Anualmente, o Brasil celebra, em 25 de outubro, o Dia da Democracia, data que nos convida a refletir sobre os significados atribuídos à democracia enquanto regime político. Fundamental à constituição de uma nação que reivindica a pluralidade de pensamento, diversidade cultural, liberdade política e garantia dos direitos individuais, a democracia, no decorrer da experiência republicana brasileira, vivenciou episódios de crises e renovações. Nesse sentido, celebrá-la é um gesto de reconhecimento da sua importância como um modelo que nutre valores que combatem todas as formas de desigualdade.
A celebração de datas comemorativas nos incentiva a pensar sobre as implicações sociais do ato de lembrar e rememorar em nações culturalmente diversas, como é o caso do Brasil. Nesse contexto, é relevante indagar as razões que mobilizam a consolidação dos lugares de memória como canais fundamentais para a edificação de memórias coletivas e individuais de uma determinada nação. Estudiosos de diversas nacionalidades têm se dedicado intensamente ao estudo das memórias, em especial das coletivas – sejam elas públicas ou privadas –, reconhecendo a relevância que desempenham na composição das identidades nacionais e individuais. Na esfera privada, são notáveis as celebrações de casamentos, aniversários e nascimentos. De modo similar, no âmbito público, percebe-se a celebração de datas que remetem a eventos historicamente relevantes, como o Dia da Independência, situações de fundações de cidades e fenômenos sociais.
Nossas lembranças são amplificadas por meio das narrativas coletivas, especialmente aquelas que são reforçadas pelas celebrações públicas que marcam nossa história compartilhada. No entanto, a memória vai além de simplesmente recordar representações de eventos passados; ela desempenha um papel dinâmico na construção de projetos que orientam o futuro. Através das narrativas coletivas e das comemorações, as sociedades não apenas preservam suas tradições e experiências, mas também traçam um caminho em direção ao que desejam se tornar. Dessa forma, ao analisarmos a trajetória democrática desde a consolidação da república no Brasil, torna-se imperativo celebrar a democracia, haja visto as conquistas garantidas e consolidadas com a Constituição Brasileira de 1988, marco da redemocratização.
No Brasil, a democracia assegura que todos tenham direito à liberdade de expressão, igualdade perante a lei, liberdade de imprensa e participação ativa no processo político. Por meio de eleições regulares e sistemas de representação, a democracia rejeita o autoritarismo, a exclusão e todas as formas de preconceito, permitindo que a sociedade democrática se desenvolva em um ambiente de tolerância e respeito às leis.
Isto posto, a celebração desta data serve como um significativo lugar de memória para reforçar nosso compromisso com esses princípios essenciais, que sustentam o alicerce de uma sociedade plenamente democrática que rejeita os abusos políticos e autoritários similares à experiência totalitária que acometeu a Europa no século passado. Além disso, o Dia da Democracia desempenha um papel crucial na promoção da conscientização cívica, estimulando a participação ativa na vida política e social. Ao fazê-lo, ele conscientiza os cidadãos a assumirem sua responsabilidade na preservação dos princípios democráticos, construindo, desta forma, uma sociedade autônoma para tomar decisões acerca de seu próprio destino.
A experiência democrática que desfrutamos hoje é resultado dos sacrifícios e das lutas de personagens do passado. Celebrar o Dia da Democracia não apenas nos faz relembrar os traumas de uma experiência autoritária não tão distante, mas também nos oferece a oportunidade de unir esforços na consolidação de um modelo de sociedade que rejeita qualquer forma de exclusão. Portanto, o Dia da Democracia é um lembrete constante de que a luta por um mundo mais justo e igualitário é uma responsabilidade de todos, e a democracia é o caminho que nos permite alcançar esse objetivo comum.
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