Quando analisamos o S da agenda ESG ou ASG (ambiental, social e governança) estamos tratando do capital humano, do engajamento e relacionamento com os nossos stakeholders e como os impactos desse relacionamento voa e reverbera sobre a sociedade.
Porém, estamos em transição, pois vivemos um período histórico onde o capital financeiro, as posses e acúmulos de bens, sem preocupação com a extração (extrativismo), ditaram as regras do bem viver em sociedade e tudo o que estivesse fora desse contexto estaria, portanto, à margem ou marginalizado.
Isso virou cultura nas pessoas e empresas, porém a evolução continuou e o nosso olhar sobre a terra plana mudou, o nosso medo cessou e começamos a nos considerar superiores até entendermos, porém, que a extração é finita.
O choque sobre a realidade atingiu alguns, que gritaram e reverberam os ecos de um desenvolvimento compartilhado e o ser sustentável, até então marginalizado, entra em cena como parte desse ‘crescimento econômico’ e não mais a parte.
O capital humano, com todas as suas necessidades e diversidades, é o que gira a economia global. Consciente (ou não) dessa realidade, esse homem do século XXI procura entender (mesmo que levado pelo econômico) que tudo e todos são importantes no contexto da sustentabilidade (do econômico, do social e ambiental), ou do tripé do equilíbrio de nossa humanidade ou do eixo da terra.
Com esse eixo ou visão caminhamos continuamente para o futuro, para uma sociedade em evolução, mas, para isso, outros personagens ou culturas deveriam ser atreladas a esse eixo, como a governança, por exemplo, para trazer à luz a responsabilidade de outros setores e economias.
Sendo assim, a ESG (ambiental, social e governança) é incorporada pelas empresas como uma agenda a ser compreendida, acrescida e seguida, porém os desafios começam a aparecer, inclusive o greenwashing, pois na essência desse novo modelo ou agenda não cabe mais o marketing verde ou a ilusão de se fazer, criar e respeitar o que não existe. O ‘clima esquenta’ e não tolera mais esses desrespeitos.
Com o novo cenário, do antes e o depois, produzido pela pandemia, as relações humanas mudam radicalmente e o aumento da preocupação com a responsabilidade social também, afinal as desigualdades vieram à tona e realidades foram descortinadas a ponto de muitas empresas descobrirem as suas fraquezas e desconhecimento sobre a ‘inclusão’ dessa agenda.
Nesse hiato de ser e não ser inclusivo o S do ESG se sobressai e a necessidade de compreensão sobre a mesma cresce. Entretanto, na semana da Parada Gay um fato chamou a minha atenção, onde a cantora Ludmila em uma entrevista fala sobre o que mudou ao revelar que fazia parte da comunidade LGTBQI+ e entre os pontos revelados ela fala sobre a saída de um patrocinador.
Se a agenda ESG é a bandeira da maioria das empresas que adotam melhores práticas ambientais, sociais e boas práticas administrativas para explicitarem sobre as suas ‘inclusões’ e essas se tornarem modelo para o aprimoramento de outras empresas, como encaramos esse fato de quebra de patrocínio pela revelação de um ‘fato inclusivo’? Quantos outros podem ter ocorrido por questões de sexo, cor da pele, idade, deficiência física e intelectual ou qualquer outra diversidade? Esses são os ecos do nosso Social?
Bem, temos muito a caminhar, muito a discutir e compreender e, para isso, temos entidades a auxiliarem as empresas a falarem e agirem com setores fora de suas realidades cotidianas, ou fora da ‘normalidade estabelecida’ para que possamos atingir, no mínimo, um nível de equilíbrio suportável para vivermos de forma mais digna e respeitosa em uma sociedade global.
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