Professora no Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), vice-presidente no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo e assessora na área de Diversidade Étnico-Racial nas Organizações.
Glória Maria, jornalista de talento excepcional, foi também uma mulher muito corajosa e muito forte. Não deve ter sido nada fácil ultrapassar as barreiras e conquistar um espaço em áreas de prestígio e visibilidade nas quais as mulheres negras permanecem ausentes ou apenas como exceção.
A sua presença inspirou várias gerações de jovens negras que optaram pelo Jornalismo, mas que ainda hoje encontram enormes dificuldades para o desenvolvimento de sua carreira. Recentemente, temos observado a crescente presença de repórteres negras nas mais diversas emissoras, mas pouquíssimas atuando como apresentadora, âncora, enviada especial ou correspondente internacional.
Ainda assim, jornalistas negras costumam ser alvo de intolerância e de comentários racistas nas redes sociais. Seus erros são maximizados, apontados, destacados e ampliados como não se faz com nenhum outro profissional.
Diversidade não se alcança com exceções. A contratação de algumas pouquíssimas profissionais, cuja presença não chega nem mesmo a uma porcentagem de dois dígitos, mas que costuma ser devidamente destacada como estratégia de marketing, não significa compromisso com a diversidade.
Da mesma forma, definir os lugares que essas profissionais poderão ocupar e aqueles que permanecem interditados, também revela uma visão limitada e equivocada, mas devidamente justificada com argumentos como: “Melhor do que nada”, “já é um bom começo”, “não vai ser de uma hora para outra”. Tais afirmações demonstram a importância do protagonismo negro nesse processo e a urgência da pauta da diversidade, devidamente fundamentada nos objetivos da Década Internacional de Afrodescendentes e na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
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