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O autismo chega ao mercado de trabalho

Cerca de 1 a 2% da população mundial apresenta algum sintoma do Transtorno do Espectro Autista - o TEA. No Brasil, é estimado que 2 milhões de pessoas apresentem sinais do transtorno. O desafio de promover a inclusão de pessoas neuro divergentes no ambiente de trabalho, de forma a torna-las independentes, vem crescendo nas empresas. Este é o caso da SAP que mantém o projeto global Autism at Work.

Divulgação / SAP

A gerente de Recursos Humanos da SAP Brasil, Eliane De Mitry, é a convidada do Comunicação S/A dessa semana.

Cerca de 1 a 2% da população mundial apresenta algum sintoma do Transtorno do Espectro Autista - o TEA. No Brasil, é estimado que 2 milhões de pessoas apresentem sinais do transtorno. Cada vez mais se faz necessária a inclusão de pessoas neuro divergentes no âmbito trabalhista e apesar do ainda baixo número de corporações adotando medidas de acessibilidade, é possível observar, na prática, o que algumas delas estão fazendo para mudar este cenário.

O projeto Autism at Work, implementado globalmente pela SAP, tem como objetivo oferecer apoio aos candidatos com TEA durante e após o processo de contratação, oferecendo diversos recursos para facilitar o êxito do funcionário. A iniciativa, que teve início na Alemanha em 2013, foi introduzida na sede brasileira em 2015. A princípio, a multinacional reservou para o programa somente cargos em áreas técnicas por acreditar que os candidatos teriam mais facilidade nestas atividades. Com o passar do tempo, vagas em outras áreas também foram preenchidas por pessoas com o Espectro Autista, que hoje participam em mais de 20 funções diferentes dentro da empresa: “Nós fomos percebendo que essas pessoas podem estar em várias áreas, porque essas habilidades, vamos chamar assim, tecnológicas, ou de inovação, e foco no trabalho estão presentes em várias áreas, não só áreas técnicas”, diz Eliane De Mitry, Gerente de Recursos Humanos da SAP, e uma das responsáveis pela implementação do programa no Brasil.

De acordo com a executiva, para que o projeto fosse efetivamente absorvido pela companhia, foi necessária a realização de workshops com os demais funcionários antes da contratação de pessoas com TEA. Neste processo, tanto o contratado quanto a equipe têm acompanhamento de profissionais durante todo o período necessário. Além disso, a SAP conta com a parceria da Specialisterne, organização dinamarquesa sem fins lucrativos e que se dedica à introdução e adaptação de pessoas autistas no mercado de trabalho, assim como suporte às empresas. 

Eliane De Mitry, que também é formada em Psicologia, ressalta a importância da política de inclusão nas empresas e relembra o percentual de 90% de sucesso nas contratações. “Cada empresa precisa encontrar a sua porta de entrada [...] Muitas vezes me convidam para compartilhar a experiência para gerentes, profissionais de RH, ou para times de diversidade. Isso ajuda muito também. [...] Eu falo da nossa experiência, mas também sempre insisto para que identifiquem quais programas que já existem na empresa que poderiam ser uma boa porta de entrada para a contratação de pessoas com autismo”.

Empresas com propostas similares à da SAP, hoje a veem como referência na questão da inclusão e acessibilidade, “Essas empresas me procuram ou porque já têm um programa e querem desenvolver e crescer mais. Ou às vezes tem uma ou duas pessoas já contratadas, estão tendo dificuldades e querem saber como a gente lidou com elas. E assim criamos um vínculo de troca com essas empresas. Eu sou mais procurada por empresas que ainda não implementaram qualquer iniciativa, mas querem muito”. Além de comandar este projeto, Eliane se diz disposta a ajudar empresas e colegas da área que tenham interesse em abrir mais portas no mercado de trabalho. Eliane De Mitry, Diretora de Recursos Humanos da SAP, foi entrevistada sobre este tema no programa Comunicação S/A desta semana. Clique aqui para ouvir a íntegra do podcast. Ou clique aqui para assistir a entrevista. Disponível, também, no Spotify.