Fabio Salles
Da esq. para dir.: Cassio Pantaleoni, Lawrence Chung Koo, Patricia Punder e Marcos Silva participaram do Fórum do Pensamento da 27ª edição do Congresso Mega Brasil de Comunicação, Inovação e Estratégias Corporativas
A 27ª edição do Congresso Mega Brasil de Comunicação, Inovação e Estratégias Corporativas da Mega Brasil Comunicação começou! Entre hoje (29) e amanhã (30), a Unibes Cultural, em São Paulo, será palco do maior Congresso de Comunicação Corporativa do País, com uma programação composta por oito mesas redondas e dois eventos satélites, trazendo, novamente, conteúdos com temas de impacto na sociedade e fortemente presentes nas pautas diárias das empresas.
E abrindo os trabalhos da edição 2024, nessa manhã tivemos o Fórum do Pensamento, que trouxe uma discussão sobre um tema que vem sendo muito debatido nesses últimos tempos: a Inteligência Artificial. O Fórum desse ano trouxe à luz do debate os limites da IA, seu uso na Comunicação e os impactos provocados na sociedade.
“Nós estamos vivendo em um misto de sentimentos, pois da mesma forma que o surgimento da IA despertou uma curiosidade e uma euforia em nós, ela também despertou o medo do desconhecido. Diante disso, a grande questão que fica é: se temos que regular a IA, como vamos fazer isso de maneira correta?”
Foi com esse questionamento que o professor Lawrence Chung Koo, Mestre e Doutor em Comunicação e Semiótica, mediador do Fórum do Pensamento, deu início às reflexões e discussões desse painel.
A palavra logo foi passada para Cassio Pantaleoni, Head de AI Solutions and Strategy da Quality Digital, que defendeu o fato de que a Inteligência Artificial veio para ficar. Desenvolvida gradativamente ao longo dos anos, por meio de diversas pesquisas tecnológicas, ela ganhou contornos, evoluções e desdobramentos que, sem dúvida, à tornaram uma ferramenta poderosa, que pode ser utilizada para melhorar e aprimorar a comunicação das empresas com os seus diferentes públicos.
“A Inteligência Artificial é inevitável. Não tem como evitar o seu uso e por uma razão simples: tecnologia é o que nos faz seres humanos. Nós somos seres humanos tecnológicos, portanto, a IA é apenas mais um braço dessa tecnologia gigantesca”, afirmou Cassio.
Pantaleoni ainda afirmou que, embora a sociedade esteja aflita em relação ao avanço da IA, não há a necessidade de ficarmos aflitos, pois ela não vai dominar o mundo. “Primeiro porque a inteligência humana só existe por causa da consciência humana. O humano é o centro de tudo. Toda tecnologia, no fundo, é automação, repetição e aprofundamento. E a IA não é diferente”, garantiu.
“Vamos deixar a tecnologia ter o espaço dela no mundo, mas nós, como seres humanos, vamos ocupar também o nosso espaço. É nossa a missão de sabermos interpretar e dar sentido à IA”, disse Cassio ao finalizar sua participação no Fórum do Pensamento.
Com a palavra, a advogada Patricia Punder, especialista no Brasil e na América Latina na implementação de Programas de Governança e Compliance, trouxe para o Fórum do Pensamento um ponto de vista mais antropológico em relação às implicações do uso da IA.
Para Patricia, também é inevitável o avanço da IA e ela defende esse avanço, contudo, ela também quer que algumas discussões éticas sejam levantadas à respeito dela. É importante ter em mente que essa tecnologia deve ser utilizada de forma responsável e ética, por isso, seu uso deve se atentar não apenas aos benefícios e desafios, mas às implicações dessa tecnologia.
“A IA é uma ferramenta. E eu espero que ela continue sendo uma ferramenta e que, principalmente, seja utilizada para o bem”, reflete Patricia.
Para a advogada, o maior problema dentro disso tudo está na carga capitalista envolvida no meio. Segundo ela, a IA não é necessariamente o problema, porém, quando o capitalismo entra na jogada e faz com que tudo seja traduzido em lucro à qualquer custo, é hora de repensar se vale a pena espelhá-la em nós, seres humanos, que somos tão cheios de bem e mal dentro de nós.
“Será que nós, seres humanos, somos a melhor matéria-prima para uma IA aprender e se utilizar como base de dados? Se nós sabemos da nossa capacidade de fazer o bem e o mal, será que nós queremos ver isso refletido na IA”, indagou ela antes de finalizar a sua participação no evento.
E fechando as participações dessa edição do Fórum do Pensamento, Marcos Silva, Pós-Doutor em Psicologia Social e Doutor em Ensino de Filosofia, trouxe um balanço de todas as reflexões apresentadas. Para ele, existe um entusiasmo acerca da Inteligência Artificial, assim como um equilíbrio em relação ao seu uso, sem nos esquecermos da análise socialista e comportamental sobre ela.
Complementando as falas dos colegas de palco, Silva atentou para o fato do uso indevido da IA e suas implicações diante da sociedade. A partir do momento em que o uso descontrolado da IA faz com que a sociedade perca a noção do que é, de fato, real, e acredite cada vez mais na falsidade ao invés da veracidade, é hora de refletir sobre os seus impactos na sociedade, não apenas hoje, mas daqui para frente.
“Se eu começo a me perder e a fazer com que outros percam a direção – por exemplo, colocar a culpa na IA por um lançamento de bomba na Ucrânia – e não me comovo mais com isso, eu tiro de mim o meu lado humano. Eu atribuo todas as minhas decisões éticas, morais e humanas à IA. Eu me desumanizo e humanizo as máquinas”, explicou Silva. “A IA coloca em xeque a nossa capacidade cognitiva e a nossa subjetividade”, complementou.
Em suma, é inegável que a Inteligência Artificial veio para ficar e seu avanço é cada vez mais forte diante da sociedade. O novo assusta, mas pode ser estudado e moldado para que se adeque às necessidades de todos. E, principalmente, é preciso torcer para que a Inteligência Artificial não torne o mundo cada vez menos provido de inteligência natural.
A 27ª edição do Congresso Mega Brasil de Comunicação, Inovação e Estratégias Corporativas tem como tema central “O novo patamar da Comunicação Corporativa no Brasil: Avanços, Desafios e Tendências”. O evento acontece entre os dias 29 e 30 de agosto, na Unibes Cultural, em São Paulo.
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