Inclusão avança, mas ainda há muito a ser feito

Por Bruna Nunes

12 de Julho de 2022 | 12h00

Divulgação

Nate Cavalcanti, editor de Diversidade, Equidade e Inclusão e líder do grupo de Pride da Nielsen Brasil.

A Nielsen, companhia global de medição de audiência, dados e análises, apresentou dados inéditos da pesquisa Comunidade LGBT+: o que está em foco?. Realizado entre os dias 3 de fevereiro e 10 de abril deste ano, com uso de questionário online para 602 pessoas de todo o país, sendo 50% dos entrevistados membros da comunidade LGBT+, o levantamento analisou influenciadores, serviços de streaming, redes sociais, mídia, entre outros segmentos. Além disso, a pesquisa divulgou os comportamentos de consumo, presença no ambiente online e opinião sobre representatividade em propagandas, fazendo um comparativo entre a comunidade e a população em geral.

O nível de confiança no futuro da comunidade não ser alto é emblemático. Precisamos fugir de campanhas pontuais, pois a inclusão acontecerá de verdade quando as empresas distribuírem este tema em todos os dias do ano e em todas as áreas, não apenas na parte criativa de como uma marca se comunica com a audiência”, contextualiza Sabrina Balhes, Líder de Measurement da Nielsen Brasil.

Em sua segunda edição, o estudo, apresentado em webinar no Mês do Orgulho LGBTQIA+, tem como objetivo estimular a diversidade, apontando a situação atual e próximos passos rumo à inclusão, além de revelar hábitos de consumo de mídia da comunidade e da população em geral. Por meio de insights exclusivos, a pesquisa retrata as tendências deste grupo em diversas frentes, o que permite orientar as estratégias de mercado das empresas e influenciadores no sentido de fomentar uma sociedade mais inclusiva e representativa.

Para Nate Cavalcanti, editor de Diversidade, Equidade e Inclusão e líder do grupo de Pride da Nielsen Brasil, a comunidade LGBT+ deve ser lembrada e respeitada ao longo de todo o ano. “Para nos sentirmos representados, é necessário mais do que uma propaganda no mês de junho. Precisamos de ação estrutural e representatividade que realmente tenha um impacto social positivo para as pessoas da comunidade. Queremos ter empregos, oportunidades e que nossas identidades sejam respeitadas no local de trabalho”, afirma.

O estudo revelou que o fenômeno do mercado de influência, que cada vez ganha mais força, é ainda mais presente na comunidade LGBT+. Seus membros passam, em média, 3 horas por semana acompanhando influenciadores e 82% consideram que a opinião deles gera impacto para marcas e produtos. A atuação dos influencers também foi mencionada como o tipo de publicidade mais inclusiva, com 33% da preferência. Segundo o levantamento, o diferencial dos influenciadores é o compromisso social e a plataforma para começar a conexão com eles é o Instagram.

Além disso, os serviços de streaming são considerados o tipo de mídia mais inclusivo e diverso, com um recente aumento no número de conteúdos direcionados para comunidade LGBT+. Filmes assistidos em streaming foram apontados como muito inclusivos para 40%, enquanto 14% pensam o contrário. Este grupo consome, em média, 10 horas por semana destes conteúdos, revelando o alto consumo da comunidade por estes serviços. Apesar dos avanços na inclusão, a base de dados da Nielsen mostra que apenas mil entre 817 mil títulos possuem temas relacionados à comunidade.

Pessoas transgênero e não-binárias são as identidades que a comunidade acredita que são as menos incluídas em publicidade e conteúdo veiculado em diferentes mídias (TV, plataforma de streaming, rádio), sendo que 50% avalia a publicidade como nada inclusiva para as pessoas transgênero e 52% para não-binários. Em contraste, apenas 15% da comunidade pensa o oposto. Além disso, 53% da população em geral não se comove com a forma com que o público LGBT+ é abordado nos anúncios.

O estudo apontou ainda que a falta de inclusão em publicidade de marcas leva a comunidade a se apegar menos ao produto e mais à mensagem. De acordo com o levantamento, os consumidores acreditam três vezes mais que a população em geral nesta premissa (22% contra 7%). Enquanto 64% da população em geral acha que o produto e a mensagem foram relevantes, apenas 49% do público LGBT+ pensa da mesma forma. Os dados expõem também que 50% dos entrevistados da comunidade estão incertos sobre serem inseridos no futuro em propagandas e conteúdos de marca, apesar de 61% terem respondido que se sentem um pouco mais incluídos.