Neste momento em que estamos em uma espécie de limbo, composto por um processo de vacinação lenta, uma possível terceira onda, nova variante do vírus e as indefinições políticas e econômicas, muitas empresas procuram soluções para implementar o trabalho em sistema híbrido. Evidentemente, a maior parte dos brasileiros não tem como exercer suas funções em home office, por isso, vou me ater neste texto, ao segmento de atuação das agências de comunicação, que operaram neste regime ao longo dos últimos meses e comprovaram que é possível manter a operação rodando.
Neste contexto, li um artigo recente da Fast Company, que trouxe insumos de grandes consultorias sobre o renascimento do trabalho presencial em uma nova versão, apesar dos movimentos de devolução em massa de espaços corporativos. Hoje, após um bom tempo trabalhando com uma equipe grande totalmente remota, vivenciei algumas situações que gostaria de compartilhar aqui.
Experiências boas
Mais produtividade. Primeiro, home office é muito bom e pode ser muito produtivo, desde que seja uma opção. Encontrar as pessoas presencialmente para interagir, conversar e se relacionar é muito melhor.
Mais liberdade. O ganho de tempo para outras atividades, antes comprometidas com deslocamento e trânsito é enorme. Por isso, em um cenário híbrido, esse deverá ser um dos grandes aliados no aspecto qualidade de vida. Para as cidades, também será benéfico reduzir deslocamentos dos seus cidadãos, melhorando com isso o trânsito, a qualidade do ar e os índices de segurança.
Mais empatia. Empatia e solidariedade afloraram. Pessoas cuidando umas das outras. Marcas preocupadas e com iniciativas importantes para contribuir neste período difícil. Torço para que estes valores não se percam. A casa invadiu o trabalho e isso veio para ficar.
Experiências que não foram boas
Isolamento social. O que estamos vivendo hoje não pode ser chamado de home office, pois com a pandemia as circunstâncias trouxeram variáveis mais complicadas, como crianças estudando em casa, menos ajuda de outros familiares, redução de opções de lazer, etc.
Saúde mental. A chamada "Fadiga do Zoom" pegou todo mundo. É muito complicado você se ver na tela o dia todo e não fazer julgamentos do tipo: se a sua cara está boa ou se você demonstra estar mais impaciente do que ontem. Tudo isso, aliado a uma pressão de fazer a casa funcionar e o luto que atingiu tanta gente, sem dúvida, causou e ainda causará muitos danos.
Riscos de desconexão com a empresa. Pesquisa do Gallup apontou que funcionários remotos tendem a ficar menos propensos a se conectar com a missão da companhia. Olhar para uma tela com outros rostos é mais transacional, menos espontâneo e menos humano do que estar em um ambiente com as mesmas pessoas. Isso para a cultura corporativa pode ser fatal.
Chegadas e partidas. Ficaram mais distantes, mas não menos intensas. No ano passado, me despedi profissionalmente de uma colega de muitos anos de casa e não tive a oportunidade de abraçá-la e dizer pessoalmente o quanto eu a estimo.
E o futuro?
Eu acredito em uma cultura de trabalho digital first, onde o remoto e o presencial convivam em harmonia, sem criação de castas e desvios de julgamento de quem vem mais ou menos ao escritório. Para isso, é necessária uma transformação dos espaços para interação, convivência e construção de cultura, onde o trabalho de proximidade é crucial. Trabalhos de mesa podem ser feitos no conforto da sua casa. Trabalhos que exigem troca e aprendizado conjunto, sem dúvida, são mais ricos presencialmente.
Para fechar, trago aqui um insight de um estudo recente da BCG sobre trabalho remoto que afirma que “funcionários satisfeitos com a conectividade social são mais propensos a manter ou melhorar a produtividade em tarefas colaborativas.” É nisso que eu acredito, colaboração exige conexões humanas, fortes e sinceras.
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