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Brasileira ganha prêmio internacional de excelência pela paz

Por meio da ONG “Palavras curam o mundo”, Beatriz Buarque combate o discurso de ódio na internet com ajuda de jovens universitários de vários países

Beatriz Buarque, 34 anos, é nascida na Baixada Fluminense e se formou em jornalismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro

A ONG Words Heal the World (Palavras curam o mundo), fundada pela jornalista brasileira Beatriz Buarque, venceu o Prêmio da Paz de Luxemburgo 2020, na categoria organização com trabalho de excelência pela paz. Esse é o segundo prêmio que a ONG recebe em um ano e meio de existência. O outro foi concedido pela Universidade do Estado de Michigan (EUA) em junho de 2019.

Desde 2018, a ONG treina jovens do Brasil, Reino Unido, Argentina, Colômbia e México para usarem seus talentos no combate ao discurso de ódio online e diferentes tipos de extremismo, como o racismo e xenofobia. O Prêmio da Paz de Luxemburgo é oferecido pelo World Peace Forum e pela Schengen Peace Foundation.

Beatriz Buarque, 34 anos, é nascida na Baixada Fluminense e se formou em jornalismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

 

Confira abaixo o depoimento da jornalista sobre a premiação recebida pela ONG:

Words Heal the World: Primeiro, qual o sentimento de conquista por uma causa tão nobre?

Beatriz Buarque: Foi surreal! Nunca imaginei que em pouco tempo teríamos esse reconhecimento. Recebi uma mensagem da pessoa encarregada, e minha vontade era de sair gritando! Esse caminho não é fácil, tive que romper com muitas coisas, muitos padrões, e várias pessoas me julgaram. O sentimento foi de que eu estava na direção certa, mesmo com os julgamentos e desafios. O Words Heal the World nasceu por uma causa e está na direção certa.

Não é o primeiro Prêmio do Words Heal, o que essa experiencia com o Luxembourg Peace Prize 2020 traz de especial para o trabalho?

BB: O Words Heal como projeto tem dois anos (vai completar 3 anos no mês que vem), e como ONG tem apenas um. Nesse curto espaço de tempo, apesar de não termos patrocínio, tivemos dois prêmios muito relevantes. Isso no currículo dos alunos é muito importante. O trabalho voluntário é bastante reconhecido aqui fora e seria ótimo se essa tendência também se firmasse no Brasil. Além disso, acho que o que conta mais para os alunos é a experiência dentro do Words Heal the World porque somos uma família, estabelecemos laços com os alunos, somos uma rede que compartilha experiências e crescemos juntos. Isso não tem preço! Faço questão de dizer que o prêmio é de cada um porque cada um é igualmente importante. O prêmio é um reconhecimento. O que é mais importante no Words Heal the World é que podemos usar nosso talento, nossas palavras nas mídias sociais, é isso que faz a gente ser único, e que me estimula a seguir adiante.

Creio que existam duas coisas principais no trabalho do Words Heal: a ponte entre o conteúdo acadêmico e a sociedade e o combate a diferentes tipos de extremismo, pode falar a importância deles para todos os que acompanham o trabalho?

BB: O Words Heal é único poque coloca os jovens como principais desenvolvedores de estratégias de combate ao discurso de ódio e ao extremismo. Além disso, ele constrói uma ponte entre a sociedade civil e a academia. Essa ponte é extremamente importante porque torna o nosso trabalho sustentável. Ela preenche dois gaps que existem entre academia e sociedade. O que são esses gaps? As universidades precisam tratar de assuntos como racismo, intolerância religiosa, homofobia e misoginia só que elas não têm ferramentas especificas para tratar desses temas. As ONGs, por sua vez, têm programas específicos para tratar disso, mas têm recursos limitados. Muitas vezes, elas não têm como pagar uma equipe de mídia. O Words Heal the World vai e preenche esses dois gaps: temos uma equipe de alunos de jornalismo, estudantes com talentos em mídias sociais, produzindo conteúdo que combate o discurso de ódio. Ao mesmo tempo em que estimulamos o pensamento crítico deles, os empoderamos para que possam combater o discurso de ódio e também promover o trabalho de organizações que atuam no combate à radicalização.