Estudo mostra que a indefinição de tempo para transferência de agendas e eventos tem sido uma das principais dificuldades da Comunicação
A pesquisa "Desafios da COVID-19 para a Comunicação Organizacional", realizada pela equipe da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) traz um panorama das principais ações e desafios enfrentados pela área de Comunicação e pelas organizações em decorrência da crise provocada pela pandemia do coronavírus. A Comunicação Interna (83%), seguido pela Gestão de Crises e Riscos (71%) e Eventos (70%) são os processos que estão sendo mais impactados no momento. Mesmo assim, 98% das empresas têm desenvolvido ações para conscientização das questões envolvendo a COVID-19 junto ao seu público interno. As que não desenvolvem tem como motivo a falta de planejamento e de recursos tecnológicos.
Além do desafio de manter os colaboradores engajados e produtivos durante a crise (55%), proteger a saúde financeira da organização (45%) e flexibilizar e adaptar-se para adotar estratégias extremamente ágeis (45%) são os principais pontos destacados na pesquisa.
Entre as ações mais comuns tomadas pelas empresas estão: adoção do sistema de home office (95%), a intensificação do processo de comunicação digital - criação de canais, utilização de plataformas e redes sociais (90%) e o afastamento de profissionais por meio da concessão de férias individuais e coletivas, compensação de banco de horas, redução de jornada e suspensão da operação (95%).
Para que não pode atuar de forma remota, 40% das empresas fizeram adequação do ambiente de trabalho, com revezamento e redução de carga horária; 34% reforçaram medidas de limpeza, higiene e segurança no local de trabalho e 21% intensificaram o processo de comunicação por meio de campanhas e informações orientativas.
Quanto à Gestão de Crise, o estudo mostra que a indefinição de tempo para transferência de agendas e eventos tem sido uma das principais dificuldades da Comunicação. Além do excesso de demanda e de informações, as principais dificuldades tem sido a indefinição de tempo para transferência de agenda/eventos (36%), a falta de recursos tecnológicos apropriados (26%) a gestão dos profissionais da área em regime remoto (21%) e a interrupção da operação do negócio (21%).
Um ponto curioso revelado pela pesquisa é o fato de serem poucas as inovações tecnológicas incorporadas e que estão sendo utilizadas pela área de Comunicação, e o destaque entre elas são os aplicativos para dispositivos móveis (44%). Em 44% das organizações participantes, nenhuma inovação tecnológica foi incorporada.
Praticamente todas as áreas de Comunicação (98%) têm desenvolvido ações de conscientização junto ao seu público interno. As ações mais desenvolvidas são o envio de e-mail (94%) e a divulgação na intranet da empresa (72%). Também são desenvolvidas as transmissões de vídeos (57%), a afixação de cartazes (52%), a divulgação no site corporativo (49%) e a veiculação em revista/jornal interno (42%).
Responsabilidade Social
As organizações (57%) também têm desenvolvido ações de caráter social como doação de respiradores, EPIs (máscaras e óculos), itens de higiene e alimentos (19%); apoio aos diversos grupos, por meio da geração e disseminação de conteúdos e informações de utilidade (12%) e apoio e suporte às comunidades do entorno da organização (5%).
Contratação x Demissão
A maioria dos participantes acredita que a crise da COVID-19 irá piorar nos próximos três meses e já prepara ações para enfrentar a situação: afastamento de um maior número de funcionários (férias coletivas, banco de horas) com interrupção ou suspensão das operações (20%); as medidas ainda encontram-se em estudos, sem uma definição clara no momento (18%); reposicionamento e intensificação da comunicação com os diversos públicos de interesse (12%); manutenção das medidas já implementadas (11%); redução do quadro de funcionários e corte nos benefícios concedidos (9%) e ampliação do trabalho remoto em sistema de home office (8%).
A coleta de dados ocorreu no período compreendido entre os dias 23 e 31 de março de 2020, por meio de autopreenchimento em sistema online. A amostra é não-probabilística por conveniência. Participaram do estudo 86 organizações, entre associadas e não associadas à Aberje, localizadas nas diversas regiões do país, de todos os portes e representantes de quase todos os segmentos da economia.
Paulo Nassar, diretor-presidente da Aberje e professor titular da ECA-USP e Hamilton dos Santos, diretor-geral da Aberje e mestre e Doutorando da FFLCH-USP assinam o documento, coordenado por Carlos Ramello e Leonardo André Paes Müller.