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Parte 3 - As três letrinhas que estão sacudindo o capitalismo e desafiando a comunicação

Com a ascensão de um novo comportamento financeiro global em busca de resultados mais palpáveis no que tange a meio ambiente, preocupação social e governança, já não basta criar ações socialmente responsáveis e deixar o bottom line voltado apenas aos acionistas com passivos a descoberto em outras áreas

Divulgação

Criatividade, colaboração , inovação e Eficiência energética e reciclagem

Criatividade, colaboração e inovação - A In­tel divulgou seu primeiro Relatório Ambiental, de Saúde e Segurança em 1994 e hoje a agenda ESG serve de guia para as diretrizes da companhia e mantém profissional C-Level com diálogo dire­to com o CEO da empresa a respeito de práticas da área. Além disso, na esteira da Agenda 2030 da ONU, com 17 ODS, a empresa divulgou no ano passado estratégias e metas para 2030, como uso positivo líquido da água, 100% de energia verde, fim do envio de resíduos para aterros sanitários em operações fabris, elevação ao dobro do número de mulheres e minorias sub representadas em cargos de liderança, e o escalonamento do impacto de seus programas de direitos humanos na cadeia de suprimentos.

“A Covid-19 mostrou a necessidade de as em­presas adotarem abordagem criativa, colaborativa e inovadora para resolver desafios”, destaca a ge­rente de Comunicação Carol Prado. Como parte da estratégia de negócios, a atuação perpassa do RH à comunicação e governança, entre diversas outras áreas da empresa. A comunicação é uma das prin­cipais aliadas, promovendo valores em ativações internas, externas, materiais e disseminação de conteúdo, e hoje tem três frentes principais: a área de tecnologia, corporativa e empregados, incluindo desde imprensa tradicional até influencers e ONGs.

A pesquisa O que esperar da Comunicação Or­ganizacional no Brasil, realizada pela Aberje com participação de 204 empresas, indica que 58% de­las comunicam iniciativas relacionadas a sustenta­bilidade e ações sociais – depois de um ano mar­cado pelo movimento Black Lives Matter, questões relacionadas a diversidade, por exemplo, ocupam o segundo lugar entre desafios para a comunicação este ano, com 43% de menções, só perdendo para a preocupação com o aumento da interação e im­pacto via comunicação digital (71%).

Entre as empresas que ainda não comunicam questões da agenda ESG, 32% apontam ser pro­vável ou muito provável que o façam ainda este ano. Do grupo já ativo ou com propensão a isso, os principais temas em pauta devem ser defesa do meio ambiente (21%), incentivo à educação (19%), igualdade de gêneros (15%), diversidade e inclu­são (14%) e combate à desigualdade social (11%).

Na Yara, inclusão e diversidade para um am­biente mais plural é prioridade. “A meta é mulhe­res ocuparem 35% das posições de liderança já em 2025”, diz a head de Comunicação Corporativa e Sustentabilidade Ana Pais. A empresa está em meio a processo de detalhamento de metas locais com base nos pilares pessoas, planeta e prosperi­dade do negócio, e globalmente vê oportunidade de contribuir para a agricultura sustentável, já que se relaciona com milhões de agricultores em 65 países. Uma das metas é alcançar redução de 30% nas emissões de carbono geradas a partir da in­dústria de fertilizantes de nitrogênio até 2030.

A empresa é uma das 61 signatárias do Stake­holder Capitalism Metrics, conjunto de indicadores ambientais, sociais e de governança lançado pelo Fórum Econômico Mundial e seu Conselho Inter­nacional de Negócios (IBC) este ano para defender a geração de valor a todas as partes interessadas no negócio. Segundo Ana, os resultados começam a aparecer. Em fevereiro, a Yara ficou entre as 100 empresas gerenciadas de forma mais sustentável do mundo, lista criada pelo The Wall Street Journal a partir da avaliação de métricas de sustentabilida­de de 5,5 mil companhias de capital aberto.

