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O quinto dia da Maratona do 25º Congresso apresenta, na íntegra, as participações de Cassuça Benevides (Instituto Kabu), Eric Terena (Mídia Índia), Luciene Kaxinawá e Juliana Radler (Rede Wayuri).
A 25ª edição do Congresso Mega Brasil de Comunicação, Inovação e Estratégias Corporativas aconteceu na Unibes Cultural, um dos espaços culturais mais emblemáticos de São Paulo e do Brasil. Sob a temática central “Diversidade, Conectividade e Credibilidade – A Era da Comunicação Transformadora”, a edição deste ano trouxe para o público uma programação com diversas palestras pensadas em assuntos que pautam a nossa sociedade de hoje.
E dando continuidade aos trabalhos desta 25ª edição, na manhã do dia 18 de agosto, o Congresso realizou a sua primeira Mesa-Redonda, focada na Comunicação. Intitulada “Comunicação – A nova arma dos povos originais da Amazônia”, a palestra abordou como a Comunicação pode, e deve, ser utilizada como uma arma para a projeção de assuntos relacionados aos povos indígenas, uma vez que a mídia tradicional não aborda essas questões da maneira como deveria.
E marcando presença nesta primeira Mesa-Redonda, tivemos as participações da jornalista Cassuça Benevides, Coordenadora de Comunicação do Instituto Kabu; do jornalista Eric Marky Terena, fundador da Mídia Índia; da jornalista Luciene Kaxinawá, primeira repórter indígena para a TV; e da jornalista Juliana Radler, idealizadora da Rede Wayuri, que participou remotamente diretamente de Manaus. A mediação ficou por conta do jornalista Leão Serva, Diretor de Jornalismo da TV Cultura.
O discurso que predominou durante todo o painel, entre todos os palestrantes, foi a questão da comunicação falha quando nos referimos a abordagem que ela dá – ou a falta de abordagem – dos assuntos voltados aos povos indígenas. É unânime entre todos os palestrantes que a mídia tradicional não fala sobre o assunto, seja por motivos de desconhecimento, seja por motivos políticos, seja por pura falta de interesse mesmo, mas o fato é que, falar sobre povos indígenas ainda é um assunto considerado tabu pela imprensa.
“Durante muito tempo, os assuntos relacionados aos indígenas não eram tratados pela imprensa porque eram considerados assuntos que não eram do interesse. E quem cala, consente”, comentou Eric Terena, durante sua participação no Congresso.
E para tentar reverter essa situação, e cada vez mais dar voz a esses povos indígenas, esses quatro convidados deste painel vêm desenvolvendo projetos e ações cujo objetivo é fazer com que os indígenas, e as questões relacionadas a eles, possam ocupar o seu lugar de direito na grande imprensa e, mais do que isso, na sociedade. A missão de cada um deles é formar jovens e promissores comunicadores indígenas, que possam ajudar a levar as questões indigenistas para além das fronteiras dos seus povos. Tais processos não apenas permitem que a sociedade conheça melhor eles, mas também é uma maneira de fortalecer a cultura deles próprios.
“São muitos os desafios, principalmente políticos, mas a gente continua aí no trabalho de levar narrativas verdadeiras, que contribuem para o combate às fake news”, disse Juliana Radler, durante sua participação no Congresso.
Os povos indígenas, hoje, são os maiores ativistas da defesa dos seus próprios direitos e do meio ambiente. E muito do que estamos vendo hoje na mídia, é graças a eles, pois quem melhor do que eles próprios para exporem suas questões. Porém, infelizmente, o indígena ainda não tem um lugar de fala, porque ele ainda é visto como um tutelado.
“Eu tenho uma missão de dar voz, vez e espaço àqueles que não têm essa chance. Então esse foi um dos grandes motivos pelos quais eu escolhi fazer Jornalismo. Essa é a minha arma”, reiterou Luciene Kaxinawá, durante sua participação no Congresso.
E por falar em arma, no atual cenário em que estamos vivendo, os palestrantes também frisaram que os celulares e as redes sociais se tornaram armas da Comunicação porque nesses espaços são denunciadas situações que precisam de atenção e medidas urgentes, além de chamar a atenção para a desconstrução de estereótipos criados em relação aos povos indígenas do Brasil.
“Eu acho que o ponto primordial para melhorar essa comunicação dos povos indígenas é entender a grande variedade desses povos tradicionais, além do contexto do que é a Amazônia. E claro, falar de coisas boas também. Da importância dos povos para a valorização do meio ambiente”, disse Luciene.
“A Comunicação é uma ferramenta muito poderosa. Comunicar é falar e ter alguém para te escutar. E o nosso desafio é chamar a atenção para a grande mídia”, finalizou Luciene.
A apresentação na íntegra do painel “Comunicação – A nova arma dos povos originais da Amazônia” encontra-se disponível logo abaixo, a partir das 13h. Esta edição especial, presente na Maratona do 25º Congresso, conta com comentários em estúdio da jornalista Veronica Goyzueta, correspondente estrangeira e que no Brasil gerencia as atividades do Amazon Rainforest Journalism Fund, além de integrante da plataforma global de Jornalismo Sumaúma.
O capítulo também traz entrevistas exclusivas com os palestrantes Erick Terena e Luciene Kaxinawá, feitas pela nossa colega Regina Antonelli logo após a apresentação do painel.
Fique ligado porque nos próximos dias têm muito mais! A cada dia, um capítulo do Congresso será disponibilizado, sempre a partir das 13h.
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