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Adeus a Elifas Andreato

Artista gráfico morreu na manhã desta terça-feira (29) por complicações em decorrência de um infarto, aos 76 anos. O artista ficou conhecido pelas mais de 360 capas de discos produzidas para artistas como Chico Buarque e Elis Regina. No ano passado, Elifas foi homenageado com o Prêmio Personalidade da Comunicação, da Mega Brasil Comunicação

Divulgação

Elifas Andreato foi homenageado no ano passado no Prêmio Personalidade da Comunicação, criado pela Mega Brasil Comunicação

O artista gráfico Elifas Andreato, considerado um dos maiores do Brasil, morreu na manhã desta terça-feira (29) em São Paulo, aos 76 anos. De acordo com informações de parentes, a causa da morte deveu-se a complicações decorrentes de um infarto que o artista havia sofrido há alguns dias.

Elifas somava mais de 40 anos de carreira como artista gráfico, ilustrador e cenógrafo. Ele ficou conhecido pelas 362 capas de discos que produziu, principalmente nos anos 70, para artistas consagrados da música brasileira, como Chico Buarque de Holanda, Elis Regina, Paulinho da Viola, Adoniran Barbosa, Martinho da Vila, Toquinho e Vinícius de Moraes.

Nas redes sociais, diversos artistas e personalidades prestaram homenagens a Andreato, como a cartunista Laerte e o cantor Emicida.

Segundo informações divulgadas pela família, o velório do artista está sendo realizado no crematório da Vila Alpina, Zona Leste da capital paulista, desde às 16h.

 

Uma trajetória cercada pela arte e cultura nacionais

Elifas Andreato é considerado um dos maiores capistas brasileiros. Seus traços poeticamente marcantes ilustraram as capas de inúmeros discos de grandes nomes da música brasileira, como Paulinho da Viola (“Nervos de Aço”, 1973), Chico Buarque de Holanda (“Ópera do Malandro”, 1979 e “Almanaque”, 1981), Vinícius de Moraes (“Arca de Noé”, 1980), Elis Regina (“Luz das Estrelas”, 1985), entre outros. Influenciado por artistas como Candido Portinari e Di Cavalcanti, a linguagem visual de Andreato era marcada por representações figurativas de tipos brasileiros e por expressões da cultura popular nacional.

A trajetória profissional de Elifas também foi marcada por passagens por grandes veículos de comunicação e imprensa, como a Editora Abril, onde produziu trabalhos para publicações da casa, como “Manequim”, “Claudia”, “Quatro Rodas” e “Placar”. Nos anos 1970, ele assumiu a chefia do departamento de Arte da Abril Cultural e, no mesmo ano, foi o responsável pela direção de Arte da coleção de fascículos “História da Música Popular Brasileira”.

Os trabalhos de Elifas também traziam traços poéticos, com profundo sentido social, o que o definiu como um dos ícones que, por meio da arte, se engajava e protestava na luta política contra a Ditadura Militar. Tanto que, em 1973, ele deixou a Abril Cultural para ingressar na equipe do recém-fundado jornal carioca, Opinião. O artista também teve passagens como Diretor de Arte por publicações paulistas, como o jornal Movimento e a revista Argumento1.

Na mesma época, nos anos 70, Elifas ampliou sua atuação dentro do universo cultural ao criar cartazes para eventos artísticos, cenários para teatros e capas de livros. Destaque para “O Pirotécnico Zacarias” (1974), de Murilo Rubião; “A Morte de D.J. em Paris” (1975), de Roberto Drummond; e “A Legião Estrangeira” (1979), de Clarice Lispector.

Nos anos 1990, o artista desenvolveu projetos gráficos e ilustrações para as coleções de CD da Editora Globo, MPB Compositores e História do Samba. Em 1999, trabalhou na produção do “Almanaque Brasil de Cultura Popular”, que era distribuído nas aeronaves da companhia aérea TAM.

Em 2009, Andreato recebeu do, na época, Presidente Luiz Inácio Lula da Silva a comenda da “Ordem do Mérito Cultural” pelo conjunto de sua obra. Em 2011, foi homenageado no Prêmio Vladimir Herzog por ter sido perseguido durante a Ditadura Militar brasileira.

 

Prêmio Personalidade da Comunicação

No ano passado, Elifas Andreato foi o homenageado de 2021 no Prêmio Personalidade da Comunicação, criado pela Mega Brasil Comunicação, em 1998, com o propósito de reconhecer personalidades da área da Comunicação pelo conjunto da obra.

Ao receber o Prêmio, Elifas ingressou em uma seleta galeria de nomes responsáveis por impulsionar a cultura brasileira, influenciar gerações ao fazerem história, ao serem vozes ativas na defesa dos direitos sociais e humanos e, principalmente, por contribuírem, por meio de seus trabalhos e atuações, para o avanço e aprimoramento da Comunicação no país.

Elifas Andreato foi a última personalidade a ser consagrada com o Prêmio, o qual já foi entregue também, ao longo dos anos, a Alberto Dines, Antonio Augusto Amaral de Carvalho, Audálio Dantas, Boris Casoy, Caco Alzugaray, Domingos Alzugaray, Fátima Turci, Gaudêncio Torquato, J. Hawilla, Johnny Saad, José Hamilton Ribeiro, José Marques de Melo, Laurentino Gomes, Marcos Mendonça, Maurício Azedo, Miguel Jorge, Miriam Leitão, Nelson Sirotsky, Octavio Frias de Oliveira, Paulo Nassar, Roberto Civita, Ruy Mesquita, Vera Brandimarte e Vera Giangrande.