O que acontece com o TikTok nos Estados Unidos é uma das coisas mais estranhas já vistas no mundo dos negócios, na área de tecnologia da informação: um dos aplicativos mais populares está causando uma batalha política simplesmente por ser de propriedade da ByteDance, uma grande empresa chinesa de tecnologia.
Membros do governo americano manifestam preocupações de que o governo chinês possa forçar a empresa a entregar-lhe informações acerca de cidadãos americanos, além de usar o aplicativo como ferramenta para divulgar propaganda pró-China. A ByteDance tem tentado afastar essas preocupações, mas sem sucesso.
Na busca de uma solução para a situação, uma estranha cena: o principal executivo da Microsoft discutindo com o presidente dos Estados Unidos uma eventual aquisição do aplicativo - imaginemos o ruído que uma situação análoga geraria aqui no Brasil!
Ainda não se sabe como a situação evoluirá: alguns membros do governo prefeririam ver o aplicativo simplesmente banido do país, outros acham que uma venda para a Microsoft ou outro grupo americano seria uma solução aceitável; o Facebook e o Google não seriam compradores aceitáveis, pois como já tem ferramentas que competem com o TikTok, se o comprassem, estariam dando mais um passo rumo ao monopólio, que é uma preocupação do Congresso americano, com o qual Trump não quer se indispor.
Ao que parece Trump deu um prazo de 45 dias para que a Microsoft decida se compra ou não o aplicativo antes de bani-lo, mas é preciso ver se os chineses estão dispostos a vendê-lo e em quais condições; em situações como essas, é comum que a lógica deixe de prevalecer. Com a aquisição, a Microsoft poderia crescer muito no mercado de publicidade na internet, hoje dominado por Facebook e Google.
De qualquer forma, já começam a surgir preocupações acerca do que pode acontecer com outras empresas chinesas que operam nos Estados Unidos, já que o Secretário de Estado, Mike Pompeo, disse em entrevista que o governo está investigando se essas outras empresas estão fazendo aquilo que o TikTok vem sendo acusado de fazer.
Vale lembrar que entre outras empresas de capital chinês estão a Lenovo, uma das maiores fornecedoras de laptops ao mercado americano, que também é proprietária da Motorola, grande fabricante de celulares, além da DJI, que fabrica os drones Mavic, muito populares nos Estados Unidos.
Evidentemente, além de aspectos ligados à política internacional, estão em jogo as próximas eleições presidenciais americanas e grandes interesses de natureza econômica.
Certamente teremos novos capítulos dessa novela nos próximos dias; será curioso ver como reagirão os chineses, que já estão enfrentando os americanos em outra grande batalha, aquela envolvendo a Huawei e a tecnologia 5G.
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