Eficiência energética e reciclagem - A estra­tégia da General Motors (GM), por sua vez, indica um ponto de inflexão para a adoção em massa de veículos elétricos – mas, como toda transformação profunda que impacta a sociedade, não acontece da noite para o dia, nem ao mesmo tempo em dife­rentes mercados, e não diz respeito apenas à em­presa, mas à sociedade como um todo. Isso inclui anseios de um mundo sem acidentes, emissões e congestionamentos.

No Brasil, os motores foram renovados para maior eficiência energética e redução de emissões. Resíduos das instalações da marca são reciclados, reaproveitados ou coprocessados. Em 15 anos, a quantidade de energia necessária para fabricar um carro caiu em média 56% e as fábricas em­pregam placas de geração de energia fotovoltaica e lâmpadas de LED, entre outras iniciativas integrantes do plano global de neutralização da emis­são de carbono da GM até 2040, destaca o diretor de Comunicação Nelson Silveira. Os exemplos no quesito segurança vão de alerta de colisão frontal a sistema auxiliar de permanência na faixa, com tecnologias de conexão do carro ao celular, a ou­tros veículos e ao ecossistema.

Tecnologias de carros totalmente autônomos es­tão em fase final de desenvolvimento e vão permitir futuro com zero congestionamento. A comunicação tem como pilares estratégicos temas que permeiam ESG – além da comunicação de produto, sustentabili­dade econômica da empresa, questões ambientais e sociais estão em destaque. “Hoje, é impossível pen­sar em construção e manutenção de reputação sem focar a comunicação em ESG”, garante o executivo.

A importância foi acelerada pela pandemia, com o protagonismo da iniciativa privada na resposta à crise sanitária e econômica levando à ressignifica­ção do papel das empresas junto a seus diferen­tes públicos. Pesquisa realizada pela GM no Brasil apontou que 93% dos consumidores consideram importante que as empresas se posicionem e mos­trem seus valores, e metade aponta preferência de compra de produtos de empresa que promoveu ações de combate à Covid, diz Nelson. O Linkedin dá outro indicativo – conteúdos relacionados a temas ESG são líderes em visualização e engajamento.

“Estamos vivendo o boom do tema. Em 2020, o cenário de pandemia deixou ainda mais evidente a necessidade de uma agenda positiva”, acrescenta Luciana Nicola, superintendente de relações insti­tucionais, sustentabilidade e negócios inclusivos do Itaú Unibanco. O cenário ajudou a mostrar impactos individuais e responsabilidades na superação dos desafios econômicos, sociais e ambientais, avalia.

Segundo ela, no Itaú, único banco da América Latina a compor o índice de sustentabilidade Dow Jones desde sua criação, em 1999, diz-se que a fase de “compensar débitos” deu lugar a de “gerar crédito”, com uso do core business para promover impacto positivo na sociedade. Entre os exemplos, o programa Travessia, que facilitou o crédito e fle­xibilizou pagamentos dos clientes durante a crise, e o plano Amazônia, iniciativa com os concorrentes Bradesco e Santander em prol do desenvolvimento sustentável da região.

A instituição é signatária de 18 pactos com dife­rentes instituições comprometidas com a socieda­de, da ONU ao Instituto Ethos, e nos últimos anos fortaleceu o engajamento com práticas sustentáveis assumindo Compromissos de Impacto Positivo, 46 metas e indicadores alinhados aos desafios dos negócios e aos ODS da ONU. “O principal desafio é garantir que todos os públicos de interesse da em­presa estejam sendo impactados por uma comuni­cação consistente e tempestiva”, avalia.

Isso inclui incentivar até fornecedores a adotarem medidas sustentáveis com procedimentos de verifi­cação e participação no programa CDP Supply Chain, para discutir o tema de mudanças climáticas na ca­deia de fornecimento. Além disso, a questão ESG che­gou aos modelos de negócios – agora a casa busca avaliar oportunidades além de riscos e trabalha para ajudar os clientes a se tornarem mais sustentáveis.

Continue sua leitura do Especial ESG na parte quatro. 

 

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