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Burnout dentro das agências: Como identificar e prevenir?

Líderes de companhias criativas internacionais compartilharam com o Advertising Age quais medidas vêm adotando para evitar o esgotamento mental de suas equipes

Divulgação

“Vivemos e trabalhamos em uma indústria que prega que trabalhar mais significa trabalhar melhor. E esse, definitivamente, não é o caso”, declara Elizabeth Rosenberg, fundadora da The Good Advice Company, que após sofrer um colapso por conta do excesso de trabalho, começou a oferecer ajuda financeira aos colaboradores para que eles investissem em métodos de relaxamento ou em treinamentos para lidar com o stress.

Por muitos anos, o mercado publicitário era conhecido por ser um “ambiente que nunca dorme”, dada a intensidade do trabalho exigida pela indústria criativa. Contudo, um ano e meio após as fronteiras entre trabalho e casa terem sido rompidas por conta da pandemia, o cuidado com a saúde mental tem se tornado essencial na manutenção das equipes, e também no relacionamento com os clientes. Todas as dificuldades impostas pelo home office, somadas ao isolamento social e o medo, vem cobrando o seu preço. E, para completar, ao final do dia, quando parece ter chegado a hora do descanso, as notificações de mensagens e e-mails continuam aparecendo.  

Tais condições atuais de trabalho impostas pela pandemia foram um dos temas discutidos na Small Agency Conference, evento anual realizado pelo Advertising Age, nos Estados Unidos, que debate questões ligadas ao universo das pequenas agências de publicidade. Durante o encontro, líderes de diferentes empresas compartilharam dicas sobre como vêm tentando preservar a saúde mental de seus colaboradores, bem como prevenir casos de burnout (esgotamento mental).

 

Coloque-se à frente do seu trabalho

Identificar os sinais do burnout e dispor de um tempo para investir no bem-estar pessoal são os primeiros passos na jornada de construção de um ambiente de trabalho mais saudável. Embora isso seja mais fácil na teoria do que na prática, uma boa maneira de começar é estabelecendo limites e tempo para as atividades. Talvez a prática de exercícios, ou a busca por conforto espiritual, ou até mesmo uma sessão semanal de terapia podem ajudar. Praticar o autocuidado de forma consistente é primordial para evitar o burnout, assim como o tempo reservado para isso.

Elizabeth Rosenberg, fundadora da The Good Advice Company, durante sua apresentação na conferência, contou como sofreu um colapso por conta do excesso de trabalho, e como, a partir disso, começou a oferecer ajuda financeira aos colaboradores para que eles investissem em métodos de relaxamento ou em treinamentos para lidar com o stress.

Investir em si mesmo também é estender o mesmo respeito aos limites das outras pessoas. Liderar pelo exemplo e ter empatia pelos altos e baixos dos colaboradores gera, além de um ambiente de trabalho mais saudável, mais bem-sucedido.

 

Escolha pessoas ao invés de lucro

Para manter uma equipe forte e moralmente ética, as agências devem estar abertas à mudanças e inovações. Simples ajustes nas programações semanais, ou no protocolo de reuniões, podem fazer uma grande diferença, além de garantir que o time tenha tempo, energia e disposição para entregar um trabalho de mais qualidade.

Elizabeth sugere, por exemplo, que evitem marcar reuniões às sextas-feiras, uma vez que isso possibilita que os colaboradores trabalhem ao longo daquele dia sem interrupções, ajudando na manutenção do foco e na diminuição da sensação de sobrecarga de trabalho nos fins de semana. Outra sugestão é tentar evitar marcação de várias reuniões num mesmo dia, pois isso pode provocar caos e ansiedade.  

Além da executiva, Paulo Carvajal, CSO da Noble People, que também esteve na conferência, destacou a importância de se manter um senso de comunidade e dar feedback – a ideia é ouvir reclamações, conversar sobre as férias e experiências, e, com isso, proporcionar um ambiente confortável para que as pessoas se sinta à vontade para falarem sobre esgotamento ou problemas profissionais.

 

Valores compartilhados

A questão do burnout também deve se estender para quem trabalha com a agência. Respeitar os limites também fora da agência é algo extremamente importante.

A maneira mais importante de prevenir o burnout, segundo os especialistas, é tratar a si mesmo – e a toda a equipe – como seres humanos. Comunidade e empatia são fundamentais para promover uma comunicação mais aberta dentro das agências e empresas, garantindo que cada membro da equipe tenha apoio para realizar seu melhor trabalho. “Vivemos e trabalhamos em uma indústria que prega que trabalhar mais significa trabalhar melhor. E esse, definitivamente, não é o caso”, finaliza Rosenberg.