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Jô Ristow: Mais do que construídas, as narrativas deverão ser provocadas, aplicando arcos de complexidade variada junto ao arsenal de possibilidades que o digital nos dá. Já a mídia jornalística, os Key Opinion Leaders e os influenciadores digitais exigirão mais relacionamento daqueles que fazem a interlocução para as fontes
Vocês já se deram conta de que a pandemia estourou há distantes quatro anos? Todos nós tivemos que dar passos muito bem calculados em nossas vidas pessoais, profissionais e nas nossas empresas. A ordem do dia era olhar com calma onde estávamos pisando, ainda mais em um zeitgeist influenciado por polarização ideológica, guerras e inovações tecnológicas disruptivas que são tão revolucionárias quanto assustadoras. Ao mesmo tempo, nunca foi produzido e consumido tanto conteúdo, na mídia ou nas redes sociais.
Já 2023 foi o momento de “colocar o pé no chão” com firmeza e consciência da trajetória que vamos percorrer. Um ano de transição ao “pós-pandemia de fato”, seja na gestão de uma agência de comunicação e relações públicas, seja na operação da comunicação.
A consolidação da jornada híbrida (que fez a Focal3 investir em um escritório mais confortável) foi essencial. Isso sem deixar de lado a flexibilidade, um dos diferenciais humanos absorvidos pelas equipes, entendendo a necessidade de cada um, confiando no engajamento dos times e respeitando o espaço individual.
Na comunicação, o cenário de 23 exigiu mais da capacidade das equipes de manter as entregas com agilidade e qualidade. A competência de construir narrativas e boas histórias fez a diferença, confirmando que criar conteúdo relevante ainda é o melhor produto para as marcas. A lição que fica para contar essas histórias é não ter pudor nem de recorrer à “comunicação raiz”, sobretudo no relacionamento com imprensa, que gera earned media, nem de ousar em projetos que exploram a diversidade de modelos de owned media.
E o mercado respondeu de maneira positiva a essa falta de pudor. O ano foi recheado de boas histórias, treinamentos, jobs e apoios na exposição pública de executivos. Fechamos o quarto ano consecutivo com crescimento financeiro estável e aumento no volume de operações. As demandas foram para desenvolver a cultura de comunicação nas empresas, identidades corporativas, prevenir e gerenciar crises, até se comunicar com vários públicos. Resumindo: criar relevância para as marcas dentro de seus contextos reputacionais.
E o que esperar de 2024? A julgar pelo primeiro trimestre e pelos movimentos de 23, será um ano de consolidação da comunicação pós-pandemia, com aumento do investimento pelas marcas.
As empresas vão ter que encarar o desafio de criar cultura em formatos híbridos de trabalho, presencial e remoto. O respiro de budget trará de volta a demanda por programas de treinamento em comunicação, propósito corporativo, diversidade e temas socioambientais. E o C-Level será cobrado a se posicionar e ocupar espaço midiático como um verdadeiro brand asset das organizações.
Mais do que construídas, as narrativas deverão ser provocadas, aplicando arcos de complexidade variada junto ao arsenal de possibilidades que o digital nos dá. Já a mídia jornalística, os Key Opinion Leaders e os influenciadores digitais exigirão mais relacionamento daqueles que fazem a interlocução para as fontes.
Este será o primeiro ano do resto de nossas vidas. Para caminhar com segurança, caberá ao gestor de comunicação uma visão equilibrada, em que a comunicação “raiz” dialogue com a ousadia de projetos de comunicação proprietários, experimentando formatos e tecnologias. Afinal, a melhor estratégia será sempre aquela que atenda aos objetivos de marca e de negócio das empresas e que amplie a relevância das marcas.