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O oitavo dia da Maratona do 25º Congresso apresenta, na íntegra, as participações de Fábio Zanini (Folha de S. Paulo), Octavio Costa (ABI) e Ricardo Gandour (ESPM).
A 25ª edição do Congresso Mega Brasil de Comunicação, Inovação e Estratégias Corporativas aconteceu na Unibes Cultural, um dos espaços culturais mais emblemáticos de São Paulo e do Brasil. Sob a temática central “Diversidade, Conectividade e Credibilidade – A Era da Comunicação Transformadora”, a edição deste ano trouxe para o público uma programação com diversas palestras pensadas em assuntos que pautam a nossa sociedade de hoje.
E dando continuidade aos trabalhos desta 25ª edição, na manhã de 19 de agosto, o Congresso realizou o Fórum do Pensamento. Intitulado “Autoritarismo, intolerância e ameaças à liberdade de imprensa. Qual o futuro do Jornalismo nesse contexto?”, o bate papo propôs uma reflexão acerca dos possíveis caminhos que o Jornalismo poderia seguir daqui por diante, tendo em vista o atual cenário conturbado em que estamos vivendo, cercado pelo autoritarismo e intolerância, questões que ameaçam e batem constantemente de frente com a liberdade de imprensa.
E marcando presença no Fórum do Pensamento deste ano, o Congresso recebeu Fábio Zanini, Editor do Painel da Folha de S. Paulo; Octavio Costa, Presidente da ABI; e Ricardo Gandour, professor da ESPM, que participou de modo remoto diretamente do Rio de Janeiro. A mediação ficou a cargo de Armando Medeiros, Vice-Presidente da Associação Brasileira de Comunicação Pública.
Abrindo as discussões tivemos a apresentação do professor Ricardo Gandour, da ESPM, que falou sobre a questão do desprestígio da imprensa ao longo dos anos.
Ele começou a sua apresentação citando que os meios digitais mexeram de forma muito forte com as variáveis de tempo e distância. E, não por acaso, o grande efeito provocado por essa crescente dos meios digitais foi o encurtamento do tempo e da distância, uma vez que a notícia de hoje chega muito mais rápido e a muito mais lugares em um curto período de tempo e de espaço.
E dentro deste contexto, temos a imprensa, que com o seu caráter institucional, exerce um papel de mediador nesta sociedade organizada, uma vez que esse caráter mediador é algo que se encontra em sua gênese. Contudo, o professor, ao seu ver, acredita que esse papel de mediador está cada vez mais ameaçado e enfraquecido no atual cenário em que vivemos, por conta, justamente, do encurtamento do tempo e da distância, e isso, segundo ele, traz consequências relevantes para o meio e para a sociedade.
“O enfraquecimento do poder de mediação traz sérios riscos às instituições. Quando as instituições se enfraquecem, a sociedade fica à mercê de vontades. E isso é um retrocesso”, disse Gandour durante sua participação no Congresso.
O professor encerrou a sua participação afirmando que, para ele, para que haja um resgate desse poder de mediação, e, consequentemente do fortalecimento da questão de tempo e distância, é necessário que haja um resgate de algum tempo institucional. Mais que isso, é necessário que todos os atores da sociedade atuem de maneira que esse resgate consiga ser feito.
“Ao mesmo tempo que esse novo cenário trouxe a universalização e a integração, ele acarretou no enfraquecimento do poder de mediação”, finalizou Gandour.
Dando continuidade às apresentações, a palavra foi dada ao jornalista Fábio Zanini, da Folha de S. Paulo, que falou sobre os desafios da imprensa no atual cenário.
O jornalista iniciou sua apresentação afirmando categoricamente que a imprensa brasileira – o que inclui os jornalistas brasileiros – estão sob ataque. E esses ataques são múltiplos – ataques físicos, verbais, redes sociais, Governo, cancelamentos.
Porém, ele emenda dizendo que, para ele, isso não é uma novidade. “A imprensa sempre esteve sob ataque do Governo. Mas no caso deste atual Governo, esse ataque vem de uma maneira mais extrema, por conta de termos um líder extremista”, reiterou Zanini durante sua participação no Congresso.
A imprensa está sendo desafiada de muitas maneiras. A primeira delas, segundo Zanini, vem da transformação do meio, ou seja, das novas maneiras de se fazer Jornalismo e de disseminar a informação, que hoje em dia acontece de modo muito mais fragmentado. E a outra maneira, vem da alimentação do populismo. Com isso, a marca do Jornalismo é afetada, uma vez que ela vem sendo constantemente questionada sobre a sua credibilidade.
“Mas eu consigo ver uma coisa positiva neste cenário. Isso tirou o Jornalismo do comodismo. Essas novas formas que estão surgindo desafiam o Jornalismo tradicional a se reinventar, a sair da zona de conforto. Mas, ao mesmo tempo, isso provoca um diluísmo das informações. Esse é um contexto muito desafiador para o Jornalismo. E isso deixa a imprensa muito mais vulnerável”, disse Zanini.
A imprensa continua tendo o seu lado importante, e isso sempre terá, porém, por estar vulnerável, abre espaço para o ataque e para as críticas. Com isso, começa-se a questionar também a essência do Jornalismo, pois as pessoas enxergam que o Jornalismo deveria ser apenas um reprodutor neutro da notícia.
E esse contexto todo, segundo Zanini, se exacerba nesse momento atual, que estamos às vésperas das eleições. Como lidar com agressões? Como não cair nas fake news? O segredo, de acordo com Zanini, é manter a calma, sempre.
“Esse cenário todo vem numa crescente, e acho que isso começa em 2013 e se cristaliza com o Bolsonaro. Não acho que esse cenário vá mudar, independentemente do Governo que estiver no poder”, finalizou Zanini.
Por fim, a palavra foi dada a Octavio Costa, da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), que ressaltou a importância da instituição no combate aos desafios vividos pelo Jornalismo atual.
O Presidente ressaltou que, no momento, a maior preocupação da ABI tem sido com a segurança dos jornalistas, uma vez que o maior medo deles têm sido esses constantes ataques que esses profissionais têm sofrido. E, nas palavras de Costa, tudo isso se intensificou neste atual Governo. “Uma pessoa que ataca do jeito que ataca a imprensa, que ataca do jeito que ataca o Judiciário, que ataca do jeito que ataca o público, abre espaço para essa violência. É óbvio que as coisas vão se agravar nesses próximos, é óbvio que as coisas vão ficar mais difíceis, é óbvio que o trabalho será mais árduo”, disse Costa.
Ele relembrou, saudosamente, do tempo em que ainda existiam as redações e os jornais, que hoje já não existem mais. Hoje, porém, a nova realidade é que essa imprensa vem perdendo espaço, principalmente por conta das mídias sociais.
“O veículo muda. Mas a notícia continua. Só que não dá mais para falar desse Jornalismo convencional”, encerrou Costa.
A apresentação, na íntegra, do Fórum do Pensamento encontra-se disponível logo abaixo, a partir das 13h. Esta edição especial, presente na Maratona do 25º Congresso, conta com comentários em estúdio do escritor e jornalista, Carlos Monforte, um dos primeiros âncoras da TV brasileira.
O capítulo também traz uma entrevista exclusiva com o palestrante Otavio Costa feita pela nossa colega, a jornalista Cristina Vaz de Carvalho logo após a apresentação do painel.
Fique ligado porque nos próximos dias têm muito mais! A cada dia, um capítulo do Congresso será disponibilizado, sempre a partir das 13h.
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