Segundo dados do IBGE, a expectativa de vida dos brasileiros aumentou 31,1 anos desde a década de 1940. Para os nascidos em 2019, a expectativa de vida da mulher é de 80,1 anos e a do homem, 73,1. Ainda segundo o IBGE, ultrapassamos o número de 30 milhões de idosos em 2017.
Observando esses dados, é fácil perceber que, em algum momento no futuro, as linhas da população de jovens e idosos se cruzarão. Será que as inovações tecnológicas desse futuro serão inclusivas? Se não mudarmos algo hoje, creio que não.
Os que chamamos hoje de idosos já foram muito hábeis em alta tecnologia. As décadas de 1960, 70 e 80 foram marcadas por várias inovações tecnológicas, sem falar na década de 1990 que popularizou o computador pessoal. Essas pessoas operaram modernos equipamentos de Telex, depois treinaram para utilizar os fantásticos aparelhos de Fax. Dominavam um PABX como ninguém e sabiam programar o “siga-me” da linha telefônica! São alguns dos muitos exemplos de tecnologias de ponta que foram utilizadas pelos profissionais hoje seniores e aposentados.
Atualmente, muito da administração de nossas vidas foi transferida para aplicativos móveis. Essas aplicações não são simples, basta você tentar recuperar uma senha para perceber o quão complexa e frustrante pode se tornar essa tarefa. Ter que navegar em vários menus nada intuitivos de uma Smart TV para achar seu programa favorito? E ainda por cima utilizando um controle remoto com dois botões minúsculos? A impressão do número em uma cédula de Real tem cerca de 1,3 centímetros de altura; já observou o tamanho dos números do seu saldo no aplicativo do banco? Uns 3 milímetros. Claro, podemos ativar as opções de acessibilidade no celular, mas eu desafio você, leitor de qualquer idade, a usar o aplicativo do banco com acessibilidade.
Mas e aí, qual o ponto? Imagine-se com setenta e poucos anos, ou então observe os idosos mais próximos, quais sentimentos viriam à tona ao sentir toda a dificuldade de operar tecnologias antipáticas, complicadas e pouco acessíveis? O quanto isso aumenta o isolamento e o sentimento de inutilidade dos nossos heróis de outrora?
Para além dessa reflexão, sugiro que pensemos em inovações tecnológicas, ou não tecnológicas, que permitam ao idoso o desempenho pleno de suas capacidades, que mantenham seu interesse em coisas novas pela empatia, pela facilidade de uso e acesso.
Vejo no uso de assistentes de voz uma das soluções possíveis nesse sentido. O uso da linguagem natural e reconhecimento de voz poderia desbloquear a complexidade e aumentar o uso das tecnologias e aplicativos existentes. Encontrar seu programa preferido, gravar lembretes, iniciar videochamadas com amigos e familiares, chamar um carro de aplicativo, tudo de forma natural e intuitiva.
O conceito de “Iot – Internet das coisas” – pode ser utilizado para monitorar e automatizar tarefas simples do dia-a-dia. Familiares, amigos, médicos etc., poderiam atuar a distância para apoiar o idoso. É sem fim o número de possibilidades.
Veja-se em algum lugar do futuro, imagine quais seriam suas dificuldades e inove. Procure soluções que mantenham o desejo e apetite pela vida em todas as suas fases.
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