Logo Logo Logo Logo Logo

100 anos do rádio no Brasil: veículo ainda traz oportunidade única para empresas

A jornalista Maíra Gioia (foto) analisa a forma como o rádio vem se transformando e se adaptando às novas tecnologias e modelos de negócios, se tornando um veiculo importante para o surgimento de oportunidades para empresas e porta-vozes mostrarem conteúdo em um veículo de comunicação e não apenas de transmissão de informação

O rádio, desde seu início nas primeiras décadas do século 20, surge como mídia com potencial para uma comunicação de dupla-via, como observava o dramaturgo, poeta e teórico alemão Bertold Brecht quando elaborou sua Teoria do Rádio. Brecht antecipava naqueles primeiros anos da então nova mídia um anseio dos ouvintes que percebemos presente até hoje: a vontade de participar. Ele pensava o rádio como um veículo de “dupla mão” por sua característica, até então inédita, de emissão e recepção de informações, em nível massivo, a partir da comunicação com os ouvintes e, mais do que isso, por sua capacidade de inserir-se no debate público.

É exatamente nessa esfera que surgem excelentes oportunidades para empresas e porta-vozes mostrarem conteúdo em um veículo de comunicação e não apenas de transmissão de informação. Um veículo que ganhou evidência e amplitude a partir da mobilidade garantida por novas tecnologias, as quais permitiram que as ondas do rádio fossem sintonizadas por aparelhos cada vez mais portáteis.

Essa nova condição imprimiu ao rádio uma característica única: falamos aqui da possibilidade de permitir ao ouvinte que faça uso de outros meios enquanto executa outras ações. E ele expande sua abrangência com o boom dos podcasts, que tornam determinadas programações perenes e traz nova vida a esse veículo.

Devemos considerar ainda que o rádio chegou ao século 21 com uma nova roupagem. Um veículo que assume funções nas mídias sociais e em portais de notícias, mas que ainda mantém sua principal atuação no conteúdo sonoro, mostrando sua pluralidade. Percebe-se que o rádio é um veículo que soube assimilar as inovações comunicacionais e se faz valer disso para impulsionar o setor. Isso desde as primeiras transmissões no Brasil, que completaram 100 anos no dia 07 de setembro de 2022. Foi durante a Exposição do Centenário da Independência, em 1922, que houve a primeira tentativa significativa de popularizar o recente meio eletrônico em solo brasileiro. Alto-falantes instalados em meio às atrações do evento disputaram a atenção do público. Eram as demonstrações experimentais de radiotelefonia realizadas por companhias norte-americanas na estação do Corcovado e na Praia Vermelha, no Rio de Janeiro.

As dificuldades para atingir o público no início das transmissões são praticamente esquecidas quando nos deparamos com pesquisas que aferem o alcance do rádio atualmente. Entre abril e junho de 2018, por exemplo, o meio rádio foi ouvido por 86% da população brasileira nas 13 regiões metropolitanas nas quais é feito o levantamento Book de Radio pela Kantar IBOPE Media. De acordo com a pesquisa, os ouvintes reconhecem o rádio como um meio ágil, compreensível e confiável. Três em cada cinco ouvem o meio todos os dias. O tempo médio diário dedicado à atividade de ouvir rádio, segundo a pesquisa, é de 4 horas e 4 minutos. E, ao contrário do que se pode imaginar, o consumo do meio é popular entre os mais jovens. O rádio está entre aqueles que têm entre 20 e 34 anos: 89% deles escutaram nos 90 dias que antecederam o levantamento.

Nota-se, portanto, que o primeiro veículo eletrônico de comunicação de massa é, na atualidade, uma plataforma na qual encontramos características referentes ao modo de ser e estar no mundo do homem contemporâneo e que, apesar de todo o leque de opções proporcionado pelas mídias digitais, o rádio é um veículo em constante metamorfose e que se mostra absolutamente capaz de sobreviver aos desafios. Prova disso é o levantamento feito pela Deloitte Global, empresa de auditoria e consultoria, que previu que a receita global de rádio chegaria a US$ 40 bilhões em 2019, um aumento de 1% em relação a 2018.

Mais do que o movimento financeiro, a pesquisa também apontou a perspectiva de alcance do público. De acordo com o levantamento, 85% da população adulta segue ouvindo rádio pelo menos uma vez por semana nos países considerados desenvolvidos. Outro destaque é quanto à possibilidade de superação da audiência da televisão entre o público mais jovem. Nos Estados Unidos, a pesquisa previu que mais de 90% dos jovens de 18 a 34 anos ouviriam rádio em 2019. Na contramão segue a audiência da TV entre essa mesma parcela. Nos Estados Unidos, a audiência da televisão mostra queda. O recuo chega a três vezes em relação à taxa do rádio. O levantamento considera que, nesse patamar, os americanos na faixa etária citada, provavelmente, passarão mais tempo ouvindo rádio do que assistindo TV tradicional até 2025.  

Autor: 233