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Liderança inclusiva é a resposta

Confira o mais recente artigo assinado por Carolina Cabral, CEO da Nimbi, no qual a autora traz uma reflexão acerca do que, de fato, as empresas entendem por representatividade dentro do universo corporativo, uma vez que muitas pregam, mas não praticam

Todos os dias, somos impactados no LinkedIn por publicações de empresas que se dizem apoiadoras da Diversidade e ressaltam a importância de compreender e aceitar as diferenças, sejam elas relacionadas ao gênero, à cor de pele ou à orientação sexual. Entretanto, de modo geral, o mundo corporativo ainda está muito longe de colocar em prática iniciativas que traduzam de fato o que tudo isso significa.

Especialmente no mês do Orgulho LGBTQIAP+, eu gostaria de falar abertamente sobre isso: existem sim ações pontuais para ampliar a representatividade; porém, tudo ainda é muito focado no operacional, como se a solução do problema residisse aí, ou como se essa pontualidade fosse capaz de solucionar todas as questões de aceitação que nos deparamos todos os dias dentro das empresas. Só que a raiz do problema é muito mais profunda.

Um observatório sobre Empregabilidade LGBT publicado pelo @diversidade23 revelou que 82% dos LGBTs entrevistados acreditam que ainda falta muito para que as companhias os acolham melhor. Tanto que somente 32% afirmaram se sentir acolhidos na empresa que trabalham atualmente ou em alguma outra pela qual já passaram.

O mesmo levantamento apontou que 35% dos LGBTs já sofreram discriminação no ambiente de trabalho - a maioria afirma que foi por colegas; 12% afirmam ter sido discriminados por gestores. Entre as situações mais comuns, ainda estão as piadas e comentários homofóbicos, algo que precisa ser combatido com ações incisivas da área de RH.

O cenário é muito delicado e traz consigo outras questões muito doloridas para o público LGBTQIAP+. Por exemplo, situações como as que mencionei acima levam muitos a optarem por não assumir sua orientação sexual. De acordo com a mesma pesquisa, 51% prefere não se expor por não achar necessário, e 22% não o fazem por medo de represálias de colegas. Ou seja: temos uma barreira cultural a ser descontruída.

Acredito ainda que o ponto básico para qualquer mudança começa quando a empresa deixa claro que expressões preconceituosas não são engraçadas e que, se isso ainda existe, é porque as pessoas precisam refletir sobre seus preconceitos, entendê-los e enxergar que precisam mudar.

Um outro ponto fundamental que eu gostaria de colocar é sobre a ocupação de cargos de liderança. Segundo dados do Instituto Ethos, apenas 13% dos LGBTs já ocupou um cargo de diretoria, enquanto 15% já estiveram em cargo de coordenação. A maior parte (54%) ocupa cargos de entrada, tais como analistas, assistentes e estagiários. Ainda hoje, apesar de toda a informação disponível em diversos canais, são oferecidas poucas oportunidades para o público LGBTQIA+ para cargos estratégicos.

Por incrível que pareça, as empresas ainda não compreenderam o significado do clichê “representatividade importa”. Se as pessoas não se veem nas empresas, elas passam a acreditar que não é possível. Na minha opinião, as empresas só vão conseguir evoluir nesse sentido se realmente se estruturarem, ou seja, criarem Comitês de Diversidade que desenhem ações efetivas para a atração de talentos nos recortes escolhidos, para a retenção destas pessoas e para o desenvolvimento de uma liderança inclusiva.

Sabemos que mudar a mentalidade das pessoas para alterar o cenário de discriminação vai além das políticas das empresas. São necessárias leis que protejam e incluam as minorias. Mas já que as empresas não conseguem mudar todo o contexto social, o papel delas é cada vez mais se tornar diversa e inclusiva dentro do seu ambiente, onde todos sejam tratados iguais independente da orientação sexual e identidade de gênero.

Tudo está ligado ao aculturamento das pessoas. Quanto mais educadas e aculturadas forem, menos preconceituosas e, com isso, criam menos bloqueios para as contratações e aceitação das minorias.

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