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O adeus a Bel Faria

Isabel Faria, Gerente de Comunicação Corporativa da GM, faleceu em São Paulo, vítima de câncer.

Isabel Faria deixa o exemplo de mãe dedicada, profissional competente e guerreira incansável. Assim será lembrada.

A Gerente de Comunicação Corporativa da General Motors South America, Isabel Faria, faleceu aos 38 anos de idade, na tarde dessa quarta-feira (23/3), em São Paulo, vítima de câncer. Gaúcha de Porto Alegre, ela ingressou na montadora em 2014, como Analista de Comunicação e, graças à sua competência e talento, chegou ao cargo de Gerente da área em janeiro de 2021. Dois meses depois foi diagnosticada com a doença. Em novembro, Bel, como era carinhosamente chamada pelos colegas de trabalho, participou do Mega Brasil Benchmarking, evento que teve como tema central a Diversidade e Inclusão.

O velório e cremação de Isabel Faria aconteceu nesta quinta-feira e suas cinzas serão levadas pela família para Porto Alegre, para uma cerimônia de despedida em data ainda a ser confirmada. Ela deixa marido e uma filha de cinco anos.

Carreira promissora

Formada em jornalismo, pela PUC/RS, e com MBA em Gestão Empresarial, pela FGV, Isabel Faria começava a trilhar uma carreira promissora na Comunicação Empresarial. Experimentou, como se costuma dizer, os dois lados do balcão: passou por agência e depois migrou para o departamento de Comunicação das Lojas Renner, Unimed Porto Alegre, BRDE, Instituto Mama/RS e depois General Motors. Ela também integrava o Comitê de ESG e o Capítulo ABCD, da Aberje – Associação Brasileira de Comunicação Empresarial.

Por onde passou deixou amigos que se viram consternados com a partida prematura de Isabel Faria. Hoje, nas redes sociais, Nelson Silveira, Diretor de Estratégia de Comunicação da General Motors South America, prestou homenagem à colega, em nome de todos os funcionários da GM. O texto “Réquiem para Isabel Faria”, assinado por ele, traduz a personalidade, a competência, o exemplo de resistência e determinação de Bel:

“Bel tinha pressa. Os dias passavam voando e havia tantas coisas a fazer, tanto a conquistar. E tinha estrela, era dona de um talento ímpar. Era dessas pessoas que nasceram para protagonizar.

Nada nunca foi fácil para ela, mas Bel sempre foi guerreira, movida a desafios, ambiciosa. Focada e dedicada, conseguiu realizar seu sonho de trabalhar na GM. Gaúcha, começou em Comunicação Interna, na fábrica de Gravataí. Mas, para Bel, o céu era o limite. Liderou projetos importantes, demonstrou sua competência e galgou degraus, mudando-se para São Caetano do Sul e atingindo seu objetivo de trabalhar na matriz da empresa.

Sua inteligência, perspicácia e vontade de realizar rapidamente a levaram longe. Em fevereiro de 2021 conseguiu a sonhada promoção a gerente de Comunicação Corporativa. Eram tempos bicudos, de pandemia, crise e trabalho remoto. Mas nada parava essa mulher genial, que sabia identificar tendências, inovar.

Bel estava no auge, brilhando como nunca. Descobrindo novas formas de comunicar em um mundo digital. Aprendendo que em um mundo onde causa e propósito se tornavam motores das marcas, o storytelling tinha de dar lugar ao storydoing. Abraçando as narrativas de sustentabilidade, diversidade, equidade e inclusão com garra e lutando para conquistar espaços em um mundo em transformação.

Porque Bel acreditava em um mundo melhor, mais justo. Entendia como ninguém as agruras do planeta e tinha senso de urgência. Sabia da importância de defender a ideia de um futuro com zero emissão e abraçava a visão, o propósito e os valores da GM.

Bel trabalhava com afinco na construção de novas narrativas, avançava para fazer história na comunicação. Compreendia como ninguém que tinha uma missão de conectar e engajar as audiências nas mensagens que desenvolvia, trabalhando em uma estratégia multicanal.

A força intrínseca que movia essa mulher era tão intensa, que nem um cruel diagnóstico de câncer na mama, logo depois da promoção, foi capaz de a abalar. Coisas da vida, que insiste em nos dar rasteiras.

Bel encarou o câncer de frente, incólume. Enquanto nossas pernas tremiam de medo e nossos corações soluçavam, Bel vaticinava: “eu não sou a doença, eu estou com a doença e vou me curar.”

E Bel lutou, com todas as suas forças, e, a cada batalha vencida, celebrava, como se estivesse nascendo de novo. Perdeu o cabelo, comprou uns turbantes estilosos, novos óculos pretos grandes e expressivos e passou a desfilar seu novo look feito editora de moda.

No final de 2021, parecia que o céu estava desanuviando. Na festa de final de ano do time de comunicação, Bel contagiava alegria. Ela tinha certeza da vitória. Uma certeza que fazia a gente acreditar que tudo ia ser diferente.

Mas o destino insistiu em continuar pregando peças. No final de janeiro de 2022, Bel teve de voltar para o hospital, acometida de dores terríveis. A doença maldita, essa vilã horrorosa, tinha progredido impiedosa.

Bel tinha pressa, porque com apenas 38 anos, uma filha linda de 5, uma família que amava, tinha ainda tantos sonhos a realizar. Bel tinha pressa, porque tinha o mundo aos seus pés, porque sabia que podia ir longe. Mas a vida não é justa, a doença é cruel e maligna, atravessou essa história e levou a Bel no final da tarde de 23 de março de 2022.”