Fabio Salles
Da esq. para dir.: Luís Antonio Paulino, Roberto Monteiro Jr., Carol Silvestre, Pablo Toledo e Claudia Trevisan participaram da Arena da Inovação da 24ª edição do Congresso Mega Brasil de Comunicação, Inovação e Estratégias Corporativas
E o segundo dia da 27ª edição do Congresso Mega Brasil de Comunicação, Inovação e Estratégias Corporativas iniciou os seus trabalhos com a Arena da Inovação, que neste ano trouxe para o centro das discussões um tema bastante ousado e instigante: as empresas chinesas na América Latina.
Desde o início dos anos 2000, diversos conglomerados asiáticos vêm ampliando sua presença e expandindo os seus negócios no nosso continente – só em 2021, cerca de 1.820 CNPJs estavam associados à empresas chinesas. Até 2020, o Brasil havia recebido 47% dos investimentos chineses na América do Sul e, de lá para cá, esta porcentagem só aumentou. Em pouco mais de uma década, empresas chinesas investiram em todas as regiões do País, com projetos confirmados em 23 das 27 unidades federativas. Na liderança, o estado de São Paulo soma 31% do número de projetos confirmados entre 2007 e 2020, seguido por Minas Gerais (8%), Bahia (7,1%), Rio de Janeiro (6,7%), Goiás (5,4%) e Pará (4,6%).
Com tantos investimentos, é inegável que o potencial de negócios nas mais diferentes cadeias de produção é imenso. Contudo, como fica a situação quando se fala na Comunicação, essa importante ferramenta de diálogo com a sociedade? Como ela é inserida e como ela se aproveita deste contexto de expansão econômica, geopolítica e cultural?
Mediada por Carol Silvestre, executiva de Comunicação, Marketing de Conteúdo e Branding, a Arena da Inovação debateu com os palestrantes presentes os caminhos e desafios para se produzir uma comunicação assertiva entre culturas tão distintas, ainda mais neste ano, em que se comemora meio século das relações entre Brasil e China. E, mais ainda, no ano em que se comemora “O Ano do Dragão”.
E abrindo a rodada de apresentações, Claudia Trevisan, Diretora-Executiva do Conselho Empresarial Brasil-China, trouxe para o público um panorama geral das relações comerciais entre os dois países.
A China é um dos investidores mais importantes para o Brasil, principalmente nesses últimos anos. Contudo, o Brasil também se tornou um dos destinos de investimentos chineses mais importantes para o País, sendo o quarto na lista dos mais importantes.
Aqui no Brasil, o setor de Energia é o que concentra a maioria dos investimentos chineses, enquanto o setor de Manufatura tem destaque em número de projetos. É importante ressaltar que há investimentos chineses em todas as regiões do Brasil, com liderança no Sudeste (53%), mais especificamente em São Paulo (36%).
E não se pode falar sobre as relações entre Brasil e China sem mencionar o papel da língua e da cultura na facilitação dos negócios. Assunto que foi discutido por Luís Antonio Paulino, Diretor do Instituto Confúcio, na UNESP.
De acordo com Paulino, o sucesso de um negócio é muito mais em função de sensibilidade cultural do que de qualquer outra coisa. A dificuldade com a compreensão do idioma entre os países, às vezes acaba passando uma impressão equivocada de má vontade por parte de um país para com o outro. No início, era assim que as relações entre o Brasil e a China estavam, porém, nos últimos anos, ambos os países vêm conseguindo se entender.
E a base de todo esse entendimento é o relacionamento interpessoal, uma vez que ela é a base de todos os demais relacionamentos. O conhecimento mútuo da língua e, sobretudo, da cultura, tem um papel fundamental.
“O idioma e a cultura são pontos essenciais para que se crie uma relação mais profunda e respeitosa entre os países”, pontuou Paulino.
E para fechar a rodada de apresentações da Arena da Inovação, os executivos Pablo Toledo, Diretor de Comunicação e Marketing da BYD, e Roberto Monteiro Jr., Diretor de Comunicação e Relações Institucionais da Spic Brasil, trouxeram uma visão de como é trabalhar com executivos chineses em empresas de origem chinesa no Brasil.
Presente no Brasil desde 2015, a BYD é uma empresa fabricante de automóveis que nasceu na China e tem muito orgulho disso, porém, quer se firmar no Brasil e estabelecer raízes no País. Para tanto, a sua expansão está sendo alcançada por causa de parcerias com montadoras de veículos em território brasileiro que acreditam no trabalho da companhia. A primeira delas já está sendo construída em Camaçari, na Bahia, e pretende ser a maior fabricante fora da Ásia. Tendo como meta a diminuição da temperatura do planeta em 1º C, a BYD acredita que o futuro está nos carros movidos à bateria.
Já a Spic Brasil é uma empresa de origem chinesa que atua no Brasil no segmento de geração e comercialização de energia elétrica com fontes renováveis, sendo a empresa líder global em energia solar e a segunda maior em energia eólica.
De acordo com Toledo e Monteiro, são vários os pontos a serem analisados quando se fala da maneira como os chineses veem as coisas em comparação à como os brasileiros enxergam. Alguns deles estão relacionados à comunicação, cultura, governança e relações. Basicamente, são pontos de vista muito distintos, porém, complementares e que quando trabalhados em conjunto, conseguem alcançar um equilíbrio.
“Não existe certo ou errado. O que existe é o que é melhor para todos”, finalizou Carol Silvestre.
A 27ª edição do Congresso Mega Brasil de Comunicação, Inovação e Estratégias Corporativas tem como tema central “O novo patamar da Comunicação Corporativa no Brasil: Avanços, Desafios e Tendências”. O evento acontece entre os dias 29 e 30 de agosto, na Unibes Cultural, em São Paulo.
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