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Pioneira do Jornalismo Econômico, a jornalista trabalhou nas redações do Jornal do Commércio e da Tribuna da Imprensa e era considerada uma das mais combativas repórteres da área econômica e costumava questionar autoridades
Faleceu neste sábado, 10 de junho, de insuficiência renal, a jornalista Rosa Cass, uma das pioneiras do Jornalismo Econômico brasileiro. Aos 97 anos, Rosa trabalhou nas redações do Jornal do Commércio e da Tribuna da Imprensa. Nascida em Campos de Goytacazes, sua família veio da Moldávia, fugindo da perseguição aos judeus. Começou tardiamente no Jornalismo, após fazer carreira como professora e pedagoga. Era considerada uma das mais combativas repórteres da área econômica e costumava questionar autoridades.
Especializou-se na cobertura do mercado financeiro e ajudou a formar uma geração de jovens jornalistas que estavam começando na carreira nos anos de 1980, 1990 e 2000. Rosa Cass ainda atuou como voluntária no Instituto Rogério Steinberg, onde treinou jovens carentes para refletir sobre o que acontecia - e editava o jornal do Instituto com matérias escritas por eles. Gostava muito de Literatura e era amiga pessoal de várias escritoras, como Clarice Lispector e Nélida Piñon, que a levou para assessorá-la em seu mandato na Academia Brasileira de Letras.
O presidente da Associação Brasileira de Imprensa, jornalista Octávio Costa, conviveu com Rosa Cass e lamentou profundamente a sua morte. "Rosa Cass foi uma jornalista aguerrida, questionadora e à frente do seu tempo. Ajudou a formar uma geração de jovens jornalistas, especialmente mulheres que estavam chegando à Editoria de Economia após a Ditadura. Deixa legado de luta e compromisso com o Jornalismo combativo."
O secretário de Fazenda do Governo do Paraná, o economista René Garcia Júnior, também conviveu profissionalmente com Rosa Cass quando foi da Comissão de Valores Mobiliários e da Superintendência de Seguros Privados – autarquias do Ministério da Economia - e tornaram-se amigos. “A jornalista Rosa Cass foi um exemplo de profissional. Dedicada, sempre responsável - e, acima de tudo, possuía raro dom para identificar um furo jornalístico. Tive o privilégio de conviver com ela como fonte e como amigo. Sua memória vai permanecer em nosso coração e na mente de seus amigos, admiradores e leitores.”
Seu Diretor e Editor no Jornal do Commércio por muitos anos, o jornalista Aziz Ahmed, se recorda da personalidade firme com autoridades, mas também doce com os amigos. “Conheci a Rosa desde os anos de chumbo, quando a cobertura econômica era a mais importante, até porque eram conhecidas as limitações dá editoria política no regime militar. O Brasil vivia um período de pujante crescimento. E a cobertura econômica se concentrava no Rio de Janeiro. Trabalhávamos em jornais diferentes. Rosa sempre chamou atenção pela ousadia, por sua aguçada curiosidade e pelas polêmicas com os entrevistados. Uma excelente e respeitada repórter, numa época que o jornalismo econômico era raro de presença feminina. Anos mais tarde, no início dos anos1980, quando fui dirigir a redação do Jornal do Commercio, trouxe a Rosa para a nossa equipe, onde ela trabalhou por longo período e consolidou uma fraterna amizade, não só comigo, mas com todos, absolutamente todos os seus companheiros de trabalho.”
Paulo Mendonça, ex-Superintendente-Geral da Andima (instituição do mercado aberto), destacou que “Rosa Cass representou o que de melhor existiu no jornalismo econômico de nosso país. Dona de um pensamento sempre critico, sua doce acidez infundia respeito e admiração.”
O jornalista Gilberto Menezes Côrtes, Editor do Jornal do Brasil, conviveu com Rosa Cass desde o começo no Jornalismo. “Rosa Cass foi uma das minhas referências femininas no jornalismo econômico. Aprendi muito com ela; a não me intimidar diante de um ministro, presidente de Banco Central, banqueiro ou grande empresário. Para ela não havia constrangimento para obter uma resposta em nome do leitor.”
As jornalistas Sônia Araripe e Ana Fonseca preparam um vídeo em homenagem a Rosa Cass pela passagem de seu recente aniversário, em abril de 2023. “Ela adorou a homenagem dos amigos de profissão e fontes. Ficou emocionada”, conta Ana Fonseca. Sônia Araripe, Editora de Plurale, destaca o papel pioneiro de Rosa em impulsionar outras mulheres jornalistas. “Ela era inspiradora. Cobrava muito das fontes, mas era suave nas cobranças. Me ensinou muito e também a outras colegas de redação.”
O velório está marcado para este domingo, dia 11 de junho, das 7h30 às 9h na Chevra Kadisha, na Rua Barão de Iguatemi 306, Praça da Bandeira; o enterro será no Cemitério Israelita de Belford Roxo, às 10h30.