"Não queremos áreas de inovação, inovar é trabalho de todos". Esta fala do CEO do Itaú Unibanco poderia soar como uma frase motivacional clichê. Na verdade, ela esconde uma grande preocupação das empresas na frenética corrida pela busca da inovação. Isso porque as companhias perceberam que ter áreas e times focados em gerar novas ideias não basta.
Big techs, inteligência artificial, blockchain, criptoativos. Estes são os novos concorrentes que tiram o sono dos executivos. O Presidente do Bradesco falou muito bem sobre isso. “Antigamente, acordava de manhã e sabia que meus concorrentes eram Itaú, Santander, Banco do Brasil e Caixa. Eu mais ou menos sabia as armas que eles iriam usar. Agora, novos competidores podem surgir a qualquer momento”.
Não fosse suficiente o surgimento de tantos stakeholders alienígenas aterrissando sobre suas cabeças, experts em inovação também sofrem com maior frequência da chamada Maldição do Conhecimento. O fenômeno, cunhado por Chip Heath (Stanford) e Dan Heath (Duke University), representa um ciclo fechado no próprio aprendizado individual, nas próprias convicções e certezas construídas ao longo de suas carreiras.
O termo “kodakização” expressa isso ao tratar do clássico caso em que os especialistas da Kodak ignoraram uma tecnologia que eles próprios desenvolveram: a fotografia digital. A decisão culminou com a derrocada da bilionária companhia que decidiu continuar dedicando-se à produção de filmes fotográficos de excelente qualidade.
Felizmente, há um antídoto para tratar a Maldição do Conhecimento: ampliar a base de conhecimento. Este movimento consiste em chamar todo mundo para o jogo da inovação e não apenas os experts. Ele parte de uma premissa tão simples quanto valiosa: as pessoas comuns também conseguem promover importantes inovações e vencer desafios considerados improváveis.
Ao longo da história são numerosos os casos de inovação que surgiram de onde ninguém esperava. Em 1714, por exemplo, os britânicos ofereceram um prêmio para a pessoa que “descobrisse como medir a longitude no alto-mar”. John Harrison, um relojoeiro, foi quem resolveu a questão.
Dentro desse contexto, implantar uma sólida cultura de inovação é essencial para descentralizar as iniciativas e exponenciar as transformações essenciais. Esta será a saída para quem deseja sobreviver e prosperar no futuro. Ao fazer a declaração que abre este texto, o CEO do Itaú Unibanco está estrategicamente aplicando o antídoto à Maldição do Conhecimento.
Ele está acionando o poder transformacional dos seus mais de 90 mil funcionários. Em outras palavras, ele está chamando todo mundo para participar do jogo da inovação. Sairão vencedores aqueles que melhor e mais rapidamente implantarem em suas organizações uma cultura amigável à inovação, para que todos – experts e “pessoas comuns” - possam jogar juntos.
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