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Claudia Rondon "Nessa retomada, sairemos mais fortes se aprendermos com os erros do passado e com os acertos que tivemos diante das situações de crise"
O verso do compositor paulistano Paulo Vanzolini, sambista de mão cheia, zoólogo, pesquisador da USP, um homem da ciência, com um pé nas artes, ficou imortalizado e tornou-se um símbolo popular e erudito da ideia de que sempre é possível superar obstáculos e “dar a volta por cima”. Essa é uma ideia-força que precisa mover a todos diante da crise em que vivemos a partir da disseminação do coronavírus, que se espalhou pelo mundo como um tsunami, ceifando vidas, derrubando de forma inédita a atividade econômica em todo o planeta e mudando hábitos, esvaziando ruas, trazendo a todos nós momentos de medo e a necessidade de repensar a vida para quando começar a retomada, que, esperamos, será breve.
Pesquisas realizadas pela Abracom ao longo do mês de abril mostraram que a atividade de comunicação corporativa foi diretamente afetada pela crise, como não poderia deixar de ser. Renegociações de contratos, queda de faturamento, paralisação de segmentos como os de eventos e restrições de viagens trouxeram turbulências ao ambiente de negócios das empresas. E a necessidade de reorganização das práticas de trabalho, em tempo recorde, foi um desafio enorme para o nosso setor já nos primeiros dias da crise. Com respostas eficientes. Já no sétimo dia das medidas restritivas, 97% das agências associadas à Abracom tinham migrado 100% de suas equipes para o trabalho remoto, usando ferramentas tecnológicas, expertise em situações de crise, e o engajamento de seus funcionários e fornecedores para manter normalmente o atendimento aos clientes públicos e privados.
A crise seguiu, trazendo para agências, profissionais e as áreas de comunicação das organizações novas questões. Como manter a comunicação em meio a uma crise com essas dimensões? O que comunicar? Como comunicar e como envolver os públicos estratégicos para que as marcas e suas mensagens-chave não deixem de estar presentes no imaginário de cada consumidor, de cada cidadão, de cada stakeholder?
E essa tem sido mais uma lição dessa crise. Pesquisa da Kantar Ibope Media realizada em abril mostrou que 81% dos consumidores querem que as marcas continuem a aparecer na mídia. Mas não desejam que essas aparições sejam centradas em oferta de produtos ou serviços. Preferem que as organizações engajem-se no esforço coletivo de disseminar mensagens positivas, conteúdos relevantes e informações de utilidade pública. E que, em último caso, mostrem como podem fazer chegar ao consumidor final seus produtos e serviços com segurança e agilidade, mantendo o isolamento social necessário para deter a propagação do vírus.
É nesse momento que as agências de PR ganham ainda mais relevância e, como mostra a campanha iniciada pela Abracom nos primeiros momentos da crise, são essenciais para planejar as estratégias, produzir os conteúdos e usar os melhores canais de difusão das mensagens de seus clientes.
E são muitos os exemplos bem sucedidos, que não nos cabe enumerar aqui. Mas cada um dos leitores e leitoras de mais esta edição do Anuário da Comunicação Corporativa – uma edição histórica, pelo contexto em que vivemos– saberá recordar. Marcas que se engajaram na frente de combate ao vírus, promovendo ações informativas, doando materiais, mantendo empregos, gerando conforto e solidariedade para milhões de pessoas que do dia para a noite passaram a viver em isolamento. Marcas que se transformaram em verdadeiros veículos de comunicação, mostrando que na crise e na paralisação quase total de muitas atividades sobressaiu-se nas organizações sua vocação para a comunicação, até então vista como apenas um meio, agora elevada a essencial e estratégica. Atributos em que nós, profissionais da comunicação corporativa, sempre acreditamos.
Temos um longo caminho para a normalização da vida em sociedade. A retomada econômica será lenta e dolorosa, mas com muitas lições que devemos aprender e levar para toda a vida. O trabalho remoto será mais valorizado. As conexões serão mais fortes. A comunicação tem de ser essencial em toda a atividade organizacional, pois a crise está revelando a força do papel do diálogo, do escutar o outro e de entender as demandas das pessoas para uma vida com mais qualidade e interação.
Nessa retomada, sairemos mais fortes se aprendermos com os erros do passado e com os acertos que tivemos diante das situações de crise. E de crise, nosso setor entende e pode contribuir para ajudar as organizações nessa volta por cima.
Boa leitura!
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