Alan Cativo: "Imprensa perdeu a centralidade, mas não a autoridade"
Empresas do ramo de comunicação que se mantiverem restritas ao campo da comunicação tenderão a ser mais impactadas pelo atual cenário político-econômico-tecnológico – uma tríade de circunstâncias em parte transitória e em parte definitiva que modificou as bases do mercado e as possibilidades para atuar nele. No caso do Brasil, as incertezas políticas e sua manifestação econômica tornaram mais agudas e aceleradas transformações anteriormente atribuídas principalmente às novas tecnologias, estas sim disruptivas, e não os descaminhos da política partidária.
Na região Norte, esses impactos chegam por reverberação. E seus efeitos tendem a impactar principalmente empresas com pouca ou nenhuma participação no pacote de compras de serviços do Governo, principal cliente da área de comunicação. Outros setores, como mineração, indústria e comércio, reduziram ou modificaram seu perfil de compra. E em um mercado regional já habituado a orçamentos de comunicação enxutos, talvez os traços locais mais visíveis da economia em recessão é a internalização de serviços de comunicação nas empresas e o surgimento de novas pequenas agências, com baixo custo e portfólio modesto. Ou seja, o barateamento geral dos serviços de comunicação.
Mas com ou sem os impeachments de uma recessão, a questão há algum tempo posta para empresas e profissionais é sobre qual o papel da área de comunicação para organizações. Uma questão paralela já foi dirigida aos colegas jornalistas, sobre qual papel da imprensa em uma sociedade super conectada, geradora e difusora de conteúdo. Aprendemos na última década que a imprensa perdeu a centralidade, mas não a autoridade. Isso indica algo para os profissionais de comunicação empresarial.
Na Temple acreditamos que a área da comunicação é ponto de partida – e não fim em si. É uma visão que encoraja e que guia para atualizar portfólio, reorientar equipes, revisar modelos de atuação. Adaptar, transformar e talvez inovar. Ou no mínimo inovar-se, o que já é muito.
Um caminho é ressignificar o papel da comunicação para empresas e instituições. Gerar conhecimento e estratégia é talvez o caminho mais seguro para preservar a autoridade desse papel profissional, e talvez sua centralidade. Na Temple demos um passo importante nesse percurso, por meio do Horizonte Social, um sistema online capaz de interpretar tendências comportamento de públicos a partir de dados sobre quem são e o que pensam grupos sociais de interesse de empresas e instituições. A soma das informações dá forma a cenários sociais capazes de antecipar riscos e orientar gestores a decidir com evidências de alta qualidade suas estratégias de diálogo e comunicação.
A plataforma está em campo. Em determinada região da Amazônia capturamos as percepções sociais de populações em cinco municípios para permitir que um cliente do setor mineral possa, ao fim de tudo, reaprender a dialogar com o mundo ao redor.
Dezoito anos de experiências em comunicação social em quase 30 casos de licenciamento ambiental na Amazônia, Nordeste e Centro-Oeste, combinados a um turbulento cenário político-econômico-tecnológico, produziram isso: adaptação e inovação em um mercado de comunicação em transformação. Nossa experiência permite redizer: comunicação é ponto de partida, não fim em si.
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