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Assédio no trabalho: uma rotina que não deveria ser rotina

Segunda parte do levantamento realizado pela Nielsen, o estudo “ELAS: Comportamentos e Barreiras”, apontou que o assédio no trabalho é algo presente na rotina de 46% das entrevistadas. A pesquisa também mostrou que para 75% das mulheres, a gravidez é usada como razão para terem seu trabalho questionado

Divulgação

De acordo com o estudo da Nielsen, cerca de 46% das entrevistadas disseram que o assédio no trabalho é algo presente em suas rotinas.

A Nielsen apresentou informações inéditas coletadas na segunda parte da pesquisa “ELAS: Comportamentos e Barreiras”. Desenvolvido em parceria com a Opinion Box, empresa especializada em pesquisas de mercado online, o levantamento tem como objetivo estimular a inclusão por meio das técnicas de pesquisa da companhia, além de entender o perfil das brasileiras em diferentes frentes, trazendo pontos de atenção nas questões sociais e no mercado de trabalho.

A atuação feminina no mercado de trabalho tem sido limitada por construções sociais. Ser mulher significa estar exposta a ser questionada sobre assuntos não relacionados à sua competência profissional (como com quem ficarão os filhos), desde o momento da entrevista até ao alcançar uma posição de liderança. Por isso, neste estudo, tentamos entender a percepção do público quanto a essas importantes temáticas que sempre precisam ser revisitadas em prol da mudança”, ressaltou Sabrina Balhes, Líder de Measurement da Nielsen Brasil.

O estudo foi realizado entre os dias 24 de fevereiro e 02 de março de 2022, por meio de um questionário online disponibilizado para 1000 pessoas de todas as regiões do país. Dentre os entrevistados, 69% eram mulheres, 24% homens e 7% optaram por não citar seu gênero. Os novos insights são relacionados às questões sociais e de comportamento do público feminino em sua vida familiar e no mercado de trabalho, além de abordar a percepção masculina sobre o papel de liderança das mulheres na vida profissional. Também foram explorados temas como assédio no trabalho (Mansplaining e Manterrupting), representatividade em propagandas em diversos segmentos, e impacto de anúncios sobre causas sociais para ambos os gêneros nos setores econômicos.

Abaixo, alguns dos destaques de questões sociais e de comportamento relativas ao público feminino:

 

Mansplaining / Manterrupting / Assédio no trabalho

Pela primeira vez, a Nielsen levantou dados sobre os conceitos de Mansplaining (quando um homem explica algo a uma mulher, desconsiderando que ela já saiba sobre o tema) e Manterrupting (interrupção masculina na fala de uma mulher a ponto de impedi-la de emitir alguma opinião). No caso do Mansplaining, 48% das mulheres entrevistadas familiarizadas com o termo relataram já terem presenciado esta prática no trabalho – número que é ainda maior no Manterrupting (54%). Em relação ao assédio no trabalho, 46% já sofreu ou presenciou.

Mesmo para Mansplaining e Manterrupting – que são formas pouco conhecidas de anular a mulher no ambiente de trabalho ou em outra esfera social – vimos que em 2022 estas práticas ainda estão acontecendo amplamente”, afirmou Sabrina.

 

Dificuldade sentida por mulheres grávidas para contratação

A grande maioria das entrevistadas acredita que a possibilidade de engravidar pode ser usada como empecilho em entrevistas de emprego. De acordo com o levantamento, 88% das respondentes concordam que a gravidez pode ser considerada um motivo para não as contratar. Além disso, 75% delas afirmam que isto pode ser uma razão para questionar sua capacidade de trabalho. O estudo revelou ainda que apenas 13% discordam da afirmação, enquanto 12% são indiferentes em relação ao assunto.

 

Mulheres são mais perguntadas sobre terem filhos em entrevistas de emprego

Além do fato da gravidez ter influência em uma possibilidade de contratação, três em cada quatro mulheres (75%) afirmam terem sido perguntadas em entrevistas de emprego sobre ter filhos e com quem deixariam as crianças para poderem trabalhar. Entre os homens, a taxa é de 69%. O levantamento também mostrou que 23% das entrevistadas acreditam que esse tipo de pergunta atrapalhou a entrevista – número que para os homens ficou em apenas 8%.

 

Público feminino aponta tarefas de casa entre principais atividades diárias

As mulheres ainda estão muito mais envolvidas com atividades domésticas do que os homens. Enquanto 22% das entrevistadas responderam que cuidar da casa é sua principal atividade durante o dia, entre os homens este índice é de apenas 2%. Os afazeres em casa ficam atrás apenas do trabalho (50%) entre as mulheres.

O levantamento forneceu também um recorte étnico-racial sobre o assunto. Segundo os dados, quando perguntadas sobre tarefas diárias, pessoas pretas e pardas são as principais desempregadas e pessoas brancas, as principais aposentadas. Os números revelaram que 25% dos respondentes que se declararam pretos/pardos não possuem emprego, enquanto este número entre os brancos é de 7%. Em relação aos aposentados, 9% dos brancos se encontram nessa condição contra 8% de pretos/pardos.

 

Maior parte dos homens acredita na igualdade entre os gêneros no trabalho

A pesquisa mostrou que a maioria do público masculino entrevistado (68%) acredita que as mulheres são tão capazes quanto os homens de exercer as mesmas funções no trabalho. Em contraste, apenas 16% pensam o oposto, sendo principalmente na faixa etária acima de 55 anos. Quando perguntados sobre como se sentem em relação a mulheres em cargos mais altos ou de liderança, 58% responderam que se sentem confortáveis contra 13% que declararam não se sentir à vontade.

 

Sentimento de representatividade em propagandas na TV e Internet

Em relação ao sentimento de representatividade em propagandas na internet e na televisão, pessoas pretas (50%) e com mais de 55 anos (47%) são as que menos se enxergam em anúncios publicitários. Quando o recorte é gênero, as mulheres (32%) se sentem mais representadas que os homens (28%). Por sua vez, a comunidade LGBTQIA+ é a que está mais incerta sobre o assunto, com 41% respondendo que não tem certeza sobre a representatividade.

 

Mulheres compram mais produtos de marcas apoiadoras de causas sociais

O estudo também buscou entender a percepção do público sobre marcas que apoiam causas sociais. Os dados mostram que 46% das mulheres compram produtos de marcas que se apresentam como socialmente responsáveis, índice que entre os homens fica em 34%. Apesar da quantidade de mulheres que efetuam compras, 51% delas acreditam que as marcas o fazem em benefício próprio e não para apoiar causas, mesmo percentual dos homens.