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Parte 4- As três letrinhas que estão sacudindo o capitalismo e desafiando a comunicação

Com a ascensão de um novo comportamento financeiro global em busca de resultados mais palpáveis no que tange a meio ambiente, preocupação social e governança, já não basta criar ações socialmente responsáveis e deixar o bottom line voltado apenas aos acionistas com passivos a descoberto em outras áreas

Divulgação

Do discurso para a ação e Transparência em alta

Do discurso para a ação - Na Klabin, a geren­te de comunicação, marca e relações institucionais Carime Kanbour avalia positivamente a relevância do tema ESG obrigando empresas a saírem do discurso para a ação, frente ao aumento de exigências pela sociedade e por investidores. No ano passado, a em­presa lançou sua Agenda 2030, em linha com os ODS da ONU, com um conjunto de metas de curto, médio e longo prazos organizado a partir de 11 temas prioritá­rios, divididos em quatro pilares com 23 metas.

Pela amplitude do tema, sua administração é multidisciplinar e envolve equipes como susten­tabilidade, relações com investidores, governança corporativa e comunicação, com envolvimento di­reto da diretoria e do conselho de administração. Na comunicação, o principal desafio está relacio­nado à reputação, já que a amplificação dos temas ESG impactou a forma como as empresas comu­nicam, com transparência e coerência migrando para o centro da estratégia. Uma das iniciativas recentes foi a criação da Klabin Invest, série de ví­deo e podcast com temas relacionados ao universo ESG dirigida a investidores – entre 2019 e 2020, a empresa passou de 11 mil para 160 mil inves­tidores. “Esse público traz uma nova demanda de informações e engajamento”, diz Carime.

Na Vivo, que assumiu o propósito de “digitalizar para aproximar”, a estratégia para materializá-lo e gerar valor com sustentabilidade está apoiada nos pilares Tem Vivo pra Tudo, Tem Tudo na Vivo, DNA em Tudo o que Somos e em Tudo que Fazemos e Vivo Sustentável. O último está no centro da estratégia de negócios. Desde 2018 a operadora mantém um Co­mitê de Negócio Responsável e Reputação ligado ao CEO, além de um comitê de qualidade e sustentabi­lidade com reporte ao conselho de administração.

Além disso, pelo segundo ano a Vivo publica re­latório ESG simultaneamente ao balanço financeiro e engaja colaboradores em movimentos como Re­cicle com a Vivo, que procura mobilizar a socieda­de para o descarte correto do lixo eletrônico – em um único dia foram recolhidas 1,8 toneladas de resíduos –, empresa sem papel (paperless) e plás­tico zero. “Mais recentemente, passamos a traba­lhar com nossos fornecedores para mobilizá-los nos temas de diversidade e mudanças climáticas, buscando reprodução das nossas práticas em toda cadeia de fornecimento”, ressalta Elisa Prado, dire­tora de Comunicação Corporativa da Vivo.

Transparência em alta - A SAP vê como uma das principais mudanças relacionadas à agenda ESG a premissa de transparência nas atividades. No caso da empresa, um reforço de comunicação para refletir o que acontece internamente nos pi­lares ambiental, social e de ética e governança. Segundo a diretora de Comunicação Integrada e Responsabilidade Corporativa Luciana Coen, um desdobramento positivo é que a comunicação in­terna e externa estão cada vez mais integradas.

É a maior presença de tópicos ESG nas pau­tas de comunicação.

Mais impactos para a comunicação são mos­trar para o mercado como a marca colabora com a agenda ESG dos clientes, a partir da importância dos dados para mensuração e eficácia de decisões de sustentabilidade; apoio da comunicação interna para conscientização dos funcionários sobre a agen­da ESG; e a continuidade das iniciativas para mos­trar que a sustentabilidade vai muito além de cuidar do meio ambiente, permeando toda a operação de empresas e governos e diretamente relacionada às questões de governança, ética e impacto social.

Na OEC (antiga Odebrecht Engenharia e Cons­trução), que divulga anualmente relatório de sus­tentabilidade no padrão GRI para compartilhar resultados e aprendizados com a sociedade, o novo direcionamento estratégico definido em 2020 levará o ESG cada vez mais para seu core busi­ness, desafiando a comunicação em três etapas – conceituação, com exercício de definição sobre a crença da empresa a partir de seus acionistas, lideranças e integrantes; prática, transformando essa crença em orientação estratégica, com dire­trizes e metas; e a comunicação em si, dando for­ma à narrativa e conectando-a com stakeholders e sociedade. “Na última pesquisa com stakeholders foi possível verificar grande evolução da recupe­ração da confiança junto ao público interno, com nível avaliado pela consultoria em ‘forte’. Este ano vamos repetir a pesquisa e certamente verificare­mos avanços em outros públicos”, diz o diretor de Comunicação e Marketing Rodrigo Villar.

Ele destaca que o ESG tem transformado negó­cios de maneira positiva, com discussão que am­plia e tangibiliza a contribuição das empresas para a sociedade, com reflexos diretos na reputação e na escolha dos parceiros de negócios e dos consu­midores. No caso das construtoras que de alguma maneira estiveram envolvidas em processos de corrupção no passado, a agenda ESG faz parte do compromisso em realizar transformação interna e garantir que o processo se reflita em todo o mer­cado de infraestrutura, transformando as compa­nhias em agentes de mudança e fiscalização.

Na Latam Airlines, que integra um dos setores mais afetados economicamente pela Covid-19, o da aviação civil, nem a crise desvia as atenções e as ações para esse novo viver do planeta Terra. Nas palavras de Gislaine Rossetti, diretora de Rela­ções Institucionais e Regulatório da Latam Airlines Brasil, “O mundo tem passado por um profundo processo de transformação, e as pessoas e as or­ganizações estão constantemente reinventando-se para sobreviver a uma crise que a humanidade nunca tinha enfrentado. A flexibilidade e adapta­bilidade são os traços mais marcantes diante dos desafios ambientais, sociais e econômicos impos­tos pela pandemia da Covid-19 e que precisam ser enfrentados com urgência. Ficou explícito que as empresas precisam estar, cada vez mais, conecta­das com as demandas de seus diversos stakehol­ders, estabelecendo diálogos constantes e ações com impactos positivos. Nesse contexto, o enga­jamento das equipes internas, o protagonismo, a empatia e o poder da escuta são cruciais na dinâ­mica da comunicação corporativa”.

Segundo Gislaine, “na Latam, temos o compromisso e estamos atuando fortemente para fazer da aviação uma indústria sustentável. Queremos ser um ativo para a Amé­rica do Sul e, para isso, trabalhamos para ser um ator que promove o desenvolvimento social, ambiental e econômico da região, cada vez mais conectado com as demandas e desejos das pessoas. Temos o compromisso de contribuir com o desenvolvimento sustentável da nossa região, con­servando a biodiversidade, a cultura e seus destinos únicos. O trabalho das nossas equipes foi reconhecido neste ano no anuário The Sustainability Yearbook do S&P Global Dow Jones Index (DJSI) que aponta as empresas com melhor gestão ambiental, social e governança cor­porativa. Fomos eleitos como a melhor com­panhia aérea da América do Sul e a segunda do mundo em Sustentabilidade.”

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