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O desafio da comunicação. De geração para geração

Confira o artigo assinado por Marlon Muraro, professor da graduação em Publicidade e nos cursos de Marketing de Conteúdo e Marketing e Comunicação Integrada da Universidade Presbiteriana Mackenzie, no qual o autor discorre sobre os diversos fatores que podem causar os chamados “ruídos” na comunicação, mas principalmente, o fator geracional, que provoca o distanciamento cognitivo

"Comunicação não é o que se diz; mas o que se compreende."

Essa frase é célebre entre estudantes e profissionais de Comunicação. Repetida exaustivamente em salas de aula, agências de comunicação e espaços de Marketing e Growth. Contudo, se todos a conhecem, por que a comunicação ainda gera tantos ruídos?

Diversos fatores podem contribuir nesse sentido: diferentes formações intelectuais (níveis distintos de estudo e saberes), o linguajar e vocabulário específicos de cada profissão, o uso de variações linguísticas (comuns em um país de proporções imensas como o nosso) e as significativas diferenças entre linguagem oral e escrita, entre tantas possibilidades. No entanto, uma questão central que vale a pena abordar aqui é o distanciamento cognitivo e de percepção geracional.

Considerando as gerações formalmente estudadas até o momento – “baby boomers (1940/59)”, “geração X (60/79)”, “millennials” ou “geração Y (80/94)”, “geração Z (95/2010)” e “geração Alpha (nascidos a partir de 2010, cujos estudos ainda ocorrem)” –, é possível visualizar o desafio de alguém que precisa dialogar com pais baby boomers, pertencendo à geração X, casado com uma mulher Y, trabalhando em sala de aula ou no mercado de publicidade com a geração Z, e que acaba de ser pai de uma filha da geração Alpha.

O que resta fazer? Orar. Sim, porque serão necessários oração e pensamento positivo e boa vontade para se fazer compreender por todos esses públicos de gerações tão distintas. Isso requer uma compreensão do todo muito maior do que apenas a soma das partes.

Se eu quero me fazer compreender junto a todos os meus públicos, cabe a mim modular, adequar e modificar a comunicação que emito; se o outro não entende, o problema é meu.

Esse ônus da emissão da comunicação precisa ser assumido de uma vez por todas. Em nenhuma situação, pessoal ou profissional, podemos colocar no outro a incapacidade de nos compreender; se isso ocorreu, temos que encontrar outra maneira, outras palavras, outras construções linguísticas que nos permitam ser bem compreendidos.

Pensando em Publicidade, isso sempre foi um grande desafio.

As marcas sabem que seus públicos são amplos e o conceito singular de persona não é utilizado por acaso ou capricho; é pura necessidade. Sem saber para quem ou com quem falamos, temos muito mais chances de não sermos compreendidos por ninguém.

Neste exato momento o que mais se discute é a economia prateada e o aumento significativo da população 50+. As marcas estão preparadas para se comunicar com este público que aumenta em tamanho e poder a cada ano?

Pensando em sala de aula, esse desafio é diário.

Professores que, ao iniciarem suas vidas acadêmicas, tinham 15 ou 20 anos de diferença para suas primeiras turmas (faço referência aqui ao universo da graduação), hoje percebem essa diferença aumentar para 30 ou 35. Não são apenas mais anos que os separam; são gerações.

Tanto na Publicidade quanto em sala de aula, profissionais e professores que não perceberem estas mudanças e suas implicações, terão muita dificuldade em se fazer compreender. No primeiro caso (Publicidade), isso levará marcas a se desconectarem de seus públicos; no mundo acadêmico, criará situações em que professores fingem que dão aula e alunos fingem prestar atenção e compreender. Em ambos os casos, a relação é do tipo perde-perde.

Portanto, se as pessoas não estão entendendo o que você diz, faz, pede ou escreve, mude. Não porque haja certo ou errado; apenas porque cabe ao emissor o ônus de se fazer compreender.

Simples assim. Mas quem disse que o simples é sinônimo de fácil?

Autor: 361