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Daniel Bruin é presidente do Conselho Gestor da Associação Brasileira das Agências de Comunicação (Abracom) e sócio-diretor da agência XCOM
No ano em que vivemos a maior crise global a que nossa geração já assistiu, a comunicação tornou-se parte essencial da vida das organizações. Desde março de 2020 as agências e os profissionais de comunicação corporativa estiveram apostos para garantir a empresas, instituições e governos a capacidade de se manter em conexão com seus públicos estratégicos.
Adaptado prontamente ao mundo digital e ao trabalho a distância, nosso setor deu repostas à altura do desafio imposto por uma situação sem precedentes na história recente.
E foi também com base na premente necessidade de transformação radical das estruturas de trabalho e dos modelos de negócio que a Abracom iniciou 2021 com uma
profunda reformulação de seus objetivos estratégicos.
Para um mundo em transformação, a comunicação precisa ousar e se transformar em velocidade igual ou superior à das mudanças na sociedade. Esse é o desafio
do nosso mercado. E também é o desafio da Abracom, o de se mover com agilidade para apontar caminhos que ajudem as agências e os profissionais do setor a busca
rem a retomada do crescimento em um ambiente cada vez mais competitivo e repleto de novos players.
Nesse contexto, a Abracom definiu quatro pilares de atuação, por sua vez sustentados pela ideia central de governança e ética nos negócios.
O primeiro pilar é o da comunicação com o mercado. Posicionar o setor como o melhor parceiro das organizações no mundo volúvel e líquido em que vivemos. Mostrar que nossas agências são especialistas em cenários de incerteza, produtoras de conteúdos criativos para todos os públicos e canais, agentes da transformação digital nas organizações e aptas a encontrar soluções para manter empresas, instituições e governos em permanente conexão com seus stakeholders.
Na segunda vertente de trabalho está a busca de critérios de certificação setorial, tanto em temas como adequação à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) quanto em programas de compliance e integridade para mostrar um segmento econômico comprometido com as transformações sociais e econômicas e com a ideia de uma economia baseada em critérios consistentes de ESG.
Na terceira linha de trabalho está o fomento à internacionalização do setor. Agências conectadas em redes de atendimento, intercâmbio com entidades internacionais, troca de informações sobre tendências de mercado, tecnologia aplicada à comunicação e critérios de mensuração de resultados que possam ser compartilhados entre agências e associações de todos os continentes. Além disso, a Abracom é líder natural do movimento de associações de agências no mercado latino-americano dentro da ICCO, entidade global de associações de agências de RP a qual estamos filiados.
Se estamos vivendo o vigésimo ano da história da Abracom queremos também adotar um programa de formação de novas lideranças no setor. Além do surgimento de novas empresas, jovens executivos e executivas chegam aos postos de comando nas agências associadas. É o surgimento de uma nova geração que está sendo convidada a conhecer melhor o universo associativo e participar das ações da Abracom para elevar a barra do mercado. Tudo isso com base em nossa forte crença de que a associação empresarial é instância fundamental para construir um mercado mais forte.
Além dos quatro pilares, nossos grupos de trabalho continuam em plena operação com ações nas áreas de comunicação interna, recursos humanos, comunicação digital, diversidade e inclusão, setor público e compliance, sem esquecer o caráter nacional com os diretores esta duais de Pernambuco, Bahia, Minas Gerais e Rio Grande do Sul e a recém criada diretoria do Rio de Janeiro promovendo encontros e intercâmbio entre empresários, executivos e profissionais.
Com essas iniciativas esperamos dar respostas a um mercado que anseia pela retomada da normalidade, que talvez seja o “novo normal”, em uma sociedade que nunca mais será a mesma.
Estamos longe de poder comemorar o retorno à normalidade. E sabemos que não seremos iguais ao que éramos até fevereiro de 2020.
Nesse cenário, precisamos aprender com pelo menos três lições que os tempos pandêmicos nos trouxeram:
1. O DECLÍNIO DA ASSESSORIA DE IMPRENSA: muito antes da pandemia a Abracom já tocava nessa tecla. Em 2008 já apontávamos em um seminário realizado durante o Congresso Brasileiro de Comunicação Corporativa (N.R. – atual Congresso Mega Brasil de Comunicação, Inovação e Estratégias Corporativas) que a assessoria de imprensa deixaria de ser em poucos anos a maior fonte de receita das agências. A redução dos espaços editoriais nos veículos tradicionais, a pulverização da audiência, a explosão das redes sociais com novos geradores de conteúdos aparecendo a todo momento já tornavam o trabalho de assessoria uma crescente commodity mesmo antes da pandemia. É claro que os contatos com a imprensa e a ativação de conteúdos por meio de espaços conquistados no jornalismo profissional continuarão sendo relevantes, especialmente para o setor público. Mas empresas e agências que não apostarem na diversidade de canais e mensagens estarão fadadas a ver seus espaços de trabalho reduzidos.
2. A HORA E A VEZ DO CONTEÚDO EM ÁUDIO E VÍDEO: a pandemia colocou a geração de conteúdos no centro das atenções. Podcasts, vídeos publicados em canais como YouTube, TikTok, Instagram e nos portais das empresas, mensagens de áudio pelo WhatsApp e Te legram e a novidade do Club House trouxeram o áudio e o vídeo para o estrelato. Agências estão apostando em esquemas cada vez mais sofisticados de produção para atender a uma demanda que é crescente e irreversível. As pessoas navegam pelas redes em busca de conteúdos que tragam emoção, mensagens positivas e informações relevantes sobre os produtos e serviços que desejam consumir. E compartilham esses materiais em vídeo e áudio com uma velocidade incrível. Por que seu cliente vai ficar fora disso? E por que sua agência vai perder essas oportunidades de negócios?
3. O TRABALHO ONLINE: aprendemos na marra, e com muita rapidez, a trabalhar remotamente. De casa, na praia, no sítio, em trânsito. Em pouco tempo, aplicativos como Zoom, Meats ou Teams entraram em nossa rotina e, além das reuniões e do atendimento aos clientes, aprendemos a fazer eventos online. Esse é o futuro e mais de 80% das associadas Abracom declaram que o teletrabalho será parte da rotina de suas equipes. Agora, o desafio é construir linguagens mais sofisticadas para as transmissões, passando do improviso para a capacidade de organizar eventos, treinamentos, reuniões, coletivas e o que mais a criatividade das agências conseguir extrair do mundo conectado.
Muitas outras lições nos esperam e precisamos manter as antenas conectadas com as transformações que não param de acontecer.
Nosso desejo é de que a edição 2022 do Anuário da Comunicação Corporativa venha repleta de boas notícias de um mercado e uma sociedade renovados e prontos para construir um mundo melhor.
Boa leitura!
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