Logo Logo Logo Logo Logo

No capitalismo de stakeholders, a sustentabilidade é a base para uma comunicação que funciona

O Boletim Sustentabilidade report traz, nesta semana, mais um artigo, desta vez, assinado pela jornalista, Flávia Ragazzo (foto), Head de Comunicação do Grupo report

Flávia Ragazzo, Head de Comunicação do Grupo report

Caso 1: o Greenpeace veicula um vídeo criticando uma gigante do setor de alimentos por comprar óleo de palma de empresas que destruíam a floresta tropical – as imagens incluem os dedos ensanguentados de um orangotango. Ao invés de lidar com a situação, a companhia tenta censurar o vídeo, tornando-o, é claro, viral.

Caso 2: uma grande varejista internacional de moda publica em seu site a imagem de um menino negro usando um moletom com os dizeres “coolest monkey in the jungle” (algo como “o macaco mais legal da floresta”). Naturalmente, a imagem gera uma onda de críticas online, incluindo a do pop star Abel Tesfaye, na época ainda The Weeknd.

Caso 3: o Presidente de uma petrolífera reclama que gostaria de ter a sua vida de volta durante uma visita a moradores da Costa do Golfo no pior vazamento de óleo da história dos Estados Unidos. A fala ganha manchetes no mundo inteiro e revela um porta-voz despreparado que, por fim, é destituído do cargo.

 

Nos três episódios, equipes inteiras de profissionais qualificados – e com olho treinado para crises – atuaram na concepção, aprovação e execução da estratégia de comunicação. A pergunta que fica é: ninguém notou nada de errado?

O pensamento de Sustentabilidade é a chave para essa resposta. No capitalismo de stakeholders, termo cunhado por Klaus Martin Schwab, economista e fundador do Fórum Econômico Mundial, as empresas não levam em conta apenas seus próprios interesses, mas os de toda a sociedade, incluindo aspectos ambientais, culturais, políticos, econômicos e outros. A Comunicação tem papel fundamental nesse cenário em que não basta informar diferentes públicos – é preciso envolvê-los e incorporar seus pontos de vista.

O impacto para os profissionais de Comunicação é enorme e vem se refletindo em uma complexidade cada vez maior no dia a dia de quem atua em Estratégia, Conteúdo, PR, Digital e outras frentes. O tema é extenso, mas há dois aspectos essenciais para uma Comunicação baseada na Sustentabilidade.

Primeiro, é preciso que exista diálogo constante com os muitos stakeholders de uma empresa – e por diferentes canais. Essa prática deve acontecer todos os dias por meio das redes sociais, de iniciativas de aproximação junto a determinados públicos e de ações afirmativas que tragam para as discussões representantes das comunidades, da academia, dos consumidores, dos investidores e de especialistas em temas relacionados ao impacto do negócio, entre outros. Seu direcionamento e validação será sempre balizador.

O segundo aspecto de uma comunicação que tem como base o desenvolvimento sustentável é a transparência. Somente com mensagens claras, baseadas em dados concretos e que mostrem o quadro geral é possível estabelecer uma relação de confiança com toda a sociedade. Este é, inclusive, o antídoto para os cada vez mais recorrentes washings – tema do próximo artigo a ser publicado neste espaço.

Autor: 301