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O papel do comunicador na transformação das empresas

Em seu mais recente artigo, o colunista Nelson Silveira, Diretor de Comunicação Estratégica da General Motors na América do Sul, fala sobre a importância e os desafios do comunicador dentro das empresas, bem como o verdadeiro significado de ser um líder na comunicação

Divulgação

O "Page Society Spring Seminar" deste ano abordou o papel dos comunicadores na transformação das empresas contemporâneas.

Na semana passada, eu tive a oportunidade de participar de um dos eventos mais relevantes do ano para um comunicador, o “Page Society Spring Seminar”, organizado pela associação homônima baseada nos Estados Unidos e que reúne líderes de comunicação (CCOs) das maiores empresas, agências e organizações do planeta. Viajei a convite da Aberje (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial), que nos últimos 20 anos tem trabalhado de forma orgânica a imagem dos comunicadores que atuam no Brasil, ressaltando a excelência profissional desse grupo.

O tema do evento da Page Society não poderia ser mais oportuno: “Relevância radical, o papel do CCO na transformação das organizações contemporâneas”.

A pandemia acelerou ainda mais a transformação digital e provocou uma reflexão intensa sobre valores. Narrativas relacionadas a sustentabilidade, diversidade, equidade e inclusão ganharam tração e se tornaram hegemônicas na velocidade dos bits e bytes. Se antes, o processo era lento e dependia do engajamento paulatino de toda a sociedade, hoje, temas emergentes que entrem em sintonia com prioridades de grupos de interesse passam a ser dominantes muito rapidamente. Isso nos fez entender, por exemplo, que uma cultura inclusiva, acolhedora das diferenças muda o jogo. Esse tema ganhou impulso graças à representatividade nas redes sociais, acessíveis a todos.

Comunicar de forma eficiente, conectando e engajando os consumidores com marcas e produtos são os grandes desafios das empresas. Neste contexto, a palavra radical no tema do seminário, refere-se à singular relevância que a verdadeira liderança de comunicação tem para a organização ao identificar problemas e oportunidades, entender como endereçá-las e agir com senso de urgência em um momento de transformação disruptiva dos modelos de negócio, da identidade corporativa e da própria estrutura organizacional.

Durante dois intensos dias de agenda, tivemos a oportunidade de refletir sobre a nova era que estamos vivendo para os negócios, com mudanças que oferecem uma singular oportunidade para revitalizar nosso papel como comunicador e repensar nossas organizações.  Entre os temas mais relevantes, destaco:

 

. A nova dinâmica de conexões entre uma companhia, suas pessoas e a cultura organizacional.

. Como nos movimentar para criar valor para os stakeholders e a sociedade.

. Qual o futuro digital da empresa contemporânea

 

Em uma das marcantes discussões, o genial Dr. Marshall Goldsmith, especialista em gestão, coach de liderança e autor de vários best-sellers, deixou claro que o papel do líder não é ser obcecado em vencer, e sim, em fazer a diferença. Em um contexto em que o propósito se torna motor do mundo corporativo, o papel da liderança na transformação tem de ser o de agir por princípios. É preciso praticar o chamado “Walk the Talk”, com as ações refletindo os valores e a cultura da organização.

Fundamental também avançar na experiência do consumidor, criando um “storytelling” que o engaje em uma experiência singular com a marca. Para isso é essencial movimentar-se da cultura do “compliance” para uma cultura de liderança com propósito. Entendendo que o tema do ESG, a princípio, não é só sobre carbono ou emissões, e sim, também sobre pessoas. Ao mesmo tempo em que as organizações têm de estabelecer metas claras para tornar os negócios neutros ou positivos em emissões de carbono, precisam também, fundamentalmente, estabelecer uma cultura diversa, igualitária e inclusiva. Afinal, acolher as diferenças muda o jogo.

Os comunicadores estão no centro desta transformação radical vivida pelas organizações. Nosso papel nunca foi tão relevante como neste momento. Temos de, ao mesmo tempo, estar atentos ao negócio e as suas interações com a sociedade. Nossos grupos de stakeholders atuam como engrenagens em um sistema mais amplo, que pode beneficiar ou causar danos à sociedade. Nosso papel é o de estudar a fundo as interações entre cada uma dessas engrenagens de uma forma crítica. Assim, teremos condição de promover a mudança em nossa organização. Transparência na Comunicação e um propósito claro, bem definido, são passos importantes neste processo de transformação.

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