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Dia Internacional da Mulher: Liderança feminina influencia positivamente na Cultura Organizacional

A transformação da Cultura Organizacional é peça-chave para que as mulheres conquistem cada vez mais espaços em posições de liderança e no mercado de trabalho

Ana Paula Camargo é um exemplo de mulher que ocupou um dos mais altos postos em uma multinacional francesa. Trabalhando por anos em um ambiente masculino, ela afirma que as mulheres estão sendo mais valorizadas como líderes, porque as empresas estão mais abertas e com um olhar forte para isso. “Eu sempre trabalhei em ambientes masculinos. Eu era a única diretora em um board masculino. Acho que a gente tem que ser quem a gente é. Temos que aprender a sair de situações complicadas, entender os códigos. Eu nunca me senti desrespeitada no trabalho a ponto que fosse tóxico para mim. Juntas vamos transformar o mundo”.

Onde uma mulher passa, abre caminho para que muitas outras possam também trilhar suas histórias. Ganhando cada vez mais espaço no mundo corporativo, a liderança feminina está transformando a Cultura Organizacional de muitas empresas, fortalecendo ainda mais a presença delas em cargos de gestão e promovendo a igualdade de gênero.

Hoje, dia 08 de março, é comemorado o Dia Internacional da Mulher, e a data celebra a luta das mulheres por melhores condições de vida e trabalho. A entrada delas no mundo corporativo teve força com a Revolução Industrial, no século XIX. A mão de obra feminina era muito utilizada nas fábricas, pois as mulheres realizavam o mesmo serviço que os homens, porém, com uma remuneração bem menor. Com as I e II Guerras Mundiais, as mulheres tiveram que assumir os negócios das famílias, entrando de vez no mercado de trabalho e assumindo posições que antes eram consideradas masculinas, já que muitos de seus maridos, pais e filhos, ou estavam impossibilitados, doentes ou mutilados, e não poderiam ir adiante com seus negócios.

Ao longo das últimas décadas, e com muito esforço, mulheres têm alcançado cargos de liderança mais altos nas empresas e servido de inspiração para outras mulheres que almejam se desafiar e mudar o mundo. Mas sabemos que ainda há um longo caminho a ser percorrido, e que precisamos reconhecer o que está impedindo o desenvolvimento e crescimento de mulheres talentosas e, muitas vezes, de homens também: as Culturas Organizacionais dominantes ainda hoje. As relações de trabalho que vivemos foram moldadas e reforçadas por crenças, valores, estruturas e práticas destinadas a manter o status quo e a posição de quem está no poder. Sabemos que esse tipo de cultura alcançou muito sucesso no passado, mas agora está desatualizado e ameaça, a longo prazo, o sucesso dos negócios e da transformação social que nossos tempos requerem”, afirma Lívia Brandini, fundadora e CEO da Kultua – Peopletech, focada em Cultura Organizacional e People Analytics.

Ainda de acordo com Brandini, ter mais mulheres em cargos de liderança contribui para um melhor clima organizacional, políticas mais diversas e inclusivas e abre oportunidades para outras mulheres, promovendo mais equilíbrio no ambiente de trabalho. Lideranças femininas tendem a mitigar conflitos, discriminação, assédio sexual e moral, medo de demissão por gravidez, além de demonstrar, através de seus próprios exemplos, que as mulheres podem ocupar cargos de altos níveis com conhecimento técnico e com inteligência emocional, assim como os seus pares.

Um relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostrou que empresas com conselhos bem balanceados com equidade de gênero tendem a apresentar resultados 20% melhores. Além disso, estudos do International Finance Corporation (IFC) de 2018, apontaram que o aumento de liderança feminina no topo de organizações está diretamente vinculado a melhores padrões ambientais, sociais e de governança (ESG). No entanto, mesmo com fatos e dados em prol dos resultados positivos da equidade de gênero e lideranças femininas, nossos vieses inconscientes ainda são regidos por estereótipos controversos do que seria um ‘homem bem-sucedido’ x uma ‘mulher bem-sucedida’, conforme elucidou o experimento de ‘Heidi x Howard’, em 2003, na Escola de Negócios de Columbia”, complementa a fundadora da Kultua.

Mas ainda há muitos obstáculos a serem superados para que as mulheres ocupem cada vez mais cargos de gestão. Para iniciar o processo dentro das organizações, é necessário mudar a forma de recrutamento, conscientizar decisores de vagas a quebrarem seus tradicionais vieses de seleção de candidatos de seus círculos e semelhantes à sua imagem e estimular patrocinadores internos dentro da corporação que apoiem o desenvolvimento de mulheres como grandes líderes. “Para fortalecermos culturas organizacionais mais favoráveis a mulheres em cargos de liderança, o primeiro passo é ouvir colaboradores para compreender a cultura instalada e os padrões de comportamentos velados na organização. Em seguida, é preciso definir claramente que tipo de organização ‘diversa e inclusiva’ se deseja, traçando um plano de mudança assertivo que alcance a todos, e acompanhando o progresso das iniciativas e reforço das mensagens desejadas”, explica Brandini.

A pesquisa de clima organizacional é muito importante para entender como as mulheres estão se sentindo dentro das empresas e se existe alguma barreira para o crescimento delas. A Kultua oferece um diagnóstico de cultura personalizado e uma plataforma web SaaS (Software as a Service) para as empresas que enxergam a cultura organizacional como um meio de unir pessoas e propósitos, estimulando um ambiente corporativo engajador, inclusivo e com foco em resultados.

 

Mulheres no Poder

De acordo com a pesquisa Women in Business 2020, realizada recentemente pela Grant Thornton International, mostrou que o Brasil está acima da média global (29%) com mulheres em cargos de liderança, com 34% dos cargos de liderança sênior (diretoria executiva) nas empresas de middle-market. O país está na 8ª colocação no ranking composto por 32 países, sendo que a lista é liderada pelas Filipinas (43%), seguidas da África do Sul (40%) e Polônia (38%). O relatório, que é produzido há mais de 15 anos, mapeia a diversidade de gênero em cargos de lideranças em quase cinco mil empresas do middle-market globalmente.

Ana Paula Camargo é um exemplo de mulher que ocupou um dos mais altos postos em uma multinacional francesa. Trabalhando por anos em um ambiente masculino, ela afirma que as mulheres estão sendo mais valorizadas como líderes, porque as empresas estão mais abertas e com um olhar forte para isso. “Eu sempre trabalhei em ambientes masculinos. Eu era a única diretora em um board masculino. Acho que a gente tem que ser quem a gente é. Temos que aprender a sair de situações complicadas, entender os códigos. Eu nunca me senti desrespeitada no trabalho a ponto que fosse tóxico para mim. Juntas vamos transformar o mundo”, pontua Ana Paula, que atualmente é Human Power em JUPTER, mentora de startups e fundadora da Yunig Editora.  

Na visão da mentora, os pontos mais importantes para ter uma liderança feminina dentro das empresas são ter objetivos e metas voltados às mulheres, com mais oportunidades de carreira. Ter cotas em conselhos também é um fator que pode incentivar a ter mais mulheres em cargos de gestão, garantindo a presença feminina nas corporações. “Acho importante a mulher pensar que quando ela é minoria, consegue observar o mundo com uma perspectiva singular, e isto pode ser um diferencial enorme. Não acho que por causa da cota ou objetivo, estaremos promovendo pessoas que não são competentes, pelo contrário, a margem de erro é tão parecida quanto à promoção de homens”, exemplifica.