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Flavia Sobral: “A comunicação realmente estratégica vem antes de qualquer ferramenta. E é somente colocando-a em primeiro lugar que conseguimos entender qual é a melhor ferramenta para atingir qual parte do público e em qual profundidade”
Redes sociais, branded content, LinkedIn executivo, assessoria de imprensa, marketing digital e, agora, inteligência artificial (IA) – qual é o impacto dessas ferramentas no trabalho de uma agência de comunicação? A cada nova ferramenta que surge esse questionamento é renovado. Ora, se de ferramentas se faz uma boa estratégia de comunicação, então talvez tenhamos que dar um passo atrás.
Há mais de 20 anos no mercado de comunicação, dez dos quais na aboutCOM – consultoria de comunicação que criei e fundei –, percebo que as novas ferramentas de comunicação, de certa forma, ameaçam o status quo do mercado em si. As perguntas vêm de diversos lados e, tal qual a TV viria para ocupar o lugar do rádio, muitas vezes partem do princípio de que uma prática terá de morrer para outra crescer. Assim é também quando nos questionamos qual é o impacto das redes sociais no mercado de comunicação, por exemplo.
Acredito que o segredo é parar de olhar para as ferramentas como a estratégia em si.
A comunicação estratégica parte de um pressuposto independente da ferramenta da qual ela se utiliza. Todas essas inovações citadas acima são apenas meios de disseminar uma mensagem com a mesma função: fazer com que as empresas cheguem aos seus públicos.
Ainda é muito comum encontrar empresas que têm suas estratégias de comunicação baseadas em ferramentas. Ou seja, uma estratégia de assessoria de imprensa, outra de marketing digital, outra de redes sociais, e assim por diante.
Entendo, porém, que falta uma estratégia realmente integrada de comunicação, única, a partir da qual se criam as mensagens de acordo com o que o público precisa e/ou quer ouvir e dialogar.
A proposta é simples: olhar para a comunicação e ponto. Para o que podemos dizer para responder às demandas dos consumidores daquela informação e, por último, como vamos chegar a eles – afinal, temos meios de sobra para isso.
Antes da ferramenta - A comunicação realmente estratégica vem, portanto, antes de qualquer ferramenta. E é somente colocando-a em primeiro lugar que conseguimos entender qual é a melhor ferramenta para atingir qual parte do público e em qual profundidade.
Estamos em um mundo extremamente mutável e uma ferramenta que funciona bem hoje pode não estar adequada para o seu público amanhã. A assessoria de imprensa mudou, assim como as redes sociais mudaram, assim como o marketing digital mudou e assim como mudam as formas de produzir conteúdo. Mas todas essas transformações não impactaram um fator em comum: as pessoas seguem consumindo informação. E é exatamente por esse motivo que não podemos restringir a comunicação a uma única ferramenta ou enviar mensagens diferentes em diversas delas.
Comunicação realmente estratégica - Como podemos, então, pensar na comunicação antes da ferramenta? Entendendo o público ao qual ela vai se dirigir. Compreenda, primeiro, com quem (o mais especificamente possível) a empresa quer falar, quais são as demandas desse público e quais são os diálogos nos quais ele se envolve.
Estude o grau de conhecimento que ele tem e somente depois, como essas pessoas se informam.
A partir daí é direcionar as mensagens de forma consistente pelos diferentes canais, identificando e selecionando quais são realmente importantes para esse diálogo ser vivo.
Futuro do trabalho de comunicação - Teimo em dizer e repetir que uma só ferramenta não faz verão e, por isso, o trabalho de comunicação, seja em agências ou internamente em empresas, não deveria se apoiar em ferramentas de comunicação. O futuro do bom relacionamento entre as marcas e seus públicos está, para mim, onde sempre esteve: na comunicação clara, concisa, consistente, coerente, independentemente do canal.