Ao longo dos últimos dois séculos, a relação da humanidade com o meio ambiente tem sido marcada por uma trajetória alarmante de degradação e exploração insustentável. Desde a Revolução Industrial, a aceleração do uso de combustíveis fósseis para alimentar fábricas, máquinas e veículos tem elevado as emissões de gases de efeito estufa a níveis sem precedentes, levando ao aquecimento global e a mudanças climáticas drásticas.
Florestas inteiras, vitais para o equilíbrio do oxigênio e carbono no planeta, têm sido dizimadas para dar lugar à agricultura e urbanização, como evidenciado pela redução de mais de 50% das florestas tropicais originais do mundo, de acordo com o World Wildlife Fund (WWF).
Os oceanos também não foram poupados. A acidificação causada pelo aumento do CO² atmosférico e a grande mancha de lixo do Pacífico, uma área de detritos marinhos plásticos duas vezes maior que o Texas, destacou a crise da poluição plástica.
Além disso, a exploração excessiva de recursos naturais levou ao extermínio de inúmeros animais ao redor do mundo. Atualmente, mais de 37.400 espécies estão ameaçadas de extinção segundo relatórios da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
Este colapso da biodiversidade não só compromete a resiliência dos ecossistemas, mas ameaça a segurança alimentar, a saúde humana e a estabilidade econômica global. Os exemplos são chocantes e revelam uma verdade inconveniente: a crise ambiental é um reflexo direto das ações humanas.
A situação é ainda mais agravada pela crise hídrica, onde a sobreutilização e poluição das fontes de água doce tornaram a escassez de água uma realidade em muitas partes do mundo, afetando mais de 2 bilhões de pessoas, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
As evidências são claras e estarrecedoras, ilustrando a urgente necessidade de reavaliarmos nossas práticas e adotarmos medidas sustentáveis para garantir a sobrevivência de nosso planeta e das futuras gerações.
A meu ver, um primeiro passo pode ser olharmos para a otimização de cadeias de suprimentos globais como ferramenta para redução do impacto da civilização moderna no meio ambiente, avaliando dois aspectos, o “reativo” e o “proativo”.
Desde os primórdios da revolução industrial vivemos um processo de automação, onde ações repetitivas são executadas com maior eficiência e precisão por máquinas e computadores. Apesar de carros autônomos, na maioria das cidades, continuarem sendo uma curiosidade no noticiário, podemos encontrá-los com mais frequência em parques industriais. Armazéns estão cada vez mais automatizados com robôs que também executam tarefas antes exclusivas para seres humanos.
Porém, até o início da era da completa automação ainda dependeremos de pessoas para executar tarefas na cadeia de suprimentos e logística. Para que essas atividades se tornem mais sustentáveis é fundamental que a IA (Inteligência Artificial) esteja disponível ou “reativa” a solicitações, como um super consultor e especialista que nos ajuda a tomar as melhores decisões diariamente.
Poderíamos resumir grandes conflitos com frases como: “IA, me encontre todos os veículos que estão poluindo acima do padrão estabelecido pela empresa” ou “IA, organize todas as coletas, entregas, veículos e motoristas considerando o mínimo de emissões”.
Um veículo otimizado polui até 30% a menos. Imagine: é como reduzir a frota de veículos em um terço. Uma frota que usufrui de algoritmos precisa de 20% a menos de veículos para realizar os mesmos trabalhos dentro dos mesmos critérios pré-estabelecidos comparado a organização manual.
Em segundo lugar temos o “proativo”. A gestão da cadeia de suprimentos passa a ser de responsabilidade primária da IA. Não se trata de um processo que acontecerá de um dia para o outro, mas é impossível ignorar a tendência e o fato de que a tecnologia está disponível.
Imagine uma operação que envolve caminhões que enviam químicos perigosos. Um dos centenas de motoristas, em um dado dia e local, mostra sinais de fadiga que por sua vez são captados pela IA. Esta soa um alarme no veículo para literalmente acordar o indivíduo, roteiriza-o para a parada mais próxima, bloqueia o automóvel por segurança, avisa o “safety officer” e por fim encontra outro funcionário substituto. O meio-ambiente foi poupado de um desastre ambiental que poderia poluir fontes de água potável, iniciar incêndios, entre outros vários possíveis cenários.
Temos uma obrigação moral com nossos filhos e netos de deixar um planeta sustentável para a vida humana. O meio pelo qual produtos e serviços são entregues e em sequência voltam para reciclagem é uma passagem fundamental neste labirinto que é a reconstrução do meio ambiente. Da mesma forma que desenvolvemos como sociedade a consciência da importância da geração de energia sustentável, temos a obrigação de exigir cadeias de suprimentos mais inteligentes.
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