Apoiada em pesquisa qualitativa, a mostra cobriu os 2 turnos das eleições, usando técnicas de grupos de discussão e entrevistas de profundidade com eleitores de 16 a 55 anos, classificados entre conservadores e progressistas na questão ideologia política
O estudo inédito realizado por pesquisadores da Núcleo de Estudos em Artes, Mídia e Política da PUC-SP e da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, a FESPSP, revela uma mudança significativa na forma dos eleitores se relacionar com as fontes de informação, incluindo as redes sociais. Apoiada em pesquisa qualitativa, a mostra cobriu os 2 turnos das eleições, usando técnicas de grupos de discussão e entrevistas de profundidade com eleitores de 16 a 55 anos, classificados entre conservadores e progressistas na questão ideologia política.
A pesquisa revelou uma percepção por parte do eleitor sobre uma diminuição no volume de Fakes News recebidas durante processo eleitoral de São Paulo. A mostra também revelou que os eleitores estão mais atentos e mais preocupados aos efeitos da desinformação na sociedade. O principal motivo revelado na pesquisa foi uma "saturação" de fake News e conflitos causados pela polarização das últimas eleições. "É como se as pessoas estivessem olhando pelo retrovisor e a visão foi os efeitos das eleições de 2018 ", analisa a Dra. Em Ciência Política e coordenadora do grupo de pesquisa, Rosemary Segurado. A palavra "mentira" apareceu na grande maioria dos grupos em análise.
A pesquisa inicia a constituição de uma tipologia de quem compartilha notícias falsas. Se há grupos que ainda compartilham informações mentirosas de forma consciente, crescem os grupos de pessoas que incorporam a conduta de checagem de notícias. E a boa notícia é que os veículos tradicionais de mídia são as fontes de checagem mais confiáveis, aponta Rose Segurado "O jornalismo aparece reconfigurado na importância pela busca por uma informação mais confiável na hora da checagem, mas perdeu confiabilidade entre pessoas mais extremistas. As campanhas na imprensa e órgãos oficiais, a respeito de fake news, podem e surtiram efeito na população".
Para uma parte expressiva dos pesquisados, as Fake News causaram algum prejuízo à população quando desinformam sobre questões de saúde, por exemplo, que colocaram em prova questões científicas ou politizam debates como o da produção de vacinas.
Entre os conservadores mais extremos a mídia tradicional é mais refutável quando o assunto é, principalmente, política e saúde.
Na literatura sobre fake News, surgida nos últimos 4 anos, a confiabilidade é um ponto central no consumo e distribuição das falsas notícias. Com relação aos chamados influenciadores ou formadores de opinião horizontais, parentes ou amigos, também perderam confiabilidade em relação às eleições de 2018. A pesquisa aponta que o parente mais ativo nas redes, não é agora, aquele que merece mais crédito sobre informações e memes repassados nas redes nas eleições de 2020. Segundo o estudo, os entrevistados estão mais desconfiados a respeitos das mensagens enviadas e já conseguem identificar melhor quando é Fake News ou não, ainda que seja por intuição. Há também, entre os pesquisados, uma sensação de cansaço sobre conversas com tema político por conta de debates das últimas eleições.
A pesquisa da Neamp/FESPSP revelou que parte dos entrevistados, quando identificaram em seu circuito de relações, alguém compartilhando Fake News , afirmam ter chamado a atenção para a base factual da informação, embora ainda existiram no grupo, entrevistados que declararam que mesmo sabendo que se tratava de mentira compartilharam a Fake News para participar de alguma forma de seus grupos.