Ação do Itaú tem tamanho significado que o Banco Santander publicou, em sua página no Linkedin, uma declaração de reconhecimento assinada pelo seu presidente.
O Itaú Unibanco anunciou a doação de R$ 1 bilhão para o combate à pandemia do coronavirus. A decisão foi tomada pelo Conselho de Administração do banco, há aproximadamente dez dias, mas foi anunciada oficialmente somente nesta segunda feira (13/4) numa coletiva da qual participou por Candido Bracher, CEO do banco.
A doação irá para a Fundação Itaú Social, que constituiu um conselho de profissionais de saúde, liderado pelo diretor geral do Hospital Sírio Libanês, Paulo Chapchap e que reúne diretores de hospitais públicos e privados. O “Todos pela Saúde” é o nome deste grupo médico multidisciplinar que tem ainda as participações do médico Dráuzio Varella, pelo CEO do Einstein, Sidney Klajner, e pelo presidente do Instituto de Biologia Molecular do Paraná, Pedro Barbosa, cujo instituto é ligado à Fiocruz.
A ação anunciada pelo Itaú Unibanco não tem precedentes na história recente do País e se constitui na maior ação filantrópica corporativa neste período da pandemia do coronavirus. O valor supera o R$ 1,2 bilhão já arrecadado até agora entre dezenas de empresas brasileiras, segundo a Associação Brasileira de Captadores de Recursos, e é adicional aos R$ 250 milhões que o banco já havia doado no início da crise, elevando o total aportado pelo banco para R$ 1,25 bilhão. Outro detalhe revelado durante o anúncio da doação é que os recursos que estão saindo do balanço do banco serão investidos através de um endowment e não gozam de qualquer benefício fiscal. Segundo Candido Bracher, CEO do banco, o Itaú não deixará de recolher nenhum real em impostos em virtude da doação.
Por enquanto, o “Todos pela Saúde” determinou quatro pilares para a destinação dos recursos: 1º) da Informação à População, com grandes campanhas de marketing para estimular, por exemplo, o uso de máscaras e a higiene das mãos; 2º) o da Proteção dos Profissionais de Saúde e da População, com a disponibilização de equipamentos de proteção e o investimento na testagem em massa de toda a população; 3º) o do Tratamento dos Infectados. O “Todos pela Saúde” vai formar gabinetes de crise para apoiar os estados e município mais afetados, bem como investir no aumento da capacidade dos hospitais e na compra e distribuição de insumos estratégicos. Por fim, serão destinados recursos para a retomada da atividade no futuro, com o desenvolvimento de estratégias que garantam uma reabertura segura da economia.
Algo que ficou bastante evidente na apresentação desta segunda feira foi a sintonia dos integrantes do “Todos pela Saúde” e também do Itaú, pela solidariedade silenciosa de Candido Bracher, às orientações defendidas pelo Ministério da Saúde, pelo distanciamento social. Para Pedro Barbosa, é essencial a testagem em massa da população para que o retorno à normalidade seja possível. O reforço da estrutura de atendimento à população também foi outro ponto destacado pelo grupo que se disse disposto a reforçar a estrutura do SUS – Sistema Único de Saúde. “A estrutura analítica precisa ser reforçada e podemos chegar até o limite de patrocinar a construção de novos laboratórios se a estrutura atual não for suficiente para suprir a demanda”, declarou Barbosa. A disposição do grupo traduzida na manifestação de Pedro Barbosa, foi reforçada nas declarações do médico Paulo Chapchap. “Vamos tentar fazer a diferença com medidas urgentes para ajudar o sistema público, como equipar hospitais, buscar fabricantes nacionais para produção de materiais e equipamentos essenciais, ajudar com a expertise na testagem em massa”, disse Chapchap. Ele disse, ainda que vivemos tempos extraordinários que exigem medidas extraordinárias, e completou: “O comportamento que cada um de nós tivermos no enfrentamento da pandemia vai nos definir como empresas, como líderes e como sociedade”, disse.
A concorrência reconhece
O anúncio feito pelo Itaú foi de tal importância que mereceu, inclusive, o reconhecimento público da concorrência. Em sua página no Linkedin, o Banco Santander emitiu o seguinte comunicado, assinado por Sérgio Rial, presidente do Santander Brasil: “O anúncio feito hoje pelo Itaú, de criação de um fundo dedicado ao combate à covid19, é uma notícia a ser celebrada por toda a sociedade. A cada dia fica mais claro que a pandemia em curso é um desafio que só será superada a partir de muita solidariedade e que a atuação das grandes empresas, incluindo os bancos é parte importante na construção de medidas que nos ajudem no curto prazo. É essa visão de comunidade, e de participação de voluntários, que tem pautado também a atuação do Santander nos locais onde estamos presentes, seja no Brasil ou nos maiores países da Europa, da América Latina e nos Estados Unidos. Este é um desafio de solidariedade, de comunhão, de valorização, de fazer, de doar. Trabalhar juntos para evitar o desemprego em escala é igualmente importante. Temos uma grande recessão à frente e os aportes vistos até agora deverão persistir, respeitando-se a capacidade de cada empresa de avançar”. Curiosamente, apesar de publicada na página do Santander, o informe foi emoldurado na cor laranja, aliás, a cor que compõe a identidade visual do Itaú.