Responsabilidade Social atrelada ao ESG

Por Larissa Sugiyama

01 de Setembro de 2023 | 15h00

Divulgação

Da esq. para dir.: Estevam Pereira, Daniela Kraemer, Mariana Scalzo (telão) e Pâmela Vaiano estiveram presentes na 26ª edição do Congresso Mega Brasil

Nos últimos anos, empresas de todos os setores têm se preocupado em incluir em suas pautas de prioridades, ações e iniciativas que estejam relacionadas à sustentabilidade empresarial alinhados ao conceito ESG (sigla em inglês para Environmental, Social and Governance). Em outras palavras, as corporações vêm incorporando fatores ambientais, sociais, econômicos e de governança corporativa nas tomadas de decisões.

Quando se fala em ESG, se fala de uma análise socioambiental como parte integrante da governança da empresa, ao passo que, quando se fala em responsabilidade social corporativa, refere-se às iniciativas adotadas pela companhia em prol do desenvolvimento sustentável, por meio de ações consideradas éticas por todas as partes envolvidas. Portanto, são dois termos independentes, porém, interconectados.

Diversas empresas e profissionais têm divulgado intensamente medidas e compromissos adotados relacionados ao ESG. Porém, é preciso salientar que existe ainda, por parte de algumas corporações, uma dificuldade de compreensão sobre o que realmente pode ser considerado como ESG, o que, à longo prazo, pode acarretar um efeito negativo para tais companhias, uma vez que a sociedade tome consciência acerca dos reais impactos relevantes de suas operações.

De acordo com o relatório “I’entreprise full RSE, de la prospective à la pratique, la vision des professionels”, coordenado pelo I’Institut de I’Entreprise, la Fondation Nationale pour I’Enseigment de la Gestion des Entreprises (FNEGE) e pela PwC France, a empresa do futuro – denominada “Full RSC” – deverá desenvolver a sua estratégia na criação de valor para a sociedade, e não para os acionistas, além de também avaliar a sua contribuição global para o desenvolvimento sustentável, e não apenas em âmbito local. Ou seja, as empresas deverão “provar” a sua utilidade.

O estudo também aponta que as funções relacionadas à responsabilidade social corporativa precisam estar atreladas às várias vertentes das empresas, como RH, Marketing, Finanças, Comunicação, Cadeia de Suprimentos, Compras, Administração e Direção.

Como se vê, o ESG está em plena evidência atualmente, porém, nem sempre as empresas sabem realmente como aplicar suas questões da maneira correta. O ideal é que elas amadureçam as suas culturas e suas estratégias organizacionais o quanto antes.

E qual o papel da Comunicação nisso tudo? Tendo essa pergunta como ponto de partida, a 26ª edição do Congresso Mega Brasil de Comunicação, Inovação e Estratégias Corporativas de 2023 propôs um painel dedicado exclusivamente ao debate da questão. Sob o tema “ESG e Responsabilidade Social”, o segundo painel do último dia de evento (01) pretende discutiu como a Comunicação tem atuado na consolidação dos princípios da Agenda ESG para empresas e sociedade.

E para falar sobre o tema, o painel contou com as presenças de Pâmela Vaiano, Superintendente de Comunicação Corporativa do Itaú Unibanco; Mariana Scalzo, Diretora de Comunicação Corporativa na Divisão Brasil da Arcos Dorados; e Daniela Kraemer, Head de ESG da General Motors América do Sul. A mediação ficou à cargo de Estevam Pereira, sócio-fundador do Grupo report.

Abrindo as apresentações do painel, Pâmela Vaiano, do Itaú, começou falando sobre a Comunicação ESG no Itaú. Antes de tudo, a executiva fez questão de frisar que, quando se fala em ESG, principalmente no segmento corporativo em que ela atua – no caso, instituição financeira – ela nem sempre é a mesma em todos os lugares. Trata-se de uma agenda discutida globalmente, mas, ao mesmo tempo, com olhares diferentes para cada país. “A nossa Agenda ESG precisa passar por todos os segmentos do banco, ter essa transição, porque cada indústria está em um nível de maturidade diferente”, disse.

Para Pâmela, o papel da Comunicação nisso tudo é simplificar a jornada ESG para diversos stakeholders, fortalecendo a reputação e ampliando o reconhecimento da empresa como agente e indutor de transformações que impactam positivamente o planeta e a vida das pessoas. “Nós da Comunicação temos o papel, tanto de termômetro e acolhedor para dentro do negócio, do momento de transição, quanto de apoiá-los”, afirmou.

Durante sua apresentação, a executiva também abordou a questão do “Greenwashing” e do “Anti-Woke”, alertando para a questão de que, muitas vezes, querendo fortalecer a reputação e a presença de mercado da empresa, os comunicadores acabam cometendo greenwashing.

