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Fechamento de operação: E o plano de Crise e Comunicação? O que aprender com a Ford

Usando como exemplo a Ford, confira neste artigo assinado por Patrícia Teixeira, Diretora da WePlanBefore, a importância de se ter um plano de Comunicação de Crise dentro de uma companhia

Brasil, 24 de abril de 1919, era um dia de festa e glória, a montadora Ford abria suas portas em terras nacionais. Foi a primeira fabricante de veículos por aqui. Foram muitos lançamentos e quilômetros rodados para virar uma marca consagrada e reconhecida pelo público. De repente, 11 de janeiro de 2021, a decisão chegou via e-mail aos seus 5.000 funcionários nas três plantas Camaçari (BA), Tatuí (SP) e Taubaté (SP).

Plano de Comunicação de Crise também cabe nos momentos que se decide fechar a lojinha, não querer mais brincar e tirar tudo da tomada. Sabe por quê?

Mais do que nunca estamos na era da humanização e o mínimo que podemos fazer é contar, explicar e preparar o outro para o que pode vir acontecer. Mas se vai fechar? Que diferença faz? Vários motivos:

 

1) Ali tem vidas;

2) Todo público é consumidor, e você pode precisar dele;

3) Marcas vendem confiança.

 

Me assusta uma matéria do Fantástico (TV Globo), no qual os funcionários viraram fonte da matéria, no dia 17 de janeiro de 2021.

Eu estava na fábrica na segunda-feira (11), mas a fábrica estava inteira de folga. Quando foi umas 15h30, no final do nosso expediente, a gente recebeu uma mensagem do sindicato convocando pra uma assembleia naquele mesmo dia, às 17h30 para algum comunicado importante porque, né, nunca aconteceu assim. E um pouco antes de encerrar o turno a gente recebeu um e-mail do presidente da Ford América Latina, América do Sul, comunicando o encerramento das atividades no Brasil”, explica o auditor de produto da Ford, Vagner Monte Mor.

Por outro lado, em uma conversa com um amigo de família, ele estava decepcionado porque comprou em dezembro de 2020 uma Ranger completa, cabine dupla, num investimento de R$ 200mil.

E agora? Terei peças? Manutenção? Revenda? ”, perguntas de um indignado.

 

Um plano simples de Comunicação de Crise

Fui investigar e li que a Ford já planejava o fechamento há dois anos, porque não vai mais trabalhar com carros populares. A decisão é estratégica e é por conta deles.

Mais uma vez pergunto: o Plano de Comunicação e Crise foi desenhado e implantado durante este período? Por dois anos, é possível desenhar o plano e comunicar de forma transparente e por etapa o que vai acontecer e como.

Além do público interno, temos, como stakeholders chaves, fornecedores, consumidores, governo (municipal, estadual e federal), comunidade (pessoas em torno das fábricas), lojistas, sindicatos, associações, imprensa, etc.

No Plano, algumas perguntas devem estar respondidas: qual o posicionamento, mensagens-chaves, o que falar, para quem, quando, como e por quais canais. Pode ser uma tabela simples de Excel sem muitas firulas, mas que de fato seja efetivo.

Em conjunto, ter uma equipe para monitorar riscos e planejar cenários à medida que novos fatos acontecerem.

Sempre falo que em crise muitas respostas não estarão respondidas, mas estar disposto a construir em conjunto, e de preferência por meio do diálogo pode fazer muita diferença.

O que vale sempre não é que está certo ou errado, mas quem está disposto a ser transparente. E não esqueça que seu público pode ser seu consumidor de amanhã, que vai lembrar das dores vividas.

Plano de Crise pode ser caro para um curto período de tempo, mas pode ser um investimento para o amanhã.

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