicerce.
Em solo firme, construíram uma base de princípios e valores que devem nortear a atividade empresarial de Comunicação Corporativa. Não um Código, mas uma Carta de Princípios, lançada ao mercado em março de 2016. Em seus fundamentos estão a solidariedade e a busca permanente do diálogo como obrigações dos profissionais e empresas de Comunicação Corporativa. O zelo pela justiça e pela honestidade e o respeito à diversidade marcam uma série de valores que reafirmam o caráter multidisciplinar da nossa atividade. Para conhecer nosso alicerce, acesse o site www.abracom.org.br e baixe o documento em QuemSomos/código_etica.
Se temos as fundações de nossa casa solidificadas, é preciso erguer pilares. Estes são a nossa linha de trabalho para dar ao setor uma regulação jurídica e aprofundar a
profissionalização das empresas de Comunicação Corporativa.Trabalhando em várias frentes, a Abracom tem proporcionado ao mercado atividades de reflexão, apontando tendências da Comunicação Corporativa no Brasil e no mundo. Cursos, palestras, workshops, seminários, realizados em São Paulo e por nossas diretorias
estaduais, mobilizam empresas e profissionais para difundir os temas da comunicação em todo o Brasil. Estamos mobilizados para criar uma estrutura jurídica que dê referências legais à nossa atividade nos campos fiscal e trabalhista. Um setor que fatura mais de R$ 2 bilhões ao ano precisa existir de fato e de direito.
E continuamos nosso esforço para o aperfeiçoamento dos processos de concorrência, tanto para o setor público quanto para a iniciativa privada.
“O zelo pela justiça e pela honestidade e o respeito à diversidade marcam uma série de valores que reafirmam o caráter multidisciplinar da nossa atividade”
“Fazemos Comunicação Corporativa, reunindo profissionais de diversas origens, montando equipes cada vez mais multidisciplinares, aprofundando os valores de nossa Carta de Princípios. Somos inclusivos”
No site da Abracom o mercado encontra dois importantes documentos de referência para as relações comerciais do setor com governos e organizações. O Guia de Serviços e Boas Práticas em Contratação de Serviços de Comunicação Corporativa, elaborado em parceria com a Associação Brasileira de Anunciantes (ABA), traz um tutorial sobre como montar uma cesta de produtos e realizar concorrências nas empresas e organizações da iniciativa privada.Acompanhado por consultores da área de compras, o documento está em conformidade com uma das principais preocupações existentes hoje em nossa sociedade: atende às necessidades de compliance
em processos de contratações de produtos e serviços.
E os gestores do setor público encontram em nosso site dois importantes documentos de referência: o Modelo de Edital de Contratação de Comunicação Corporativa e a Lista de Produtos e Serviços de Comunicação. Elaborados em permanente diálogo com o governo e em linha com as orientações do Tribunal de Contas da União (TCU), os documentos permitem aos gestores de comunicação, bem como aos profissionais das áreas jurídica e financeira d governos, a montagem de uma cesta de produtos e a definição de um edital que atende aos preceitos da Lei 8.666/93.
Já temos alicerces sólidos. Pilares que sustentam paredes. Precisamos, então, de proteção. Nosso teto também ficou pronto. A identidade setorial, um dos grandes dilemas que vivemos desde a fundação da Abracom.
Afinal, quem somos? Somos diversos e complexos. Temos muitas formações acadêmicas e uma enorme dificuldade em nos definirmos. Não conseguimos ter
uma identidade única e isso sempre nos fragilizou como setor. Depois de longos debates com profissionais das mais variadas formações, conseguimos hoje dizer: “Somos
Comunicação Corporativa”.
Essa é a expressão que vamos carregar como símbolo daquilo em que acreditamos. Fazemos Comunicação Corporativa, reunindo profissionais de diversas origens,
montando equipes cada vez mais multidisciplinares, aprofundando os valores de nossa Carta de Princípios.Somos inclusivos.
Para divulgar ao mercado a identidade setorial, a campanha Somos Comunicação Corporativa ganhou corpo e voz. Resultado do trabalho de profissionais que
entenderam a necessidade de criar senso de pertencimento e orgulho, ela está nas redes sociais, em eventos das agências, em artigos e debates na mídia. No site http://abracom.org.br/somoscomunicacao/ é possível encontrar os materiais da campanha e as formas de engajamento. Paraque nossa identidade seja (re)conhecida por todos.
Esta edição do Anuário da Comunicação Corporativa chega às suas mãos trazendo também um convite da Abracom: faça parte desse movimento de celebração do
orgulho de pertencer a uma atividade que gera empregos, movimenta a economia e proporciona a governos, empresas e organizações a geração do diálogo permanente
com cidadãos, consumidores, funcionários, investidores, comunidades, internautas. Ou seja: onde há uma necessidade de relacionamento entre uma organização e um público, haverá profissionais de Comunicação Corporativa qualificados para atuar na transformação das relações em nossa sociedade.