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Da publicidade ao serviço público

“Quando patrocinamos relatórios e estudos, a geração de mídia espontânea e o interesse por dados do setor geram um resultado que dificilmente teríamos com a propaganda tradicional”

Felipe Held, da Konduto

Com a retração da mídia e as lamentáveis ondas de demissões, passar mais tempo escrevendo para blogs e publicações corporativas, com trabalhos cada vez mais raros para empresas editoriais, já é realidade para boa parte dos redatores e produtores de conteúdo. Hoje essa correlação também se aplica ao tempo de leitura, com a disponibilidade de blogs mais ricos em informação do que muitas publicações jornalísticas.

Felipe Held, gerente de marketing da Konduto, um provedor de serviços de prevenção a fraudes, combina sua experiência em jornalismo de portais com um conteúdo altamente aprofundado no blog, que funcionou como eixo da aproximação de clientes. “O conteúdo é o ponto forte, até por se tratar de um produto muito específico, que ninguém troca de um dia para o outro. Quando chegamos ao mercado, já havia um competidor dominante e não tínhamos como enfrentá-lo com investimentos em publicidade ou eventos”, conta. Ele reconhece que a dinâmica do segmento em que atua – em que as transformações são rápidas e envolvem temores e incertezas entre os clientes – faz da prestação de serviços de informação um diferencial com maior peso. “Quando patrocinamos relatórios e estudos, a geração de mídia espontânea e o interesse por dados do setor geram um resultado que dificilmente teríamos com a propaganda tradicional”, constata.

O estilo bem-humorado do blog da Konduto, segundo Felipe, não contrasta com o conteúdo tecnicamente pesado. “É a linguagem que percebemos no mercado. Nosso interlocutor tem uma grande responsabilidade corporativa, o que não quer dizer necessariamente que seja o estereótipo do executivo. Conversamos com engenheiros, empreendedores de e-commerce e pessoas que queiram falar mais objetivamente sobre fraudes, que já é um tema estressante por si só”, explica. Ele observa que a narrativa mais leve só é possível a partir de uma grande empatia com o leitor, o que exige uma especialização maior do produtor do conteúdo. “Testamos uma agência de conteúdo, mas seu foco estava na geração de tráfego, e não em atingir as pessoas que queríamos. Para isso, precisamos de algo mais artesanal, que fale diretamente com quem vive o tema”, conta.

A First Tech tem acordos com os principais fabricantes em seu segmento, mas desde os anos 1990 tem sua rentabilidade sustentada em serviços. Ainda assim, já contou muito com o material editorial técnico dos fabricantes. Isso ainda é importante, mas se mostrou insuficiente. “Recebemos um cliente, que já tinha relacionamento em vários projetos, que se surpreendeu quando viu que atuávamos em outra área em que ele tinha demandas”, conta Bruna de Priori, analista de marketing. “Tínhamos enviado material sobre os produtos, que virou ‘uma promoção a mais’ na caixa postal. Começamos a aplicar à produção de conteúdo o mesmo princípio de nossa atuação comercial: dizer o que é relevante ao negócio; antecipar os problemas para propor as soluções para cada caso”.

Como exemplo dessa estratégia, desde 2014 a First Tech colocou como eixo a preparação dos clientes para o GDPR (Regulamento Geral de Proteção de Dados, vigente na União Europeia desde 2018) e a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), com eventos presenciais, webnars e um fluxo contínuo de informações atualizadas. Um mesmo jornalista, contratado diretamente pela empresa, acompanha o assunto durante todo esse período, tanto com a função de criar conteúdo para o público externo quanto para consumo interno, ou seja, levar para dentro dos grupos de trabalho a percepção externa do mercado.

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