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Luciene Kaxinawá agora faz parte do time de comunicação da Podáali – Fundo indígena da Amazônia Brasileira, criado e gerenciado por indígenas e composto 95% por pessoas de diferentes povos da região
Em outubro, Luciene Kaxinawá deixou seu estado de origem, Rondônia, para começar uma nova caminhada dentro do âmbito da comunicação e movimento indígena. A jornalista, que ficou conhecida por ser a primeira jornalista indígena da TV Brasileira, passou a administrar o setor de comunicação do Podáali – Fundo indígena da Amazônia Brasileira, criado e gerenciado por indígenas e composto 95% por pessoas de diferentes povos da região.
O Podáali é uma conquista do Movimento Indígena Amazônico, da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) e de seus parceiros na busca pela proteção e conservação territorial e da biodiversidade das terras indígenas da Amazônia. Ele foi criado com o propósito de apoiar planos e projetos de vida dos povos, comunidades e organizações indígenas, que reforcem a autodeterminação e protagonismo, valorizem as culturas e modos de vida, fortaleçam a sustentabilidade e promovam a gestão autônoma de territórios e recursos naturais
Podáali, na língua do povo Baniwa do tronco linguístico Aruak, significa “doar sem querer receber nada em troca”. É sinônimo de celebração, reciprocidade e promoção da sustentabilidade para o bem viver dos povos indígenas. O Podáali tem como missão promover e fortalecer a autonomia, os direitos indígenas, a gestão territorial e ambiental sendo referência na captação, gestão e repasse de recursos para povos, organizações e comunidades indígenas da Amazônia Brasileira.
“É um desafio muito grande pra mim está à frente da comunicação desse mecanismo que é tão importante para os povos indígenas, levar a informação do que acontece aqui fora também não é fácil por isso contamos muito com as redes e organizações como a Coordenação das organizações indígenas da Amazônia Brasileira e com a Rede de Jovens Comunicadores”, diz Luciene.
Sobre a expetativa para o futuro e para a comunicação, a jornalista fala sobre os Desafios da comunicação para comunidades indígenas em localidades distantes: “Novos e maiores desafios ainda vêem pela frente, agora é encarar todos desafios que virão juntos, porque nem todas as comunidades tem acesso à internet e são difíceis de acessar.”
Luciene conta que a entidade está prestes a lançar o primeiro edital do Fundo, que tem como objetivo apoiar iniciativas de povos, comunidades e organizações indígenas da Amazônia brasileira nas linhas: gestão e proteção territorial e ambiental indígena; economia sustentável e soberania alimentar; e o fortalecimento institucional e promoção de direitos dos povos indígenas da Amazônia Brasileira. “Precisamos acessar essas comunidades, precisamos pensar bem nas estratégias de comunicação que vamos utilizar a partir de agora”, afirma.
Luciene Kaxinawá foi primeira jornalista indígena da TV Brasileira e atua na área desde os 18 anos de idade. A profissional despertou o desejo de seguir a profissão trabalhava como menor aprendiz no setor de jornalismo de uma emissora de TV afiliada da Globo em Porto Velho, aos 16 anos. Hoje, a jornalista, que pertence ao povo Huni Kuin, predominante no estado do Acre, tem 26 anos e não pretende parar por aí. “Eu tenho sonhos e metas ainda que pretendo realizar e alcançar, esse é apenas o começo de uma longa jornada de lutas e conquistas”, finaliza com entusiasmo.