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"Memórias de um Tropeiro" por Jorge Antônio Salem

O segundo Café Cultural inédito da semana, conversou com Jorge Antônio Salem, que lança Memórias de um Tropeiro, obra na qual reconstrói as histórias contadas pelo falecido sogro, João Boiadeiro, sobre a época em que ele desbravava o Brasil liderando comitivas de animais a cavalo, nos anos 1950. Não perca nessa quinta-feira, a partir das 16h na Rádio Mega Brasil Online.

Jorge Antonio Salem (foto) é o convidado do segundo Café Cultural inédito da semana

Tudo sobre cinema, música e literatura você ouve aqui...hoje é dia de Café Cultural, na Rádio Mega Brasil Online!

O Café Cultural conversou com Jorge Antonio Salem, que lança Memórias de um Tropeiro, obra na qual reconstrói as histórias contadas pelo falecido sogro, João Boiadeiro, sobre a época em que ele desbravava o Brasil liderando comitivas de animais a cavalo, nos anos 1950

João Azevedo, mais conhecido como João Boiadeiro, costumava reunir familiares e amigos para contar as lembranças da época em que levava a vida como tropeiro, no início da década de 1950. Natural de Santo Anastácio, em São Paulo, o trabalhador viajou por diversas terras distantes enquanto liderava comitivas de animais a cavalo. Em 2020, aos 95 anos, ele morreu de velhice.

Junto com a esposa, o autor foi vizinho de João Azevedo em Nova Esperança, no Paraná. A cada visita que fazia à casa do sogro, ouvia atentamente os detalhes narrados sobre as experiências vividas no campo e nas estradas. Com um gravador, Jorge registrou ao longo dos anos muitas dessas conversas e, após o falecimento do líder familiar, decidiu transcrever e transformar as gravações neste livro — que é escrito em primeira pessoa, pelo ponto de vista do próprio Boiadeiro, para retratar a forma como ele contava as memórias quando ainda estava vivo.

O tropeirismo surgiu como uma alternativa para promover a interligação dos polos econômicos inexistentes no Brasil do passado, a partir do século XVII. Esses trabalhadores transportavam grandes quantidades de animais por entre rios e montanhas, abrindo rotas e fundando vilas. João Azevedo iniciou esse trabalho em 1952, formando grupos de peões que conduziam centenas de cabeças de gado pelo país afora: ele passou pelos estados de Mato Grosso, São Paulo e Santa Catarina, e por países como Argentina, Paraguai e Bolívia.

A obra oferece um retrato dessas viagens, como as distâncias percorridas, os locais desbravados, as pessoas que ele conheceu e as guerras que presenciou pelo caminho. Para trazer ainda mais fidelidade aos relatos do sogro, o autor visitou pessoalmente cidades próximas a Ponta Grossa (PR), onde trotavam as caravanas que saíam do Rio Grande do Sul em direção a Sorocaba (SP). Além disso, as páginas são recheadas de fotografias de arquivos pessoais que não apenas ilustram as aventuras de João Boiadeiro, mas também mostram registros históricos datados entre as décadas de 1950 e 1980.

Em uma jornada que destaca a importância dessa prática para a cultura e a economia do país, as memórias de João Azevedo pintam um retrato vívido de uma era que moldou tanto a identidade quanto a construção do interior brasileiro e da América Latina. Recomendada a todos os leitores que apreciam narrativas históricas e familiares, essa leitura estabelece uma ponte entre o ontem e o hoje para revelar a herança cultural (e muitas vezes anônima) deixada por esses condutores de tropas.

Não perca a conversa que vai ao ar nesta quinta-feira (19/09), às 16h.


O programa Café Cultural é apresentado por Sérgio Lapastina as terças e quintas, às 16h, com reapresentações diárias, também às 16h, na Rádio Mega Brasil Online.

O programa também é disponibilizado, simultaneamente com a exibição de estreia, no Spotify, e em imagens, na TV Mega Brasil.