Trazendo para dentro do Itaú, Pâmela apresentou os pilares nos quais as siglas ESG se apoiam para uma melhor estratégia de negócios. As estratégias ESG da companhia giram em torno de: cidadania financeira; inclusão e empreendedorismo; financiamento em setores de impacto; investimento responsável; transparência nas comunicações; gestão inclusiva e responsável; investimento social privado; Amazônia; e ética nas relações e nos negócios.

Por fim, ela encerrou sua participação ilustrando o grau de afinidade que cada pessoa tem com relação à pauta ESG. No caso, os “Experts”, os “Simpatizantes” e os “Confusos”, que, infelizmente, são a maioria na pesquisa (60%).

Para a gente lidar com a sociedade, que é de maioria confusa, ou mais ou menos simpatizante, como a gente traduz a Agenda ESG para eles? Como fazer com que eles, como nossos clientes, entendam que também estão sendo impactados pela Agenda ESG?”, questionou a executiva, finalizando a sua apresentação e afirmando que, tendo isso em vista, temos aí pela frente um longo caminho.

Logo após a apresentação de Pâmela, a palavra foi passada à Mariana Scalzo, do McDonald’s, que, por motivos de compromisso de trabalho, participou do painel de modo remoto.

Ao falar sobre a Comunicação e o ESG da Arcos Dorados – operação que está por trás da grande marca do McDonald’s no Brasil e nos países da América Latina – o primeiro desafio que a executiva diz enfrentar é a questão da desmistificação em torno da indústria do Fast Food. “Eu venho de uma indústria que tem a missão de desmistificar a ideia de que, por ser do ramo que é, não é sustentável, não pensa no ESG. Mas isso não é verdade”, disse.

Tanto não é verdade que, ao longo de sua apresentação, Mariana trouxe para o público diversos exemplos de ações e iniciativas que contribuem para o fortalecimento da Agenda ESG, uma vez que, segundo ela, “o crescimento do nosso negócio deve ser acompanhado pelo crescimento do impacto positivo”.

A missão da Arcos Dorados é tornar visível o que é invisível aos olhos dos seus consumidores”, ressaltou Mariana. E não precisa ir muito longe para encontrar ações, como por exemplo, o fato dos restaurantes incentivarem o descarte correto das embalagens do McDonald’s.

E para tornar tudo isso visível aos olhos do público, a Arcos Dorados investe profundo em questões relacionadas à mudanças climáticas; abastecimento sustentável de carne livre de desmatamento; economia circular; emprego jovem; família e bem-estar; diversidade e inclusão. E mais do que isso, ela investe em pessoas, afinal, quem melhor do que os colaboradores da empresa para transmitirem seus valores?

Cada funcionário meu é um porta-voz dos valores e crenças da empresas para os nossos clientes. E essas ações valem mais do que qualquer vídeo institucional ou ação. São iniciativas do dia-a-dia, pautadas por muita ética, muita transparência e trabalho duro”, finalizou Mariana.

Fechando o ciclo de participações, Daniela, da General Motors, trouxe para o público um pouco sobre como a GM tem atuado nas questões ESG.

A executiva abriu a apresentação falando sobre a nova política ESG da companhia, intitulada “ZERO acidente. ZERO emissão. ZERO congestionamento” – que se traduz no desejo da companhia de se tornar a mais diversa, inclusiva, ética e sustentável, uma vez que é a grande visão da GM.

ESG é o grande guarda-chuva do nosso negócio. É ele que pauta todos os nossos negócios na companhia. A nossa Comunicação, as nossas ações precisam ser pautadas nisso. Não adianta só falar, sem, de fato, fazer”, afirmou a executiva.

A GM tem estratégias de atuação definidas para os três pilares do ESG e, é com base nelas, que traça suas estratégias de atuação no mercado.

Para o pilar de “Environmental”, tem-se: gestão de emissões de carbono; riscos climáticos; eficiência hídrica e energética; controle da biodiversidade; e gestão de resíduos. Para o pilar de “Social”, tem-se: direitos humanos; diversidade, equidade e inclusão; saúde, bem-estar e segurança do colaborador; satisfação do cliente; relação com fornecedores; relação e desenvolvimento da comunidade. Por fim, para o pilar de “Governance”, tem-se: ética nos negócios; uso responsável dos dados; relações governamentais; parcerias estratégicas; compliance e canais de denúncia.

Encerrando sua participação, Daniela trouxe alguns exemplos de atuação da GM na Agenda ESG, entre eles, a “Cartilha Mitos e Verdades da eletrificação”, além das webséries “Carro elétrico sem dúvida” e “Desmistificando carros elétricos”.

A Agenda ESG é a grande visão da companhia. Mas a gente acredita que só iremos atingir essa visão se almejarmos ser uma empresa diversa, inclusiva, ética e sustentável”, finalizou Daniela.

A 26ª edição do Congresso Mega Brasil tem como tema central “A comunicação e o legado que as corporações deixam para o futuro do planeta e das novas gerações”. O evento acontece nos dias 30 e 31 de agosto e 01 de setembro, na Unibes Cultural, em São Paulo.