A vitória de Donald Trump nas eleições norte-americanas representa, de fato, uma oportunidade para reflexões profundas sobre as práticas e ideologias que moldam o governo brasileiro. Nesse sentido, é fundamental observar como a vitória de Trump pode servir de alerta para a exaustão de um discurso e de práticas que, ao longo dos anos, vêm tentando impor uma tutela rígida sobre as individualidades, diluindo-as sob o manto de um coletivismo quase anulador. Essa crítica ao coletivismo reflete uma preocupação com a crescente interferência governamental que limita a autonomia individual e que, em vez de promover a diversidade real – aquela que envolve ideias, perspectivas e a riqueza da identidade pessoal –, parece preocupar-se apenas com a aparência superficial.
É essencial aqui distinguir coletivismo de coletividade. No coletivismo, a individualidade é sacrificada em prol de um conceito abstrato de unidade, o que acaba por sufocar a diversidade genuína e engessar as liberdades pessoais. Já a coletividade, ao contrário, é o resultado de uma coalizão sinérgica de individualidades; um espaço onde cada indivíduo pode expressar suas singularidades em harmonia com os outros, potencializando o bem-estar e o crescimento comum. Em outras palavras, a coletividade preserva e celebra a identidade do indivíduo, criando um ambiente propício ao florescimento de suas capacidades únicas.
A vitória de Trump, com sua ênfase na emancipação do indivíduo frente ao poder estatal, oferece um sinal claro: as pessoas querem assumir o protagonismo de suas vidas. Nesse cenário, a valorização do indivíduo é essencial, e medidas como a redução da tributação, o incentivo ao empreendedorismo e a defesa da liberdade econômica aparecem como pilares para essa emancipação. Esses princípios refletem o desejo de desburocratizar, de limitar a interferência estatal e de dar ao cidadão mais autonomia para conduzir seu próprio destino.
No Brasil, a revalorização da individualidade e o fortalecimento da responsabilidade fiscal, inspirados por este momento político, podem ajudar a fomentar uma sociedade mais justa e inclusiva. Em tempos de instabilidade financeira global, refletida nas flutuações do dólar e nas incertezas quanto aos juros, torna-se imprescindível que o Brasil adote medidas que contemplem a racionalização de gastos e a contenção da expansão desenfreada das despesas públicas. Sugestões como a desvinculação do salário-mínimo de alguns benefícios sociais, a otimização das políticas de proteção social e a reestruturação das responsabilidades entre União, estados e municípios ("mais Brasil e menos Brasília") são medidas que podem não apenas garantir maior eficiência governamental, mas também proporcionar uma melhor aplicação dos recursos públicos em prol do bem comum.
Por fim, a vitória de Trump serve como um alerta importante para os analistas políticos. Muitas vezes, as preferências pessoais e os vieses ideológicos turvam as análises e dificultam uma avaliação crítica e imparcial. A necessidade de análises sólidas, livres de preferências subjetivas, é imperativa para que o debate público possa florescer e para que o cidadão possa confiar nas avaliações oferecidas pelos especialistas.
Em suma, a lição que Trump traz, independentemente das polêmicas que o cercam, é a de que a verdadeira inclusão só é possível quando o indivíduo tem a liberdade de ser o guia de sua própria vida. O Brasil, ao refletir sobre essa vitória, tem a chance de aprimorar seu modelo de governança, fortalecendo a liberdade individual e a responsabilidade fiscal, rumo a uma sociedade mais plural, justa e autônoma.
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