Você pode trabalhar em casa ou no escritório, ser um funcionário temporário ou líder de time. Basta ser humano para saber como o esgotamento emocional afeta a rotina. Quando falamos sobre cansaço mental e stress no dia-a-dia, é provável que as pessoas ao seu redor tenham uma opinião formada e, consequentemente, já se lembrem da doença da década, o burnout.
Estamos em setembro, mês que destaca a importância da saúde mental e que traz ações de conscientização sobre o valor da vida. Segundo levantamento da International Stress Management Association (Isma), o Brasil é o segundo colocado no número de casos de burnout. Estamos à frente de países como Estados Unidos e Alemanha, e atrás apenas do Japão, que registrou o patamar de 80% da população atingida pela doença.
Os estudos e pesquisas sobre o distúrbio vêm crescendo a cada ano e, dentre as conclusões, observamos que o impacto de picos de esgotamento de colaboradores que trabalham em companhias de todos os tamanhos ao redor do mundo é reflexo, em muitos casos, da má conduta da liderança e de uma cultura organizacional entrópica. Ou seja, ambientes onde há elevado grau de frustração e desprendimento de energia em torno da burocracia, hierarquia, foco no curto prazo ou controle, estão suscetíveis ao maior número de casos.
Resultados demonstram que, nessas condições, um elevado percentual dos funcionários se sente desamparado e não consegue lidar com situações de stress, o que leva ao esgotamento. E, conforme a McKinsey, 70% dos profissionais acreditam que não há esforço suficiente por parte dos empregadores na prevenção e alívio do stress.
Mas afinal, como reverter essa situação e proporcionar uma boa qualidade de vida no meio corporativo?
Um dos pontos de partida é diferenciar as pessoas dos recursos. As pessoas possuem necessidades e desejos, são imperfeitas e mantêm a sua individualidade. Quando o líder trabalha com empatia, desenvolve a sua própria inteligência emocional e, também, a do time, se estabelece um ambiente de apoio e de uma vontade genuína de auxiliar o outro. A empatia, portanto, é fundamental para um convívio equilibrado e energizante.
Além disso, é preciso entender o fator que motiva os profissionais. No caso de atividades repetitivas, é possível estimular por meio de prêmios ou recompensas externas, mas quando a intenção é criar uma conexão com pessoas que exercitam a criatividade em suas tarefas, o líder inspirador obtém melhores resultados, obtendo aumento de produtividade e manutenção do bem-estar da equipe.
Outro ponto essencial é o alinhamento das expectativas entre o líder e seus liderados. Firmar combinados claros do que esperar do trabalho em conjunto, do comportamento, conduta e dos resultados almejados, diminuem a ansiedade e promovem segurança no estabelecimento de prioridades. Com essa priorização, é possível evitar a sobrecarga de trabalho, uma das principais causas do burnout.
Saber motivar a partir do reconhecimento diário e dar autonomia também estimula uma entrega mais qualificada por parte dos profissionais. Para isso, é preciso fortalecer o elo de confiança entre líderes e liderados e, assim, delegar e empoderar o time de forma autêntica. É quando a escuta ativa, a comunicação aberta e intencional tem papéis fundamentais no fortalecimento da confiança do time.
O exemplo vem do líder
É preciso ter consciência que pessoas em cargos de liderança são observadas e, em sua maioria, seguidas pelos seus subordinados.
Os líderes que cuidam do equilíbrio entre a esfera profissional e pessoal influenciam o mesmo comportamento em suas equipes. Em contraponto, aqueles que agendam reuniões fora de horário ou escrevem e-mails no meio da madrugada, incentivam a mesma atitude entre os subordinados. Por isso, é papel da liderança transparecer a importância de cuidar de si e de seu tempo livre.
E por falar em tempo, a gestão do tempo é fator determinante para se distanciar do burnout. Estabelecer práticas eficazes como a definição de tarefas, dos limites de horário e o estabelecimento das prioridades diminuem o stress e estimulam o comprometimento. Respeitar o outro e ter empatia é essencial nesse processo.
Essa jornada envolve compreensão, apoio e ação resiliente. Assim, não somente os líderes saem fortalecidos, como também constroem equipes e organizações mais fortes, flexíveis e capazes de enfrentar os desafios com empatia e foco no resultado.
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