Por Thaissa Alvarenga
29 de Novembro de 2024 | 08h00
Nos tempos atuais, a informação é uma força vital que impulsiona o progresso, o conhecimento e a tomada de decisões. No entanto, para que a informação verdadeiramente transforme vidas e sociedades, é essencial que esteja acessível a todos, independentemente de sua localização geográfica, nível socioeconômico, ou capacidades físicas e cognitivas. Nesse contexto, os meios de comunicação desempenham um papel crucial na democratização do acesso à informação, tornando-a disponível e compreensível para um público diversificado.
Isso porque eles adaptam a linguagem, os formatos e os canais de distribuição para atender às necessidades de pessoas com deficiências física, visuais, auditivas, sensorial, mental e cognitivas, uma vez que eles somam 18,6 milhões de pessoas no Brasil (PNAD 2022). Algumas legislações têm impulsionado estes avanços, mas é preciso fazer mais! A partir do momento que as pessoas se comunicam de forma eficiente, a informação quebra as barreiras da inclusão, fazendo com que elas passem a contribuir com a comunidade e de se sentirem parte dela.
Existem muitos tipos de estratégias de acessibilizar a comunicação, como o uso de linguagem clara, simples e concisa; de imagens e vídeos, com as devidas descrições e legendas; com formatos de texto alternativos, como braile ou áudio; e até o uso de tecnologias de acessibilidade, como leitores de tela ou teclados virtuais. Em uma era em que a tecnologia está cada vez mais integrada às nossas vidas, os meios de comunicação desempenham um papel multifacetado na disseminação da informação.
Com apenas alguns cliques, qualquer um de qualquer parte do mundo pode saber o que acontece na história. Isso não apenas amplia o acesso à informação, mas também permite que indivíduos de diferentes origens culturais e linguísticas tenham voz e participem do diálogo de forma global. Mas essa busca por igualdade não deve se restringir apenas ao gênero, raça ou língua, e sim ampliar os horizontes para que as pessoas com necessidades especiais tenham o poder da autonomia.
Essas pessoas também anseiam por qualidade de vida, direito de exercer a sua cidadania, de trabalhar e terem suas próprias vidas, estando aptas a viverem sozinhas e da melhor forma possível. Essa independência auxilia tanto a pessoa com deficiência quanto a família e a sociedade de forma geral. Portanto, a comunicação acessível é importante para garantir a participação plena e efetiva das pessoas com deficiência na sociedade - a sua falta caracteriza uma exclusão social e discriminação, impedindo que elas exerçam seus direitos e deveres como cidadãos.
Além disso, os meios de comunicação desempenham um papel fundamental na promoção da diversidade e da inclusão, ao oferecer plataformas para vozes marginalizadas e comunidades sub-representadas. Através de reportagens, documentários e programas especiais, os meios de comunicação podem destacar questões sociais importantes, desafiar estereótipos e promover uma compreensão mais ampla e empática da diversidade humana.
Vale lembrar que, na história, temos e tivemos diversas personalidades importantes, de grande impacto na Ciência e nas Artes. Stephen Hawking, pessoa com deficiência com uma doença neurológica, foi um dos mais recentes e brilhantes estudiosos de nossa época; Hellen Keller era deficiente auditiva e visual e trouxe contribuições significativas como autora, palestrante e ativista política, viajando por mais de 30 países; na série de TV “Breaking Bad”, R.J. Mittle, provou que a paralisia cerebral não é um impeditivo para ser um bom ator; e Jamie Brewer, a primeira mulher com Síndrome de Down a desfilar na passarela da New York Fashion Week.
A presença de pessoas com deficiências como protagonistas ou figuras relevantes em programas de TV e canais online mostra que pessoas com deficiência são capazes de desempenhar uma variedade de papéis e alcançar sucesso em diferentes áreas. Isso desafia estereótipos e preconceitos enraizados na sociedade, além da identificação que é um aspecto fundamental na questão. Quando os espectadores com deficiência veem pessoas como eles sendo representadas de forma autêntica e positiva na mídia, isso pode gerar um senso de pertencimento e validação. Pode ajudá-los a se sentirem mais aceitas e compreendidas pela sociedade em geral, além de aumentar sua autoestima e confiança.
Em última análise, a acessibilidade da informação e dos meios de comunicação e disseminação da cultura são essenciais para o desenvolvimento de sociedades informadas, engajadas e inclusivas. No entanto, é importante que continuemos a promover políticas e práticas que garantam a acessibilidade e a diversidade nos meios de comunicação, a fim de construir um mundo onde todos tenham a oportunidade de participar plenamente do intercâmbio de informações e ideias.
Thaissa Alvarenga
Thaissa Alvarenga é fundadora da ONG Nosso Olhar.